Capitulo 4 - Triângulo

176 36 194
                                    

Eu fiz fogo com minha própria raiva, eu fiz fogo com minha própria  raiva

Essas palavras ecoavam na minha mente a todo momento, enquanto eu sentia meu corpo consumido por chamas interiores, como se eu ainda estivesse lá, presa no passado, sem uma forma de escapar. Preciso entender a origem dessa raiva, me conhecer a fundo, mas agora, meu foco era Cristina, apagada em meus braços.

Com cuidado, coloquei Cristina no sofá, e minha tia, assustada, testemunhou o estado em que ela se encontrava.

- Camila, o que é isso? O que aconteceu com ela? E por que sua mão está queimada?

Tantas perguntas, pareciam ecoar dos recessos da minha própria mente, exigindo respostas. Estamos todos em busca delas.

- Calma, mãe, Cris ficará bem. Precisamos pensar em como explicar tudo à polícia e à família dela.

Minha mãe, sendo farmacêutica, estava no seu elemento. Preparada, ela trouxe um kit de primeiros socorros e começou a cuidar das queimaduras de Cristina, embora soubesse que aliviar a dor emocional seria um desafio maior.

Algumas horas se passaram e Cristina acordou, olhando para mim com uma expressão assustada, questionando o que havia acontecido e por que estava queimada.

- Que bom que você acordou, Cris - falei, segurando as lágrimas.

- Camila, o que aconteceu? Lembro de estar lendo no meu quarto e, de repente, desmaiei. Agora estou com queimaduras?

- Você não se lembra? - comecei a ponderar sobre como abordar a situação, decidindo temporariamente ocultar a verdade sobre minha identidade como uma princesa perseguida pelo mal. Não era o momento para revelações.

Minha mãe entendeu meu olhar e interveio.

- Minha querida, você estava desaparecida por meses. Sua família estava desesperada. Deveria voltar para casa e descansar.

- Tudo bem, é o melhor a se fazer. Estou muito cansada.

Levamos Cristina até a casa dos Evans, onde fui recebida com lágrimas de alívio pela senhora Evans. Após explicar a situação, voltamos para casa, onde ponderávamos sobre como lidar com as perguntas inevitáveis que surgiriam.

- O que faremos agora? Todos vão querer saber o que aconteceu.

- Não se preocupe, somos de confiança da família Evans. Você a salvou, e é isso que importa. Não deixe esse peso na consciência.

- Acho que você está certa. Vou descansar um pouco.

Após um breve descanso e um convite inesperado de Matheus para um passeio surpresa, fui ao encontro dele. Descobrimos que a surpresa era um parque de diversões, e a alegria tomou conta de mim.

- E então, você gostou da surpresa? - perguntou Matheus, receoso.

- Eu amei! Há tanto tempo que não vou a um parque.

- Você está deslumbrante, princesa White.

- Igualmente, mas mudando o rumo do assunto... É completamente seguro e confiável eu andar com você nisso? - referi-me à moto. Veiculo o qual Matheus decidiu nos levar até o destino.

- Completamente seguro sim, mas confiável... não posso garantir.

Demos risada e partimos. A sensação do vento no rosto enquanto andávamos de moto era indescritível.

Vibrei de empolgação e aproveitamos os brinquedos juntos, culminando na roda gigante, onde Matheus superou seu medo

Ao chegarmos à roda gigante, o Sol se punha e a paisagem era espetacular.

- Olha essa vista incrível! - exclamei, segurando sua mão.

No ápice da roda gigante, enquanto o céu pintava cores deslumbrantes, ele se aproximou e me beijou, e o mundo ao nosso redor parecia desaparecer. A roda gigante se tornou o cenário perfeito para esse momento especial.

- Acho que agora não terei mais medo desse brinquedo - sussurrou Matheus, e um arrepio percorreu meu corpo.

Sorri timidamente, mostrando total aprovação, enquanto o momento mágico continuava a nos envolver

Aproveitamos o tempo que nos restava, desfrutando dos brinquedos do parque e compartilhando uma pizza enquanto conversávamos. Percebi que era hora de ir embora, e pedi para que Matheus me levasse de volta para casa. Durante o trajeto, o silêncio reinou, mas nossos olhares diziam muito mais.

- Obrigada por tudo de hoje, Matty. Me diverti muito.

- Eu que agradeço por aceitar meu convite. Tenha uma ótima noite, princesa White.

Sorri e me virei para entrar, quando ele me surpreendeu com um beijo. Esse gesto delicado se transformou em algo intenso, sua paixão correspondendo à minha. Seus lábios, suaves e ardentes, exploravam os meus, e o fogo queimava em meu interior.

- Acho melhor você entrar antes que sua mãe vá atrás de você - disse Matheus, retirando um fio de cabelo que ficou preso em minha boca.

- Boa noite, Mateus.

Falei, adentrando minha casa. Mas aí a ficha caiu, estou me apaixonando por duas pessoas.

*

Entrei em casa feliz, mas pensativa. Estou confusa, apaixonada por Bryan e Matheus. Não quero magoá-los com meus sentimentos confusos. Contei à minha mãe sobre o passeio, omitindo o detalhe do beijo. Tomei um banho rápido e fui dormir, embora percebesse que algo estava diferente.

Enquanto adormecia, me vi novamente naquele lugar que um dia pude chamar de lar. Estava vazio. Ao tentar encontrar uma saída, tropecei e torci o pé. A dor era intensa, mas então Matheus apareceu.

- Olá, princesa White, perdida? - disse ele, notando minha condição.

- E machucada também.

- É uma pena te ver assim após um encontro tão agradável. Deixe-me ajudar.

Ele me ajudou a chegar ao meu quarto, atravessando a fronteira dos mundos. De repente, meu pé não doía mais. Era como se nunca tivesse sido machucado.

- Não sei como você fez isso, mas agradeço.

- Será sempre um prazer te ajudar, princesa White. Tenha uma boa noite.

Ele saiu do quarto e, perplexa, refleti sobre como ele sempre aparecia nos momentos certos. Voltei a dormir, sem mais incursões entre os reinos.

As asas do tempoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن