Bruce

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Safo, uma poetisa grega que tinha uma visão sobre a vida e o amor muito avançada para sua época, disse: "Se a morte fosse um bem, os deuses não seriam imortais."

Odin e outros deuses morreram, Stephen morreu segurando minha mão. Significa isso que sua morte foi uma coisa boa? Sinceramente, eu acho que não. Espero que ele tenha encontrado o descanso que ele tanto mereceu, qualquer coisa além disso é desejar demais.

Fiquei introspectivo nessas dúvidas desde que saímos da igreja com vitrais e detalhes em gesso onde seu corpo estava. Eu acho que as paredes altas das igrejas são uma forma de nos lembrar como somos pequenos em comparação com com as deidades, entretanto, se isso é verdade, por que temos o mesmo fim?

Além de mim e os outros Yeomans Warders, poucas pessoas estavam presentes no cortejo. Seus rostos tristes me fizeram lembrar da minha parcela de culpa naquele sofrimento, e a dor na minha cabeça começou a se intensificar.

-Naru?

-Estou bem.

Itachi não se convenceu da minha mentira, todavia escolheu se deixar lograr pela minha frase. Ele insistiu em ir comigo e ameaçou usar seu poder em mim quando eu recusei sua companhia pela terceira vez. Meu terno preto ficou um pouco curto nas mangas para ele, mas o sobretudo preto o deixou mais elegante ainda. Não sabia como agradecer pela sua companhia, pois sem ela não sei se conseguiria passar por aquilo.

O ar ao meu redor pareceu criar pressão nos meus tímpanos, o choro baixo do filho do Stephen me fez sentir vontade de vomitar e precisei me segurar no braço de Itachi. Kenichi, o mais velho dos Yeoman olhou para nós com compaixão, já que fui eu quem 'encontrou' o seu corpo pelo amanhecer.

-Tem certeza que você consegue, Naruto? Podemos ir embora.

-Consigo, eu preciso me acostumar com isso.

Respondi no mesmo tom baixo que ele usou, voltamos a caminhar em silêncio até vermos os portões de ferro corroídos pelo tempo na nossa frente. O filho de Stephen, Ethan, pareceu vacilar alguns passos e precisou do amparo da esposa para continuar.

-Por que de tudo isso?

-O que? - Itachi me perguntou baixinho.

-Qual o sentido disso tudo? Só porque vocês vivem milênios a nossa vida não tem valor para vocês?

Eu vi Itachi abaixar o rosto, a franja solta cobriu o seu perfil, e pela maneira que ele abaixou os ombros, eu soube na hora que tinha o entristecido. Segurei sua mão antes de me desculpar.

-Eu não devia ter descontado minhas frustrações em você, me desculpe.

-Não se desculpe, estou aqui para isso.

Ele me olhou sem virar o rosto, um sorriso discreto compartilhando o seu belo rosto. O religioso a nossa frente falou algo sobre darmos valor a nossa vida passageira e sermos gratos por esse privilégio antes de sermos vencidos pela morte. Aquela é a primeira vez de Itachi fora do seu refúgio e prisão, não é justo que minha raiva e auto piedade enevoem esse momento.

Eu senti meu celular vibrar e vi na tela o nome Kakashi aparecer. Aquela deveria ser a quinta ligação dele, eu já perdi a conta das mensagens que ele me mandou. Seu desespero estava me irritando tanto quanto o barulho do celular vibrando.

-Você vai atender?

-Não.

Eu esperei o celular parar de vibrar antes de colocar ele no modo avião para não ser pertubado, lidaria com Kakashi outro momento. Ouvi um conjunto inconfundível de passos atrás de nós e em segundos meus pais estavam ao meu lado. Minha mãe foi a primeira a me abraçar, se desculpando por sua demora e meu pai envolveu nós dois. Nos afastamos antes da nossa pequena comoção chamar atenção desnecessária num momento tão peculiar.

RavenmasterWhere stories live. Discover now