Prólogo

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Heimdallr estava mais ansioso que o normal ao observar os últimos raios de Sol deixarem Midgard, rastros vermelhos e violetas tingindo os céus, suas duas cores preferidas dentre todas da ponte Bifrost.

Ele sabia que logo veria a bela jovem de cabelos vermelhos revoltos e longos, dona de belos olhos violetas, a dona da sua afeição e carinho.

Heimdallr observou Freyja caminhar pelo campo florido, os dedos delicados tocando as pétalas dos lírios brancos, e ele inventou aquelas flores, queria sentir o toque suave dela em seu rosto, na sua pele.

Munin, a forma física de um corvo que carrega as memórias de Odin voou pelo campo branco e entregou o envelope para a jovem antes de retornar para junto do seu irmão, Hugin.

Se não fosse por sua ajuda, Hendallr não sabia como poderia cortejar a jovem sacerdotisa da deusa com a qual compartilha seu nome.

Ele viu Freyja se sentar diante do entardecer e ler a carta que Munin deixou para ela, como em todos os dias. Apenas palavras incapazes de transmitir seus verdadeiros sentimentos.

Freyja riu quando uma raposa saiu da toca e a assustou, o som da sua alegria o encantando mais do que deveria ser possível.

-Amanhã meu amor.

Heimdallr prometeu, mesmo que ela não pudesse ouvir. No dia seguinte os noves reinos estariam tão distantes uns dos outros quanto é possível, não haveria em milênios momento mais seguro do que aquele para o arauto dos deuses abandonar sua posição e ir visitar sua amada.

Hugin e Munin chegaram pela Bifrost, os olhos dourados do Deus protetor cruzaram com os olhos negros e animalescos do corvo, um breve aceno entre eles foi o bastante para fazer entender toda a gratidão envolvida.

Heindallr era grato pela ajuda, e Munin grato por poder ajudar um amor tão belo florescer.

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Odin despertou do seu transe um pouco antes de Hugin e Munin chegarem dos seus voos diários com notícias dos nove reinos.

Hugin contou sobre os conflitos entre os humanos, enquanto Munin olhava pela janela com algo queimando por trás dos olhos negros.

-Me conta o que você viu, Munin.

O pai de todos pediu e o corvo virou para ele, as penas negras refletindo as luzes douradas do Castelo.

-Perdão, meu senhor. O filho de Heimdallr e Freyja nasceu hoje, mas eu temo que a criança não sobreviverá.

Odin sentiu a tristeza na voz do seu companheiro, e ao fechar os olhos, as memórias da bela ave correram por dentro dos seus olhos. Uma jovem triste com uma criança frágil nos braços, lamentando o seu destino e sendo julgada por seus pecados pelos pais.

O Pai de todos entendeu a tristeza de Munin. Depois de acompanhar o romance deles e levar as palavras apaixonantes do Deus protetor para a bela moça em Midgard, seu coração ficou quebrantado.

Nas memórias compartilhadas, ele viu os olhos puros e azuis da criança se abrirem pela primeira vez, marcas douradas ao redor da pupila revelando o sangue que corria em suas veias. Foi ao olhar aqueles olhos que Odin soube: Aquela criança seria a esperança, a solução e o recomeço.

Por anos Odin buscou uma alternativa para o Ragnarök, e ele a encontrou naqueles olhos azuis.

Aturdido, abriu os olhos no mesmo instante que Heimdallr entrou por seus portões.

RavenmasterWhere stories live. Discover now