Capitulo 3 - Em um reino distante

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Acordei em um horário comum, mas a vista pela janela revelava um mundo congelado, um enigma da natureza. Questionei minha ida à escola, hesitando diante desse clima caótico.

- Bom dia, filha, acordada a essa hora? - disse minha mãe.

- Bom dia, mãe. Decidi ir à escola hoje. A vida deve continuar - respondi, decidida a enfrentar o dia.

- Está certo, meu amor. Agasalhe-se bem. Ah, antes que eu esqueça, tem um amigo seu na porta querendo falar com você.

Quem seria esse amigo matutino? O Bryan sequer sabia que eu iria à escola hoje. Fui em direção à porta enquanto mordiscava uma maçã.

- V-v-você?

- Feliz em te ver também, Princesa White. Como está seu braço? - perguntou o jovem que me salvara ontem, com um ar de mistério e uma reverência peculiar.

- Dói ainda. Obrigada por ter me salvado. Mas, quem é você? - indaguei, intrigada.

- Matheus Onight, ao seu dispor, realeza. Uma pena não se lembrar de mim. Espero poder te conhecer, novamente.

- Como você sabe onde moro? - perguntei, surpresa, mas ele desapareceu da minha vista, deixando-me curiosa sobre sua origem e intenções.

Apesar do frio e da dor que ainda sentia pela ausência de notícias de Cristina, decidi ir à escola. Montei na bicicleta, enfrentando o gélido vento, temendo pegar um resfriado até o final do dia.

Chegando à escola, senti o peso da decisão ao ser alvo de olhares curiosos e julgadores. Ao menos, Bryan veio ao meu encontro, oferecendo apoio e amizade.

- Nunca se importe muito com isso. Estarei do seu lado caso alguém faça algo além de olhar - disse ele, e dei um sorriso em agradecimento.

Fui à sala de aula e, surpreendentemente, um rosto conhecido entrou: Mateus Onight, atrasado e com uma aura enigmática. As aulas transcorreram, e sua presença ao meu lado despertou a curiosidade e um certo sarcasmo.

Três aulas se passaram como um lampejo, e finalmente chegou o intervalo. Um grupo de meninas me convidou para comer, proporcionando um momento agradável. A Amanda, uma das garotas, sugeriu que nós fossemos até a casa dela qualquer dia desses maratonas alguns filmes de terror. Gênero que ambas gostávamos.

Mais tarde, Bryan me surpreendeu novamente, preocupado com meu ferimento.

- Meu deus! O que é isso no seu braço White?!

- Fui terrivelmente atacada ontem por aquela sombra horrível, minha sorte foi que Onight chegou a tempo para me defender. Disse eu, arrepiando-me só de lembrar o momento.

- Você com certeza deveria ir ao médico ver isso. Posso ir com você após as aulas, se quiser.

- Claro, gosto de sua companhia.

Nossos olhares se encontraram, criando um momento mágico. Estávamos bem próximos um do outro, e novamente tive a estranha sensação de já ter vivido isso, como se já tivéssemos tido um romance épico. Eu sentia meu coração bater mais forte, tentando me recordar dessa lembrança, mas nada me veio a mente, com exceção da imensa vontade de ter meus lábios juntos ao dele.

Tudo ia bem, até que fomos interrompidos por um professor.

- O que o senhor e a senhorita fazem aqui? Para a sala de aula, já! - disse o professor, interrompendo a cena.

*

As aulas haviam se estendido até o limite, e o sinal que anunciava o fim do dia escolar finalmente ecoou pelos corredores. Comecei a guardar meus livros na mochila, mas percebi que ela estava estranhamente presa à carteira. Alguém a havia amarrado ali, o que gerou uma risada contida vinda do canto da sala.

As asas do tempoWhere stories live. Discover now