Ravenmaster

501 89 88
                                    

O que me acordou foi o vento gelado que entrou pela janela. Aquele inverno estava sendo o mais rigoroso que eu já tinha visto nos seus 25 anos de vida, e embora eu gostasse do frio, não posso negar que estou com saudades de um clima mais quente.

Enrolei na cama o máximo que consegui, eu gosto desses poucos minutos sozinho com meus pensamentos antes de começar mais um dia na minha vida inútil.

Não que minha vida não tivesse significado, mas era difícil manter a animação depois de um ano trabalhando numa área que eu não escolhi.

Quando criança, eu sonhei em ser várias coisas, paleontólogo, médico e até piloto de avião. Sempre que eu aprendia sobre uma profissão nova, eu dizia que seria aquilo.

No fim do ensino médio eu ainda me sentia perdido quanto ao futuro, mas a convocação militar selou meu destino e me impedir de escolher.

Naquela segunda, o meu desânimo estava maior que o normal. No final de semana, meus colegas da faculdade se reuniram, mas eu não tive coragem de ir e dizer que fui para o exército para acabar cuidando de aves.

Uma das coisas que melhoram meu humor é um banho quente, então acabei perdendo a noção do tempo, só consegui despertar totalmente quando ouvi minha mãe gritando comigo como em todas as manhãs.

-Naruto! Você quer acabar com a água quente da casa? Saia desse chuveiro!

-Hai, hai.

Mesmo na minha idade, não tenho vergonha de morar com meus pais. Além de conseguir poupar para o futuro, consigo cuidar deles. Eu sou filho único, então sempre me preocupo com eles, sua segurança e bem estar.

Desci as escadas para encontrar meus pais no balcão da cozinha, duas xícaras fumegantes na frente deles, uma imagem tão comum e reconfortante que, mesmo corriqueira, eu sempre admirava. Eu beijei o topo da cabeça da minha mãe, enrolando os fios longos presos num rabo de cavalo alto nos dedos.

-Bom dia mamãe. Eu já disse que seu cabelo é lindo?

-Bom dia filhote. Hoje não tinha dito ainda - Ela me respondeu com um sorriso animado como sempre.

Meu pai e eu nos cumprimentamos com um toque de punhos, e me sentei ao seu lado. Ele me passou uma xícara e minha boca salivou pelo café quente.

-Você sabe que esse cachecol não combina com o seu uniforme - Minha mãe falou um pouco indignada.

-Meu uniforme não combina com nada, mamãe!

Os dois riram da minha expressão de desgosto, pois sabiam o quanto eu odiava aquelas roupas azuis escuras e vermelhas. Meu uniforme é composto por uma calça social azul escura, a lateral é marcada por duas listras paralelas vermelhas. Eu tinha que usar - independente do clima - um trench coat que termina um pouco abaixo dos meus quadris, todo marcado e delineado com viés vermelho também, uma coroa bordada no lado direito do peito. Somando isso com as ombreiras e correntes douradas, o cinto que eu precisava usar, eu me sentia um lustre ambulante.

-Não é tão ruim assim, pelo menos você fica com uma bunda bonita nessas calças.

-Kushina!

-O que foi Minato? - Ela perguntou docemente para o meu pai.

-Não gosto da ideia das pessoas olhando para a bunda do meu filho!

-Mas ele tem uma bunda tão bonitinha!

Certos momentos eu me perguntava se a missão dos meus pais na terra era me causar vergonha.

-Não é só porque eu sou gay que quero as pessoas olhando minha bunda!

RavenmasterWhere stories live. Discover now