Jormungandr

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Eu me lembro que quando ainda era unicamente Hugin e voava pelas janelas de ouro tingidas com as cores do entardecer do palácio de Odin com as notícias dos nove reinos, sentia uma realização sem igual. Um dia, mal concluí esse pensamento e Odin me disse:

"Não louve o dia, até que a noite chegue."

A sexta feira perficiente e primorosa de regozijo não tinha acabado ainda e eu já estava o celebrando como um dos dias mais felizes da minha existência, ainda mais pela euforia quando chegamos na casa do Gaara e ele prontamente se enroscou em mim, suas mãos firmes no meu pescoço quando o ergui no meu colo e subi as escadas apreciando o sabor da sua boca. No seu quarto, caminhei às cegas até alcançar a mesa de estudos ao lado da sua janela, o sentei ali e senti a vergonha e a paixão queimando juntas pelo meu corpo com suas insinuações sussurradas no meu ouvido. A um passo de ceder para suas provocações, ouvimos um grito cheio de sofrimento do lado de fora.

Inquieto, fui até a janela e vi no meio da neve branca meu irmão e Itachi parados ali. Apesar da distância, Naruto parecia tremer. Gaara ficou ao meu lado e vimos os dois se abraçarem e meu irmão se transformar na sua forma de corvo para voar pela escuridão do céu, deixando um Naruto aparentemente congelado para trás.

Gaara não precisou me puxar, comecei a andar junto com ele no mesmo momento ao encontro dele. Naruto estava parado com as mãos tremendo erguidas em direção aos céus como se chamasse meu irmão enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto, silenciosas e eloquentes demais. Eu só tinha visto essa expressão de sofrimento e impotência apenas uma vez na minha vida, no rosto do meu irmão. Gaara foi amparar Naruto e o levar depois de grande insistência para dentro da sua casa.

Seus pais estavam esperando por ele e foram direto ao seu filho, enquanto Kakashi permaneceu parado num canto da sala. Toda a sua postura gritava sua culpa, desde os olhos abertos, ombros caídos e a boca incapaz de processar qualquer palavra. Não precisava que alguém me explicasse o que houve, durante a festa toda eu via a cobiça refletida no rosto dele e minha raiva saiu do controle. Em poucos passos eu já estava segurando seu pescoço com minha mão esquerda.

-Que merda você fez agora?

-Foi um mal entendido!

-Não acredito em você - Bati o seu corpo contra a parede.

Shikamaru se levantou do sofá e segurou meu pulso com uma força que eu não sabia que ele tinha - Se acalme.

-Não se intrometa nisso!

Ele apertou os olhos escuros - Solte!

Sorri com sua atitude - Finalmente cansou de fingir ser uma ovelhinha?

Shikamaru não se abalou, mas também não soltou meu pulso - Não sei o que você pensa sobre mim, mas está errado.

-Você é um traidor nojento! O que você fez agora!

Shikamaru olhou para mim do seu jeito preguiçoso - Naruto é meu amigo, eu não tenho motivos para trair ele.

-E quem precisa de motivos para trair?

Consegui fazer que ele me soltasse quando ameacei chutar seu abdômen. Nesse impasse, Kakashi permaneceu quieto e assustado, sem tentar fugir - Olhe para ele - Apontei para Naruto atrás de mim, ainda choroso e cercado pelos pais - O que você fez?

Seu rosto empalideceu mais alguns tons, e sua voz ficou cheia de remorso - Eu não fiz nada! Eu só tentei acordar ele de um pesadelo!

Sua última palavra me chocou o bastante para diminuir minha força, sei muito bem o que são esses pesadelos e nunca que meu irmão o deixaria sozinho depois de uma das suas visões, não depois de sacrificar seu descanso por tantas noites por ele.

RavenmasterWhere stories live. Discover now