Capitulo 9 - A porta da morte

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Nunca me senti tão mal na minha vida, e agora não tenho ninguém para me ajudar. Não falei nada durante o caminho, só observei o quanto Cristina estava perdida e que a culpa era minha. Rebecca jogou um tipo de feitiço em mim, que me prendeu dentro de uma jaula, suas grades eram fortes o bastante para aguentar qualquer coisa, até mesmo o fogo caso eu tentasse. Chegamos ao castelo e vi Regina, sentindo-se realizada logo na entrada. Ela não disse nada, apenas deu um olhar a Cristina, que aparentava já saber o que significava. Entramos em uma sala extensa, e me deixaram jogada lá, como um animal, apesar de eu pensar que até um animal seria melhor tratado do que eu. Por um instante penso no Mateus, o único que poderia vir até aqui, imagino como seria se ele não tivesse me enganado, imagino se eu estaria com ele agora em vez do Bryan. Penso nele também, como deveria estar, e se eu tiver morrido? Torço para voltar logo, e arrumar um jeito de acabar com tudo isso.

Fiquei completamente sozinha aparentemente por horas, mas eu não tenho certeza, devido à falta de janelas nesse salão perdi a noção do tempo. Estou com fome, cansada e me sentindo totalmente derrotada. Acabo cochilando, mas acordo com a sensação de ter mais alguém além de mim aqui. Vejo um homem parado no canto da sala, todo de preto, me observando, até que vem em minha direção, e quando se aproximou, não tinha como não saber de quem eram aqueles lindos olhos verdes e aqueles cabelos escuros. Mateus, é claro.

- Olá princesa White

Não consigo dizer nada a ele, não depois do que fez, então apenas permaneço em silêncio

- Não sou capaz de imaginar quão magoada você deve estar, mas as coisas mudaram Camila, estou aqui para te ajudar

O olho sem dizer nada, tento guardar meus sentimentos pela primeira vez

- Entendo que você não queira falar comigo. Vou trazer algo para você comer, já volto.

Estou magoada com ele, mas em qualquer circunstância ele ainda se preocupa comigo, talvez eu esteja sendo cruel demais com alguém que apenas quer me ajudar. Dentro de alguns instantes Mateus voltou, trazendo um prato com algumas frutas e um copo de suco. Ele colocou no chão, próximo ao lugar que estou presa.

- Espera só um segundo

Ele se direcionou a uma estante que está ao final do cômodo, abriu e pegou algum objeto, não reconheci na hora, mas depois vi que era uma chave.

- Para você se alimentar, e não diga a ninguém que estive aqui, muito menos que abri isso.

Apenas consenti com a cabeça. Ele abriu a cela, e me entregou o prato e o copo. Eu realmente estou com muita fome, e comi as frutas em minutos, o suco também estava ótimo. Decidi agradecer.

- Obrigada

- É o mínimo que eu poderia fazer por você

E depois de horas me sentindo sozinha e abandonada, senti um reconforto ouvindo suas palavras. Não posso mais mentir à mim mesma, senti falta dele

- Você sabe o porquê de eu estar aqui?

- Queria poder te dizer, mas não faço ideia, minha mãe não me conta mais as coisas depois de descobrir que...

- O que Mateus?

- Que sempre fui apaixonado por você Camila. Você pode não se lembrar, mas éramos muito amigos quando crianças e uma vez quando tinhamos oito anos, você disse que um dia iriamos casar.

- Eu era uma criança Onight, as coisas mudaram

- Eu sei, mas gosto de lembrar das suas palavras. Vou te tirar daqui Camila, eu prometo.

Não disse mais nada a ele, apenas o olhei com agradecimento.

- Mais uma coisa, sei que você tem questionado se está viva ou morta, acho que você deve saber que está em coma num hospital. Mas tente não se preocupar, Bryan está lá, como sempre.

- C-coma?

- Sinto muito princesa, sinto mais ainda por ter que te deixar agora, mas quando você menos perceber estarei de volta.

E ele saiu depois de me dar essa trágica noticia. Como deve estar o Bryan? Melhor eu segurar as lágrimas e arrumar um jeito de sair daqui. Ainda estou pensando sobre a conversa que tive com Elisa, se ela fazia parte da ordem das 4 e Bryan é seu filho, será que já nos conhecemos antes e não nos lembramos? E por que ele nunca me disse nada? Bom, terei que pensar nisso em outra hora. Passaram-se alguns minutos, ou, horas, e vejo Regina entrar, e não veio sozinha, estava com o Trevas, que veio em direção a minha prisão tentando a abrir com suas garras a todo custo, mas sem sucesso.

- Se acalme Trevas, logo você poderá fazer o que quiser com ela. -Diz Regina.

- Olá meu amor, senti saudades.

- Por que vocês precisam tanto de mim? O que eu tenho a oferecer?

- Na hora certa você saberá. - Fala Regina com um olhar sombrio.

- Rebecca está te usando, você não vê isso? Eu só quero te ajudar.

- Não ouse pronunciar o nome dela, você não sabe do que ela é capaz

- Eu quero sair daqui, mãe!

- Mas não vai, ou fica por bem ou fica por mal.

Apesar de ela falar num tom sério, sinto que bem no fundo dessa escuridão, a mãe que um dia eu tive está ai, esperando a ser resgatada.

E então com um movimento ágil, vi de suas mãos sairem uma forte luz negra, que tomou todo o lugar, inclusive eu. Quando fui atingida, varias memórias ruins e decepções que tive na vida vieram a tona, e pude ouvir um conjunto de palavras saindo como sussurros dizendo eu era um grande fracasso, que eu deveria morrer. A pancada foi tão forte que me fez bater com a cabeça na grade. Por um milagre ainda estou consciente, mas vi o que foi esse milagre, uma pequena borboleta azul . Pude sentir meu corpo ser devorado por aquelas trevas, queriam me possuir, ter cada pedaço e célula do meu corpo, mas não podiam, eu sou mais forte. Então tive uma ideia, faria Regina pensar que tinha conseguido.

As asas do tempoWhere stories live. Discover now