Capitulo 11 - Bonjuor, Caterina

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Como eu já havia conversado um pouco com a minha mãe, ela foi providenciar as passagens para nós três. Contudo, teríamos que esperar ao mínimo uma semana, já que acordei de um recente coma e os médicos ainda precisam me liberar. Eles disseram que eu podia ir para casa, só teria que fazer alguns dias de fisioterapia, e depois finalmente estaria livre.  Me lembrei da Cristina, e perguntei a minha mãe como ela estava, e tive uma péssima notícia, ela não estava nada bem. Minha mãe disse que ela se tornou uma pessoa extremamente agressiva, e depois de alguns dias ela parou de falar. Internaram-na em um hospital psiquiátrico, os médicos acreditam que ela ficou assim devido ao recente trauma de ter ficado desaparecida por tanto tempo, mal sabem eles, e pensar que alguns meses atrás minha única preocupação era mudar de cidade.

 
A semana passou rápido, fiz fisioterapia todos os dias e já me sinto bem melhor. O voo para a França é amanhã. Espero que o Mateus esteja bem, ele deu tudo para eu estar aqui agora. Hoje o dia está sendo bem tranquilo, recebi muitos presentes por estar de volta, acho que acabei ficando famosa na escola, do pior jeito. Minha mãe me ajudou com as malas, e disse que já estava tudo certo com a nossa hospedagem, só tínhamos um pequeno problema, como iriamos encontrar a Caterina? 

- Mãe? 

- Sim amor?

- Sei que já está quase tudo pronto para irmos amanhã, mas como vamos achar ela? 

- Eu estava tentando descobrir uma forma, até pensei em algo, mas não tenho tanta certeza se irá funcionar.

- O que é? 

- Um feitiço localizador, mas talvez não dê certo porque nesse mundo não existe magia.

- Bem, eu fui criada a partir da magia, será que comigo por perto não seria suficiente? 

- Podemos tentar 

- Certo, do que precisamos? 

- 6 velas, um mapa, sal, violetas, um prumo e um lugar.

- Mas que lugar?

- Preferencialmente um que seja úmido, farei uma projeção astral e irei me conectar com o elemento dela para encontra-la.

- Conheço o lugar perfeito

Falo ja dando a entender que seria o grande lago do centro da cidade

Minha mãe foi pegar os itens que faltavam e logo fomos. Pegamos o carro para ser mais rápido e em 10 minutos estávamos lá. É fim de tarde, e o céu está maravilhoso, contudo existem várias pessoas comtemplando a natureza no momento, como vamos fazer isso? Penso comigo mesma. Até que sai uma palavra estranha da boca da minha mãe.

- Invisique

- O que é isso?

Tento falar o mais baixo possível.

- Para que ninguém nos veja

Sentamos na grama, bem próxima a água, e começamos a retirar as coisas de uma bolsinha.

- Primeiro fazemos um círculo de giz e sal em torno do local que irei fazer a projeção, para conter a magia e a minha energia. Deixamos a violeta aqui para garantir a minha segurança, e o mapa aqui ao lado com um prumo sobre ele, para que indique o local desejado e a projeção seja bem sucedida.

Segui suas ordens, e arrumei tudo conforme foi pedido. Ela sentou dentro do circulo e começou a recitar algumas palavras que eu não faço ideia para que servem

Confuso fatina, ignos et ignos mortifina.

As águas do lago começaram a se agitar, e fiquei feliz por estar dando certo.

Sang bis najit trouver. Sang bis najit trouver. Sang bis najit trouver.

Conforme ela ia recitando, seu corpo ia desaparecendo, e o prumo que está em cima do mapa começou a balançar. Uma pequena gota de água caiu no mapa, e começou a se mover, indo em direção a França. Um vento forte tomou conta do lugar, até pensei que o mapa sairia voando daquela grama fofinha, mas ele continua aqui, bem intacto no chão. Quando finalmente a água parou de se mover, e se fixou em um único ponto, minha mãe apareceu, com um lindo sorriso estampado no rosto

- Te achei irmã.
Disse ela orgulhosa. A água parou em Versalhes, e pude ver o nome da rua, Rue du Valmartin, número 18. Agora sim podemos ir. Voltamos para casa, fizemos os preparativos finais e ligamos para o Bryan, avisando que achamos ela. Minha mãe estava cuidando dele nos dias em que eu fiquei em coma, mas ele ficou com vergonha de continuar aqui depois que voltei. Então durante a ligação, falamos para ele vir dormir aqui, já que sairíamos bem cedo no dia seguinte para ir até o aeroporto, que era em outra cidade. Ele concordou e disse que logo chegaria. Decidimos pedir uma pizza para comemorar a noite. Em instantes ele chegou, e a pizza veio logo atrás. Tomei um banho antes, e fui comer. Todos estávamos muito felizes, mas eu não deveria, não quando o Mateus possa sair prejudicado, ou machucado, e tudo por minha causa. Arrumei um colchão para o Bryan e ajeitei tudo na sala para ele ficar confortável, após isso nós fomos dormir.
Acordamos por volta das 5:30 da manhã, tomamos café e quando deu 6:30 fomos para o aeroporto. O voo sairia às 8:15. Chegamos no local, e minha mãe cuidou de toda aquela burocracia, a esperamos sentados num salão. Quando estava próximo do nosso horário, abriram as portas de embarque e subimos no avião, ficamos na parte executiva. Quando estávamos perto de descer, passamos pela torre Eiffel, não imaginava que ela seria tão mais bonita pessoalmente. Nós pousamos no aeroporto de Paris, então ainda teríamos que pegar uma condução até Versalhes.  Descemos do avião e fomos buscar nossas bagagens. Percebi que uma linda moça de cabelos louros, e um rosto angelical não parava de nos olhar, seus olhos brilhavam felicidade. Fiquei confusa e me perguntando porque uma mulher estranha olharia assim pra gente, a não ser que ela não seja estranha.

- Mãe? 

- Sim, meu amor?

- Olha aquela mulher, ela não para de olhar para nós

- Que mulher? 

Quando ela olhou para trás de mim e viu a tal da mulher, seus olhos encheram de lágrimas. Será que aquela é a? 

- Caterina!

Vibrou minha mãe de empolgação. 

- Olá Sarah, nunca pensei que sentiria tanta saudade de você 

- Muito bom te ver, como você sabia que estaríamos aqui? 

- Eu já te esperava a muito tempo, e além do mais a natureza me avisou depois que você fez aquele feitiço para me achar. Você sabe que isso foi perigoso, não deveria. 

- Eu sei, me desculpe, mas foi a única maneira que eu encontrei.

- Tudo bem, agora que você está aqui temos muito que conversar. Ah Camila, minha querida, você está tão linda! E Bryan, você não mudou nadinha, tem aquela mesma cara de criança que gosta de bagunçar.

Eu e o Bryan nos olhamos, e demos um aberto sorriso a ela. Pude sentir que ele ficou tão envergonhado quanto eu.

As asas do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora