Capítulo 11

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Devia estar parecendo uma uva enrugada, estava no mínimo a trinta minutos na banheira. Depois daquela conversa, meu corpo e mente pareciam um mingau e o banho era a melhor opção para relaxar.

Após aquela explicação, não havia muito o que dizer. Nestha prontamente subiu e se trancou no quarto, Cassian disse que procuraria algo para que pudéssemos comer e saiu, restando a mim e o mestre espião que parecia querer estar em qualquer outro lugar que não fosse naquela sala comigo.

Então poupando-o daquele sofrimento, pedi licença, e vim tomar um longo e demorado banho.

Sai da banheira, coloquei minhas roupas e fui secando o cabelo até o quarto.

Havia tanto para pensar, tanto para decidir. Agora que Cassian e Azriel sabiam da minha existência, o reencontro com meu irmão estava cada vez mais próximo, e não sabia como me sentir.

Aquilo era tudo que eu desejava havia séculos, e agora que era uma realidade não sabia o que fazer. Ao mesmo tempo que a ansiedade se espalhava, o pânico me dominava. Como ele iria reagir? Será que me culparia por não ter conseguido proteger nossa mãe? Ficaria grato pelo meu retorno, ou não suportaria mais um problema na atual vida de Grão Senhor?

Quando parti, Rhysand era mais um comandante entre vários nas tropas illyrianas. Agora era o maior Grão Senhor da história de Prytian, com sua parceira que fora desfeita e feita. E não sabia onde exatamente sua irmã morta poderia se encaixar em sua vida.

Estava distraída com meus pensamentos, mas não ao ponto de não sentir o cheiro de Cassian se aproximando. Me virei para encara-lo no momento que adentrou ao quarto.

— Pedi para Cecília ajudar no almoço. — Disse apontando para trás, como se a cozinha tivesse em suas costas.

— Seria a cozinha mais um dos seus inimigos, Cassian? — Ele gargalhou enquanto me sentava na cama. — Então me diga, qual a sua posição? — Ergueu uma sobrancelha — Posso ter ficado fora por dois séculos, Cas, mas não acho que os illyrianos mudaram a forma como tratam os bastardos. E levando em conta a atual cabana que estamos, ou você socou todos, incluindo Devlon, até a morte, ou subiu de patente.

Seus lábios se repuxaram em um belo sorriso.

— Comandante Geral dos exércitos da Corte Noturna, ao seu dispor. — Falou fazendo uma reverencia exagerada.

— Comandante? Uau. — Sorri para ele.

Com passos longos chegou a beirada da cama e se sentou ao meu lado.

— As coisas mudaram por aqui, Ray — sua voz era baixa e calma. — Quero que saiba, que pode se abrir comigo.

— Se abrir em que sentido? — Falei querendo mudar o rumo que aquela conversa iria tomar.

Cassian soltou uma risada gostosa e respondeu entrando no humor:

— Ficaria feliz em lhe ajudar com qual seja seu problema.

— E Nestha não vai se impor?

Poderia ter jogado um balde d agua fria nele. O sorriso morreu imediatamente. Mas mesmo assim, continuei:

— O que ela faz aqui, Cassian? — Ele ponderou antes de abrir a boca.

— Nestha estava se autodestruindo, Rayla. Havia mais álcool do que sangue em seu corpo, e afastava a todos, não permitia que ninguém ajudasse.

— E presumo que um acampamento com guerreiros brutais seja a melhor saída? — Tombei a cabeça para o lado quando indaguei.

— Não foi minha ideia manda-la para cá.

Corte de sombras e esperançaWhere stories live. Discover now