Capítulo Dezessete

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ELENA ANDRADE 

Em algum momento da noite de terça-feira, eu tinha aceitado que seria impossível ficar longe de Rafael. Por isso, aceitei a queda e decidi que daqui para frente não reprimiria mais nada, deixaria as coisas rolarem entre a gente, sem pressão. 

O que eu não aceitava era ouvir piadinhas de Renan e Nabim às 07:30 da manhã, por causa do fofoqueiro do meu irmão. Eu esperava a vingança de Heitor, tudo isso porque chamei a namorada dele de abraçadora de árvores, só não imaginava que seria tão baixa. Enquanto levava Rafael para casa, o ridículo do meu irmão foi correndo contar sobre o jantar e para ajudar, Renan contou sobre o que aconteceu no laboratório. 

Assim que entrei no meu quarto, meio zonza dos últimos momentos no carro, me deparei com meu irmão com um sorriso de quem ia infernizar a minha vida. A promessa do seu sorriso foi cumprida com êxito. No café da manhã, ele fez questão de contar para mamãe e papai sobre segunda e ontem. Fui obrigada a ouvir um puta sermão sobre perder aula e ficar com pessoas nas dependências do colégio.

Heitor fez a sua jogada, aceitei o sermão quieta. Mas não deixaria passar. 

— Vê, Nabim, Elena foi acertada pela flecha do cupido. 

— Quase posso ver os coraçõezinhos nos seus olhos. 

É bom rirem agora, seus filhos da puta. Vai ter volta. 

— Tá bravinha, Elena de Tróia? — pergunta Renan, apertando as minhas bochechas e forçando um sorriso no meu rosto. 

Bato na sua mão, com força. 

— Para, porra! 

Os dois riram ainda mais com a minha resposta.  Fazendo as pessoas em volta olharem na nossa direção, porém, ao notarem a minha expressão fechada, passiva- agressiva, voltam-se para suas conversas. 

— Não seja chata, Elena. A gente só tá brincando. — Nabim fala, meio se desculpando, mas não deixa de rir. 

— Brincando, acredito — Renan e Nabim se deliciavam em poder fazer a minha vida amorosa de pauta. Ri mesmo, Renan. Deixa a Livia te dar mais um não e vamos ver quem vai estar rindo.

Renan parece saber o que estou pensando e seu riso morre. Mas como ele não podia perder a chance de me provocar, diz: 

— Olha lá, Elena, senão é o seu Paris. 

Estou virada de costas para a entrada, e mesmo não querendo dar a satisfação para Renan, me volto para a entrada, a tempo de ver Rafael passar pela catraca. Percebo que acatou meu pedido de ontem, os óculos emolduravam seu rosto. 

Nunca imaginei que me sentiria atraída por homem de óculos, mas ontem ao ver Rafael puxá-los da mochila e colocar no rosto. Senti um calor subir. Fiquei excitada por causa de um óculos. Ontem, quando pedi para usar mais vezes, não esperava que aceitasse a minha sugestão. 

Rafael me encara ao passar próximo da mesa que estamos sentados. Não consigo frear o sorriso de canto. Rafael, em contrapartida, cora um pouco. 

— Que fofo! Você fez o Paris corar, imagina como ele vai ficar quando te ver pelada. 

No exato momento que Renan fala isso, um garoto do sexto ano passa pela nossa mesa e derruba os livros que levava na mão. Quando olha para nós três e principalmente para mim suas bochechas ficam tão vermelhas, quase penso que vai explodir.

O menino começa a balbuciar desculpas apressadas, Nabim, querendo livrar o menino de maiores constrangimentos, pega os livros e entrega para o garoto. 

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now