Ravenmaster

Freyja

✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳ ✦҈͡➳

No meu treinamento do exército sofri com cansaço, fome e privação de sono, dores musculares. Foram poucos os meses que eu passei lá, mas meu corpo foi levado ao limite várias vezes. Pensando naquele tempo, eu trocaria toda a estafa mental por aquele cansaço. Sinto que poderia aguentar o dobro daquela exaustão, mas se eu não conseguisse relaxar logo, não sei quanto tempo vou me manter firme.

Me estiquei na cama para pegar meu celular, nele estava grudado o convite da palestra para qual Kakashi nos convidou. No papel de cor âmbar, letras em degradê de branco e vermelho estampadas com o tema: Freyja: A Deusa Guerreira do Amor.

Lembro vagamente que esse foi o nome da minha ancestral que cativou o coração de Heimdallr e minha curiosidade despertou. Junto com minha curiosidade, Itachi também acordou, se espreguiçando languidamente do meu lado. Tirei alguns fios do seu rosto enquanto ele piscava para se acostumar com a luz vindo da janela.

-Bom dia.

-Oi.

-Conseguiu dormir?

-Bem mais do que eu esperava.

-Sobre mais cedo - Interrompi suas desculpas com um selinho.

-Não se preocupe, já dissemos tudo o que era preciso, certo? - Ele me respondeu com um aceno positivo - Então, vamos só... relaxar e ter um dia de preguiça.

-É um bom plano para mim.

Desde sempre Itachi me pareceu estoico, honrado, forte. Eu pensava que nada lhe abalava. Como eu poderia pensar diferente? Quando ele se feriu por mim, quando ficou ao meu lado no enterro de Stephen, quando Skoll atacou minha casa, em todos esses momentos não foi ele o meu alicerce?

Antes, eu via Itachi como um deus corajoso e inabalável. Agora, eu vejo Itachi como um humano, assim como eu e sinceramente, meus sentimentos por eles se solidificaram mais ainda. Itachi deitou sobre meu peito e perdemos um tempo considerável aproveitando a preguiça e os olhos um do outro.

-No que você está pensando? - Lhe perguntei quando vi seus olhos se fecharem um pouco.

-Nos teus olhos azuis como do oceano desejo velejar sem planos.

-Andou lendo o meu caderno? - Aquele era um Haikai de Sandro Sansão da Silva Costa, se não estou errado.

-Meu senhor sempre sorri quando o lê, fiquei curioso.

Claro que ouvir isso me fez sorrir mais ainda, e corar também. Quando eu for devolver o livro, preciso me lembrar de agradecer aquela bibliotecária, pois no fim ele realmente trouxe paz ao meu coração.

Nossa pequena paz foi interrompida pela entrada deselegante do meu cachorro. Com os pêlos úmidos por ter ficado rolando na neve, Kurama pulou na cama e rolou por cima de nós, quanto mais reclamamos, mais ele se mexia. Demorou, mas Kurama se acalmou o bastante para deitar entre as cobertas e encarar Itachi com olhos carentes.

-Traidor!

Kurama bufou e me ignorou. Cruzei os braços e virei o rosto para o lado, fazendo Itachi rir.

-Sabe, Kurama, eu seria a pessoa mais feliz dos nove reinos se meu senhor tivesse um pouco de ciúmes de mim também.

De forma manhosa, Itachi continuou conversando com meu cachorro e afagando suas orelhas enormes. Quando olhei para ele com o canto dos olhos, senti meu coração falhar. Itachi estava fazendo beicinho enquanto reclamava.