Capítulo 8

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     Estávamos lutando há longos minutos, já havia começado a ofegar, e o suor se acumulava em minha têmpora. Mas a sensação de poder empunhar uma espada de novo era libertadora.

     Aquele estilo de arma era com que costumava treinar séculos atrás com os precursores de escuridão.

     Tinha sido uma decisão difícil para meu pai, engolir o orgulho e me permitir treinar. Mas com a guerra batendo em nossa porta, o mínimo era esperado que eu pudesse me defender.

    Então treinei, treinei e treinei. Dia após dia. Noite após noite.

      Para calar a boca dos machos illyrianos.

      Para mostrar a Corte dos Pesadelos que era muito mais do que só a filha mestiça do Grão Senhor.

Possuía um incrível poder, mas nunca soube dominar a magia muito bem. De fato, era melhor dando direcionamento a espada do que aquela escuridão que emanava de dentro de mim. E por essa razão, e outras, queria e havia me tornado uma guerreira.

        Cecília possuía um ótimo equilíbrio, e dava golpes certeiros. Apresentava certos erros, e deixava algumas aberturas, porém, enferrujada como eu estava, não me encontrava muito atrás do seu nível de preparo. O que a tornava uma ótima adversaria.

        Ela proferiu um golpe do alto e consegui defender. A disputa de força entra as espadas fez com déssemos um passo para trás.

      Mudamos de lugar e me preparei para avançar. Quando senti uma presença.

     Então tudo aconteceu rápido demais.

       Tentei olhar rápido para onde a sensação me chamava e congelei, fazendo com que o golpe que Cecilia tinha proferido não fosse interrompido e acertasse meu rosto, abrindo um corte na bochecha direita.

        Me curvei mediante a ardência do ferimento. Comecei a limpar o sangue que escorria com o dorso da mão.

— Me desculpe, eu...— Ela disse avançando em minha direção. Ergui a mão limpa como um sinal para que se mantivesse no lugar.

— Está tudo bem, eu que me distrai.

    E com um ímpeto de coragem levantei e encarei os machos que estavam nos analisando.

      Ele estava ali, com os musculosos braços cruzados ao peito. A pele bronzeada brilhava com a luz do sol, e o coro illyriano caia perfeitamente naquele corpo poderoso.

    Cassian.

    O guerreiro me encarava petrificado, como se estivesse vendo um fantasma. E para ele, estava realmente vendo.

     O macho illyriano mais poderoso que eu havia conhecido, com seus sete sifões cor de sangue estava em minha frente e sequer conseguia dá um passo em minha direção.

      O vermelho das pedras contrastava com o brilho azul dos sifões do mestre espião que estava do seu lado, com os olhos semicerrados e as sombras acumuladas ao pescoço.

      Eu estava trêmula. Não conseguia entender a confusão de sentimentos que ocorria dentro de mim. Uma parte queria correr até Cassian, me atracar em seu pescoço e chorar todas as lágrimas escondidas há anos.

       A outra queria gritar e soca-lo. Como o maior guerreiro da história havia deixado uma amiga passar por todo aquele inferno? A irmã do seu melhor amigo e agora Grão Senhor. Mas sabia que aquela raiva e culpa que queriam se chocar contra o corpo do macho a minha frente não eram realmente direcionados a ele.

  Não sabia o que fazer.

  Não estava mais em um acampamento com meu povo.

   Estava cara a cara com um amigo.

    Meus olhos queimavam, meus ouvidos zuniam com o sangue correndo em alta velocidade e minha respiração estava descompassada.

  Então recuei, um passo, depois outro, até minhas costas se chocarem contra um pinheiro.

   Estava ciente da presença de Cecília ali, mas não havia espaço na minha mente para me importar com o que ela estava pensando daquela situação.

    Continuei encarando Cassian e então ele deu um passo e mais rápido do que meus olhos pudessem acompanhar ele estava bem a minha frente.

— Me diga... me diga que não é uma mentira.

— Não é — consegui responder com a voz trêmula.

Então ele me puxou contra seu corpo, e eu o envolvi com meus braços.

O corpo de Cassian era grande e quente. O calor acolhedor fez com que um soluço saísse da minha garganta. Ele me abraçou com mais afinco.

— Como? Como é possível? — Perguntou sem se afastar.

Não consegui responder. Se falasse, se tentasse, então décadas e décadas de sofrimento e sentimentos viriam como uma avalanche. E não sabia o que aconteceria no momento em que, a barreira que confinava tudo isso, fosse quebrada.

Me afastei o suficiente para olhar nos seus olhos cor de amêndoa, e disse:

— Não aqui, não agora. — Sacudindo a cabeça.

Ele passou um dedo pela minha bochecha, limpando as lágrimas que tinham escapado e o sangue que ainda escorria. A pele quente e calejada contra meu rosto fez com que meu coração se apertasse, fazendo com que eu fechasse os olhos e inclinasse a cabeça para o lado para ter mais contato com aquela sensação reconfortante.

— Venha. — Ele disse de maneira baixa e suave.

Não respondi, e não me opus no momento em que me pegou nos braços como se estivesse enferma. Muito pelo contrário, acomodei o rosto na dobra do seu pescoço, fechei os olhos e deixei que me levasse pelo acampamento.








N.A: Oi gentee, acho que é a primeira vez que venho aqui deixar uma mensagenzinha o vcss. Espero q estejam gostando da historia de coração. Uma coisa q me tira muito do serio é pq não da p formatar os caps e fica tudo assim desalinhado e torto e isso me ENLOUQUECE (desabafo). Enfim é isso! Prometo atualizar o mais rapido que puder e vão me falando o que tão achando e tudo, qualquer critica é bem vinda!! Bjss.

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