— Não era isso que eu estava esperando.
Kol continuou sentado, encostado em uma árvore e não se deu o trabalho de responder.
Estávamos no limiar da clareia e ele havia acabado de passar como seria o início do meu treinamento.
Caçar coelhos.
Roedores.
Bolas de pelos brancos.
Isso só podia ser uma brincadeira.
Mantive minha expressão incrédula enquanto encarava Kol que por sua vez mantinha a expressão mais neutra possível.
Os cabelos amarrados deixavam o seu rosto ainda mais destacado e precisava admitir ele tinha lá seu charme. O maxilar bem definido e o nariz empinado eram uma ótima formação naquele rosto.
Mas que infernos de distração.
Fechei os olhos, cruzei os braços e inspirei alto.
— Que diabos de treinamento é esse? - Perguntei voltando a encara-lo.
Kol podia ser illyriano mas estava longe de ter o temperamento deles.
Qualquer outro já teria me desafiado, espancado e desistido. Mas aquele macho não. E pela Mãe eu quis saber o que o fez ter o temperamento tão ameno.
Em um impulso Kol ficou em pé.
— Você não sabe apenas seguir ordens?
Levantei uma sobrancelha em resposta. Ele revirou os olhos.
— Só me diga: porque coelhos?
— Não preciso ver a dimensão dos seus poderes para saber que você é poderosa. — Tentei manter a cara neutra mediante aquela afirmação — Golpes e movimentos de batalha são fáceis de aprender, o problema é que poucos sabem como usá-los porque não possuem o foco. Não sabem localizar o alvo e focar nele.
Kol deu alguns paços para trás e sacou a faca de caça da coxa.
— Pedi para você trazer somente a arma que tem mais segurança porque muitas vezes no campo de batalha é tudo que temos. Uma única arma. Uma única chance. — Por mais escuro que tivesse em nenhum momento tirei os olhos do rosto do illyriano. E a última frase ele pronunciou com tanto afinco que tive certeza que ele passou por isso. E recentemente. — Para cada alvo que tiver você só terá uma chance. — Ele se aproximou, chegou tão perto que tive que levantar a cabeça para lhe olhar. A respiração do macho estava leve, serena. Com a voz calma ele continuou — Apure deus sentidos. Foque no seu alvo, mas não se esqueça do ambiente ao redor. Sinta tudo com sua alma — um passo à frente e então o metal gelado estava no meu queixo. Ele abaixou o rosto enquanto forçava meu rosto para cima com a faca. — Desenvolva sua audição e seu olfato, faça que o estado de alerta seja tão natural como respirar. — O olhar dele brilhou — Lembre-se de quem você é, e o quão poderosa pode a vim ser, e então... — a lâmina saiu da mão dele e se chocou contra uma pequena lebre que passava a 2 metros dali. Meu coração estava acelerado e meu corpo petrificado, incapaz de tirar o olho do pequeno animal morto. Senti a respiração quente na minha orelha. Meu corpo se arrepiou quando ele proferiu as últimas palavras: — Você será invencível.
✨
Quando o primeiro raio de sol tocou o céu eu havia capturado o total de dois coelhos.
Aquela maldita tarefa era muito pior do que eu havia imaginado. Não tinha nada a ver com magia, com força ou com a clássica dança que ocorre nas batalhas. Meus sentidos era tudo que importava ali e até aquele momento eu não havia dado conta do quanto não dava importância ou não tentava aguça-los.
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Corte de sombras e esperança
FantasyPrythian já não é mais a mesma, suas Cortes não o são. Anos de sofrimento após a tirania de Amarantha, transformaram o coração de todos, e a guerra contra Hybern serviu para muita coisa. Desde a aproximação da família, até a separação de outras. A...