Capítulo 24 - Sombras do passado

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Acordo sentindo uma forte dor de cabeça e com uma falta de ar inexplicável. Estou deitada em um lugar que me parece familiar. Aos poucos minhas memórias vão se juntando, e percebo que estou na minha casa, em Águas Claras. Percebo pequenas faixas de luzes solares entrando pela fresta de minha janela, anunciando um dia caloroso.

Levanto-me ainda meio tonta, sem entender o que está acontecendo. O que estou fazendo aqui? e a principal pergunta: COMO vim parar aqui?!
Então me lembro das borboletas, Samantha tem controle sobre o tempo e me trouxe de volta ao passado, eu só não sei exatamente em que parte estou

Vou até minha penteadeira onde tem um espelho para tentar algum tipo de conexão. Encosto minha mão no espelho e falo em voz alta: Fes Matos Obscuras, Ex Luces Exum Ombres.

Minha tia me ensinou isso um vez.

Enquanto me concentro no feitiço, já posso ver uma silhueta se formando no espelho. A mesma mulher que vi na visão. Samantha estava lá.

- Não temos muito tempo Camila, se ela descobrir que fiz isso... Estaremos todos perdidos. - Diz a ruiva preocupada

- Mas eu não sei o que fazer, ela é muito mais forte e inteligente do que eu. - Digo tentando conter as lágrimas que estão acumuladas desde quando tudo isso começou.

- Camila, você é o quarto elemento, você é o fogo e o fogo é você. Quando Rebecca realizou o pacto para sua mãe engravidar ela usou quase todo seu poder, sabendo que quando você nascesse seria muito mais forte que ela, sendo assim queria te sacrificar para roubar sua magia Mas o plano não era dela, foi tudo planejado pela "mãe" de sua amiga Cristina, Amara.

Tudo parece tão confuso agora, eu não sei mais no que pensar, permaneço em silêncio.

- Mas tem algo que você possa fazer. Não conte a ninguém tudo o que você sabe. Ache um lugar para colocar a maldição das trevas que está em Rebeca e na Regina, você precisa destruir essa magia. Depois, vá até a casa de Cristina, Amara, que vocês chamam de Daisy nessa realidade, guarda um colar com um pingente de borboleta azul em sua casa. Ache-o e quebre, assim estarei livre e pronta para te ajudar com o que você precisar. - Diz Samantha

- Mas como eu faço isso? Como eu prendo uma maldição?

- Estamos sem tempo Camila, espero que você descubra log...

E então a imagem da mulher desaparece do espelho me deixando completamente desnorteada. Volto à realidade quando ouço alguém me chamar.

- Camila?!

Parece ser a voz da minha tia. Saio do meu quarto, desço as escadas e vou a seu encontro.

- O que deu em você filha? Falando sozinha?

Não imaginei que ela iria ouvir, acho que eu estava demasiadamente desesperada.

- Só estava pensando alto mãe, não se preocupe... - Digo na maior cara de  pau, e fica óbvio que ela não acredita, mas ignoramos esse fato.

- Tudo bem... Por que você não dá uma passadinha lá na casa dos Evans? Desde que nos mudamos você não sai desse quarto, vai dar uma volta pela cidade com a Cristina, conhecer os lugares - Disse ela empolgada

- Claro mãe, já vou.

Me deparo que estou no início da mudança, as aulas ainda não começaram, ainda não conheci o Matheus e o Bryan e nem nada desse pesadelo Tudo bem, preciso seguir com o plano. A casa da Cristina é bem próxima a minha, então fui a pé. E por uma grande e terrível coincidência do destino, encontro o Bryan, ainda vivo nessa realidade. Não consigo conter as lágrimas. Tento disfarçar e falho miseravelmente.

- Você está bem moça? - Pergunta o loiro.

- Estou, sim. Você só me lembra uma pessoa. - Digo com a voz trêmula

- Entendo, essa cidade é pequena, meio que todos se conhecem aqui - Ele sorri

Me seguro para não correr aos braços dele e o abraçar, o beijar e fazer tudo o que uma mulher sonha em fazer com um cara desses, mas preciso manter o foco

- Desculpe, tenho que ir - Digo já caminhando

- Espero te ver de novo - Diz ele gentilmente

Eu também espero Bryan, eu também espero...

Chego na casa de Cristina, tentando criar coragem para bater na porta. Acredito que fiquei no mínimo uns 15 minutos ali parada olhando essa droga de porta. Desisti por um momento, e sai para dar uma caminhada, já que conheço a cidade. Paro em uma praça, e deito em um banco qualquer gelado de concreto. Olho para o céu e fico refletindo um pouco.

Fecho os olhos por alguns segundos, imaginando como era para ser esse momento agora. Apenas uma garota comum, em uma cidade comum, fazendo coisas que garotas comuns fazem. Nem eu sei o que elas fazem, minha vida sempre foi agitada. Eu e minha tia estávamos sempre nos mudando, segundo ela, devido ao trabalho, mas agora eu sei que ela estava tentando evitar que isso acontecesse, mas era impossível já que a família Evans, Amara, sempre vinha atrás

Dou um último suspiro, afim de levantar e voltar até a casa dos Evans. Mas quando abro os olhos me assusto e dou de cara com o Matheus. Todo sujo, tremendo e parecia que nenhum oxigênio do mundo seria necessário para ele de tão ofegante que o garoto estava.

- Camila... Disse ele, que por pouco cai no chão, mas eu o seguro e o coloco no banco.

- O q-que? O que você está fazendo aqui? Como veio parar aqui?

- White, eu nunca deixaria você voltar ao passado sozinha, isso é muito perigoso sabia?

- Você não cansa de me perseguir? Você ia me deixar para morrer! - Falo nervosa com a situação e já sinto pequenas faíscas de fogo saírem dos meus dedos.

- Quantas vezes preciso te dizer que estou apaixonado por você White?

Sinto algo vibrar no meu bolso, vejo que tem alguém me ligando. Pego o celular, que na tela está escrito mãe.

- Ela já deve saber que ainda não fui até a casa da Amara. Por favor Matheus, me deixe sozinha.

- Eu vou com você.

- Olha só, mesmo se você for comigo, como vou explicar o porquê de você ter vindo comigo?!

- Acho que às vezes você esquece que sou um feiticeiro, Princesa.

Antes eu gostava que ele me chamava assim, gostava da presença dele, mas agora tudo o que eu penso é carbonizar seu corpo. Permaneço em silêncio.

- Tem um feitiço, de invisibilidade... Eu posso usa-lo enquanto você acha o pingente. - Disse ele com um sorriso de canto.

Eu não aguento esse garoto.

- Tudo bem, mas você vai ficar bem quietinho e só vai fazer algo caso Amara perceba.

- Ao seu dispor, Princesa White.

Caminhamos de volta à casa dos Evans, e no momento que vejo a casa, vou em direção a porta, e dessa vez, não exito em bater. Ouço Matheus sussurrar um feitiço. E logo em seguida sumir da minha vista.

- Invisique. Pode ficar tranquila Princesa, continuo bem ao seu lado

Não vou negar que é estranho, parece até um espírito falando. Mas se eu for analisar as circunstâncias, isso é o mais próximo de normal que me ocorreu nos últimos meses. Amara que atende a porta.

- Olá senhora Evans, Cristina está?

As asas do tempoWhere stories live. Discover now