I- Olá, Jéssica!

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JÉSSICA

— NINA QUERIDA, você quer pipoca pra acompanhar o filme que vamos ver?

— Quero sim, tia Jéssica - hoje é meu fim de semana com a Nina, minha afilhada. Minha mãe a mima tanto. Às vezes fico imaginando, se o papai estivesse vivo, essa menina seria mimada ao extremo. Eu amo minha afilhada, mas acho que não sou do tipo maternal.

— Quer refrigerante também, querida? - pergunta minha mãe.

— Não. O tio Ca disse que suco é sempre mais saudável. Tem suco?

Minha mãe começa a rir e responde que "tem sim". Enquanto minha mãe faz o suco, eu me encarrego da pipoca. Carlos é o padrinho da Nina, lindo e muito amoroso. A Nina é louca nele. E se ele disser que o céu é vermelho, ela assina embaixo. Fico feliz da Nina ter um padrinho como ele, já que eu, às vezes, me acho uma negação de madrinha. O Eduardo havia pedido para minha mãe ser a madrinha da Nina, mas quando ela soube que a Dri estava com a intenção de chamar o Carlos para padrinho, disse que era melhor que eu fosse a madrinha dela. Segundo ela, um casal jovem.

Fiz a pipoca e coloquei o filme, uma animação da Bela e a Fera, já que ela gostava.

— Tá boa a pipoca? Não tá salgada, não?

— Não. Mas você poderia colocar um pouco de queijo ralado.

— Queijo ralado?

— Tio Ca faz assim quando vamos ver filme lá na mansão.

Nina já estava com sete anos. Um ano depois, eu viajei com o Eduardo para fechar um negócio importante para a empresa e quando voltei, umas amigas que eu fiz, me chamaram para um drinque e eu fui. Quando retornei para casa, fui tomar uma ducha e logo em seguida, fui ao quarto da minha mãe, dar boa noite a ela. Mas quando abri sua porta, ela estava caída no chão do quarto com o celular sobre a cama.

— MÃE?- corri pra ela e tentei ver como estava. Peguei meu celular e liguei para o Bruno. Mas ele não atendeu. Então liguei para a esposa dele.

O que você quer?

— Preciso de ajuda, cheguei em casa e minha mãe está caída no chão do quarto.

Calma, estou indo aí.

Pouco depois, a Clara chegou em minha casa, acompanhada do Carlos e do Eduardo. Levamos ela para o hospital. Ela ficou internada por dois dias, vindo a falecer. Meu mundo veio ao chão. Eu agora não tinha mais nem meu pai, nem minha mãe. As pessoas até tentaram se aproximar, mas os únicos de verdade que ficaram do meu lado foram a Dri, o Edu e o Carlos. Sei que depois do que eu fiz, o Bruno se afastou de mim. Mesmo ele depois me dizendo que não éramos culpados, que foi a bebida e as circunstâncias que nos fizeram cometer tal erro.

Espero um dia ter coragem de contar a verdade a ele. Ou melhor, a eles.

O Eduardo me procurava todos os dias na empresa. A Dri me ligava dia sim outro não. Eu saía com minha afilhada, Nina sempre foi maravilhosa, mas sei que eu não era um exemplo de madrinha e ela preferia o Carlos, isso ela não escondia de ninguém e às vezes, o Edu parecia não gostar muito.

Comecei a sair com caras diferentes todos os finais de semana, em que eu não estava com a Nina e um dia, era aniversário do Carlos, trinta anos. Ele parecia mais que estava fazendo 20 e não trinta. Lindo demais e sempre muito gentil, me convidou para festejar seu aniversário no mesmo pub onde o Carlos teve aquela noite horrorosa pra ele, que foi quando pegou o Eduardo com a Adriana juntos. "Hoje eu não durmo sozinha."

Coloquei uma roupa, com a qual eu me achava linda. Arrumei meus cabelos e fiz uma bela maquiagem. Quando cheguei na festa, vi que chamava a atenção dos homens e também das mulheres presentes. O Carlos foi me receber e me levou até a mesa que o mesmo havia reservado. Sentei-me e aguardei. Vi uma de minhas colegas na pista de dança e sinalizei ao Carlos que ia lá falar com ela. Ele fez um gesto de positivo com a mão e eu fui. Ele começou a azarar uma loirinha que estava na companhia de um dos colegas dele de trabalho, pouco depois vi o Edu chegar com a Dri, a Clara e o Bruno, que particularmente, estava lindo. Sempre achei o Bruno bonito com aquele cabelo vermelho. Mas nem me aproximei para cumprimentar, a Clara me olhava com cara de poucos amigos. Continuei na pista de dança até que um cara se aproximou já com intimidade demais pro meu gosto. Me puxava pela cintura, senti seu hálito de bebida.

Trilogia: POR QUE NÃO? A Verdadeira Jéssica - Livro 3Where stories live. Discover now