Capítulo 13

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As mãos firmes de Rhysand no meu pescoço impossibilitavam de que eu proferisse qualquer frase ou sequer respirasse. Os olhos violetas, como os meus, ardiam ferozmente mostrando ódio e rancor ali.

De fato, não era bem isso que esperava

Minhas asas e costas latejavam por causa do impacto causado pelo choque do corpo dele no meu. Caímos por cima de uma estante ocasionando o estardalhaço da madeira, fazendo com que livros e pecados da própria se espalhassem pelo piso.

Conseguia ouvir a voz de Azriel longe chamando o nome dele, mas ele não parecia ouvir ou processar qualquer coisa além da vontade de me sufocar.

— Quem é você? — Cuspiu.

Não havia como sequer responder àquela pergunta. Tentava e tentava afrouxar as mãos dele ao redor do meu pescoço sem sucesso. Azriel tentou gritar mais uma vez e fora subitamente calado. Creio que a mesma magia que lhe impossibilitava de tentar tirar Rhys de cima de mim lhe tirou a capacidade de falar.

Não sabia por quanto mais tempo conseguiria mantar o cérebro funcionando pela falta de oxigênio, e em um último resquício de forças consegui dá uma joelhada na barriga de Rhys fazendo que o mesmo se curvasse um pouco para cima possibilitando que proferisse um chute que fez com que voasse uma estante depois.

Tossi assim que as mãos dele se desvincularam do meu pescoço. Me coloquei de pé, acariciando a garganta tentando acalmar o zunido nos ouvidos.

Olhei em sua direção e ele estava com a expressão furiosa, a ponto de explodir qualquer montanha que fosse.

— Quem. É. Você. — Disse pausadamente.

— Por favor...— consegui falar, curvando o corpo e apoiando uma das mãos ao joelho, ainda segurança o pescoço.

Ele deve ter soltado a magia que prendera Azriel porque no momento que ameaçou dá um passo em minha direção o mestre espião se chocou contra ele o derrubando. No instante que as costas de Rhysand tocaram o chão ele proferiu um chute contra Azriel fazendo com que se chocasse contra a lareira do outro lado do cômodo, pedaços de mármore branco caíram logo após o impacto.

— Mas que infernos Azriel. — Proferiu ao se levantar. Eles se encararam por longos segundos. E pela expressão de Rhysand, Azriel havia deixado que ele olhasse dentro da sua mente. Fechou os olhos por alguns segundos como se absorvesse tudo o que estava vendo ali. E quando me olhou novamente, aquele ódio havia sumido dos olhos violetas, que agora estavam tão profundos e perdidos.

— Rayla...? — Disse com a voz embargada.

Eu apenas assenti, ainda ofegante.

Os olhos de Rhysand estavam cheios de lágrimas, ele deu um passo e esticou a mão como se pudesse me tocar daquela distância. O maior Grão Senhor da história estava na minha frente, e parecia uma criança que fora mandada para cama sem a sobremesa do jantar. Ele engoliu em seco, mas não conseguiu dá mais um passo. Então fui em sua direção, acabando com aquela distância entre nós. Fiquei a poucos centímetros dele, e meu coração estava acelerado. Era real, finalmente estava cara a cara com meu irmão. Podia sentir seu cheiro leve como a noite adentrando meus pulmões.

Ele ergueu a mão e tocou meus cabelos.

— Mas... como? Como é possível...? — Havia um mar de histórias que precisava contar, que precisava explicar, mas nada importou no momento em que me choquei contra o corpo dele.

Rhys me abraçou como se nunca mais fosse soltar, e não impedi o soluço que saiu da minha garganta no momento em que apoiei o rosto em seu ombro. Senti as lagrimas molhando meu cabelo, e então os joelhos dele vacilaram fazendo com que ambos desabássemos e ficássemos de joelho ao chão, ignorando totalmente o choque gelado que era transmitido através do piso.

Corte de sombras e esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora