Capítulo 12 - Memórias: parte I

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Caterina contou que assim que descobriu que estávamos vindo para cá, ela veio de carro para nos encontrar, então não seria preciso pegarmos outra condução. Rodamos por cerca de 45 minutos e chegamos em uma linda cidade chamada Versalhes, que é famosa por ter aquele belíssimo castelo. Enquanto passávamos pelas ruas, observo tudo atentamente para guardar cada detalhe daqui em minha memória, esse lugar é incrivelmente lindo. Depois de alguns minutos admirando toda essa beleza, chegamos na casa de Caterina, e que casa. Se é que eu posso chamar isso de casa, é uma verdadeira mansão. É localizada em um grande terreno com um jardim impecável, e a maior parte de sua estrutura aparenta ser de mármore branco. Na parte central, existem 4 impecáveis vitrais que apenas realçam mais a aparência dessa maravilhosa moradia. O carro foi estacionado, e fiquei chocada que até o gramado está em perfeita condição, capaz dele ser tão macio quanto minha cama no Brasil, impressionante. Quando penso que não poderia me surpreender mais, entramos na casa. Na entrada tem duas lindas estátuas de leões pretos, e a sala é tão enorme quanto o resto. Uma escadaria bem ao centro do cômodo dá aquele charme especial, e um lindo piano preto de calda próximo a parede completa a incrível visão que estou vendo.

- Por favor, podem se sentar, vou fazer algumas xícaras de chá. Você ainda gosta de hortelã, Camila?

Me pergunto como ela sabe disso.

- Sim, eu gosto

Falo sorrindo

- Era seu preferido quando criança. E você Bryan, aceitaria um chá?

- Seria ótimo, obrigado

Fala Bryan levemente tímido.

E lá se vai Caterina, com minha mãe esbanjando felicidade logo atrás, deixando-me sozinha com o Bryan nessa enorme sala.

- Então, como você se sente?

Pergunta Bryan tentando iniciar uma conversa.

- Considerando que quase morri diversas vezes ao longo do ano, bem

Por fora estávamos rindo, mas por dentro ele sabe o quanto estou sofrendo.

- Ei, Camila, sabe de uma coisa?

- O que?

- Senti sua falta, pensei que fosse te perder

A que ponto cheguei. Acordei de um coma, vim para França e a única coisa que consigo ter, são pensamentos impuros em relação ao Bryan.

- Espero que também tenha sentido falta disso

Falo me aproximando lentamente e indo ao encontro de seus lábios quentes e macios. Vou confessar, estou apaixonada por ele, e não ligo mais para essa toda situação. Bryan me joga no sofá ficando por cima de mim, e o que deixa o momento ainda melhor é a tensão de saber que a qualquer momento minha mãe pode voltar. Com uma mão ele segura fortemente minha cintura e, com a outra, envolve no meu pescoço, dando um leve aperto que me faz soltar um gemido. Sentir seu toque e seu gosto é tudo que eu preciso, mas ainda é pouco perto das coisas que imagino fazer com ele. O beijo fica cada vez mais quente, e já não tenho mais controle das minhas ações, estou totalmente rendida a ele. Mas como nem tudo é um mar de rosas, ouço passos e me separo dele no mesmo instante, morrendo de medo de que alguém visse aquilo. Sinto minhas bochechas queimarem e torço para que ninguém perceba minha cara de quem quase fez coisas em um lugar que nem conhece.

- Aqui está o chá, meus amores

Diz Caterina gentilmente, nos entregando lindas xícaras de porcelana com o chá que pedimos.

- Então, em que posso ajudar?

Pergunta Caterina se dirigindo a mim.

- Sabe como é, já ouvi tantas histórias, que preciso tomar uma decisão, borboletas azuis me perseguem... Não entendo porquê elas precisam tanto de mim

- Você disse borboletas azuis?

Caterina fala apreensiva

- Sim?...

- Muito tempo atrás, até mesmo antes da ordem existia uma bruxa muito poderosa, acredita-se que foi ela a criadora dos elementos, a que mantém o equilíbrio da natureza. Ela não tinha só poderes sobre a flora, mas também sobre a fauna, e ela se manifestava em forma de uma borboleta azul para guiar as pessoas. Certo dia ela se apaixonou pelo Rei, pai do seu pai, e ela engravidou, mas acabou fugido. Bom, isso é o que dizem.

Todos nos entreolhamos chocados

- E a criança nasceu?

Pergunto curiosa

- Não se sabe Camila, só o que sabemos é que ela supostamente fugiu, mas acredito que os guardas a caçaram para matá-la, pois não queriam que o futuro Rei se casasse com uma plebeia qualquer, daí surgiu o ódio por bruxas do Rei, que durou várias gerações, por ter acreditado numa mentira. O que não entendo é porquê ela faria parte disso, parte de você.

- Pelo visto teremos que descobrir, e quanto a mim?

- Acho melhor você ver com seus próprios olhos

Fala Caterina segurando delicadamente minhas mãos. Me surge uma forte dor de cabeça e tudo escurece.

As asas do tempoWhere stories live. Discover now