Miss Nothing.

23- I'm Feel Like I'm Drowning.

Luke On...

O olhar no rosto de Ashley me fez lembrar que ela tinha preparado uma festa de noivado para mim, e ficado comigo nos últimos oito meses. Precisava resolver isso, mesmo que fosse doer em nós dois.

- Ashley... – tento me aproximar dela, mas ela me interrompe.

- Não, Luke – coloca a mão no meu peito, me afastando. – O que ela veio fazer aqui? – Havia desprezo em seu tom de voz.

- Eu não tenho ideia de como ela sabia, nem eu sabia. Mas ela veio pedir desculpas por ter ido embora – revelo para ela, vendo a dor em seus olhos.

- Logo hoje? Precisava ser logo hoje, Luke? – Sinto a mágoa em sua fala.

- Eu sinto muito, não entendi nada do que aconteceu também.

- O que você disse pra ela? A desculpou? – Ash cruza os braços, contida.

- Será que tem como nós irmos para outro lugar? Ou todos ainda estão aí? – Pergunto, não querendo fazer mais uma cena no jardim do meu melhor amigo.

- Ashton e sua mãe me ajudaram a mandar todos embora. Consegui deixar seus pais calmos também, falei para sua mãe ir com o carro dela e garanti que eu iria com você para casa pra que nós conversássemos, por isso vim aqui – ela suspira.

- Obrigado, não mereço que ainda tenha me ajudado – agradeço.

- Tudo bem, não queria que você fosse trancado no O Quarto por causa disso, todas as histórias de lá são tão horríveis, então disse que não deixaria que fosse embora com ela, temia que já tivesse feito isso quando saí aqui fora – revela, me olhando com dúvida.

- Não podia deixar você assim, e nem sair com ela assim – um silêncio se instala por alguns segundos. – Então, você vai me acompanhar até em casa e não ao contrário?

- Acho que sim, qualquer coisa eu chamo um táxi, está tudo bem – ela dá de ombros, falando mais baixo do que o habitual.

Começamos a caminhar para fora do quintal, e ela não passa o braço ao redor do meu, como sempre faz. Ao invés disso, andamos com uma certa distância entre nós. Acho que seria mesmo melhor voltar andando ao invés do carro.

- Ashley, sinto muito, mas acho que você sabe que não podemos continuar com isso, certo? – Vou direto ao ponto, depois de alguns minutos.

- Claro que sei – ela dá uma risada sem humor. – Você nunca foi meu de verdade, estava só cuidando de você para quando ela voltasse.

- O que? Claro que não – rebato.

- Claro que sim, Luke – Ash para de andar quando chegamos na rua, olhando para mim. – Esse tempo todo, eu soube. Mesmo quando eu dizia que gostava de você e você dizia o mesmo, eu sabia que não chegava nem perto do quanto gostava dela, é inevitável, você não consegue controlar o que sente.

Ficaria chocado com suas palavras se não conhecesse Ashley tão bem, e justamente por isso fico ainda pior quando sinto sua mágoa em cada sílaba.

- Gostaria de controlar, juro – tento amenizar tudo isso. – Queria poder esquecer dela para sempre, mas... eu preciso te contar uma coisa.

Volto a andar.

- Pode dizer.

- Há alguns anos, eu dizia para minha mãe que sentia que faltava algo na minha vida, que estava incompleto, que tinha alguma coisa dentro de mim que não fazia sentido. Ela disse que era coisa da adolescência, que precisava rezar e coisas assim. – Nego com a cabeça, me lembrando. - Até que Taylor apareceu, e então tudo mudou, percebi que aquele que eu era não era quem eu realmente queria ser, que tudo que fazia na minha vida era o que me mandavam fazer. Vivia preso dentro disso, e ela me libertou, mas quando fiquei sozinho com essa liberdade, não soube o que fazer, e deixei que você me guiasse. Só tenho a agradecer, porque graças a você eu não me deixei afundar totalmente na minha tristeza, mas você não pode me dar o que eu preciso, e eu não posso te dar o que precisa, no fim, ambos estaríamos insatisfeitos.