Suke

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Meu irmão idiota com certeza iria demorar para descer e me fazer companhia, não que fosse necessário. Kakashi parecia quase morto de qualquer jeito, sentado de qualquer jeito na cadeira e respirando ritmado e calmo. Fiz questão de checar algumas vezes antes de relaxar um pouco, e só me sentei na escada depois que ele não reagiu nem mesmo ao meu chute.

Enquanto aguardava meu irmão apaixonado, resolvi mexer e tentar entender como funciona esse celular que Gaara me emprestou. Mais cedo, enquanto conversávamos sobre nossos irmãos, o ruivo me contou que sempre trocava mensagens com os pais, já que os dois se mudaram para outro país a fim de gerenciar uma nova filial, seja lá o que isso quer dizer.

O aparelho preto estava bem cuidado, as únicas coisas que indicam ser usado é uma parte do cantinho descascando e alguns leves arranhões na tela. Ele me contou que o gato dele mordeu e arranhou o aparelho numa ocasião que ele esqueceu de lhe dar comida. Não sei o motivo, mas me lembrei do dia que Naruto descobriu que conseguimos falar mesmo na forma de corvo e nos deixou passar fome o dia todo, aquele maldito.

Tantas coisas mudaram nesse curto período de tempo que me senti desconfortável pensando nisso. Acabei olhando Kakashi, mais especificamente o Elmo do Terror feito de energia que o Dobe fez na sua fronte. Quando vi Naruto pela primeira vez, a energia vital de Odin era tão fraca nele que não o relacionei com o filho de Heimdallr, mas ele tem evoluído tão rápido nesses dias que é assustador. Talvez ele seja mesmo a última peça e possamos enfim voltar para Asgard, para nossa casa.

Sinto tanta falta do seu brilho dourado, das canções e até mesmo das estátuas enormes. Sinto falta de voar no céu claro de lá, comparando com o ar de Midgard, o de Asgard é bem mais leve, tem menos resistência e é perfumado com o amadeirado e pouco frio das árvores Kongebjørka (Vidoeiro Real). Eu podia planar por horas se eu pegasse a corrente certa. Se eu fechar os olhos e me concentrar, posso me lembrar exatamente da sensação causada pelo ar gelado correndo nas minhas penas.

Faz um bom tempo que a nostalgia não me controlava assim, pelo menos não ao ponto de deixar meus olhos úmidos. Acho que eu ter contado tantas histórias para Gaara despertou minha saudades. Eu sei que meu irmão conta as mesmas histórias para o Naruto, como ele consegue não ser arrastado pelo vortex de saudades e arrependimentos sempre que contava uma história? 

Antes que uma lágrima chegasse a de fato sair dos meus olhos, o aparelho no meu bolso vibrou alto e me assustou. Olhei para a tela até ela se apagar, incerto do que fazer. Deslizei meu dedo pela tela e várias coisinhas coloridas brilharam. O aparelho vibrou novamente e vi uma das coisinhas acender, um círculo pequeno e vermelho ao lado do verde maior. Gaara disse que esse celular é só clicar, como o tablet que o Naruto me emprestou. Toquei na bolinha verde e vi mais coisas estranhas.

Eu já vi Naruto usando o celular várias vezes, então puxei na minha memória o que fazer.Toquei na foto do Gaara e ela cresceu na tela. É uma foto muito bonita, tirada num entardecer que deixou sua pele clara mais destacada ainda junto dos olhos verdes e intensos. Seguindo a memória do que Naruto fez, consegui abrir sua mensagem.

"Acordei agora"
"O que aconteceu?"
“Você está bem?”

Bem lentamente e cometendo inúmeros erros consegui escrever uma resposta para ele.

"Você dormiu e eu fiquei entediado, por isso vim embora."

Breves segundos depois, uma nova mensagem chegou.

"Você me cobriu e tirou meu tênis?"

"Algum problema?"

"Não, eu só não imaginei que você seria tão cavalheiro"

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