Capítulo 15

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— Não foi minha culpa! — Foi a primeira coisa que conseguiu dizer quando Eduardo entrou em seu quarto.

Logo após chegar ao hospital ela foi levada a um quarto e então se seguiu uma série de exames, seus dados haviam sido coletados e Cuzco foi o primeiro a visitá-la. Seu pai estava preocupado e a tratava como se ela fosse uma boneca de porcelana, mesmo sendo tão paparicada, Victor não saía da sua cabeça.

Eduardo parecia ter envelhecido anos em poucos dias, a camisa estava amassada, os cabelos não estavam mais alinhados como de costume. Olheiras começavam a aparecer sob os olhos. Ele suspirou assim que ouviu ela falar, arregaçou as mangas e abriu os primeiros botões da camisa.

— Eu sei disso. — Ele se aproximou dela, e pediu licença a Cuzco que estava sentado ao lado da cama da filha.

— Como seu marido chegou, vou me retirar querida. — Cuzco deu um sorriso encorajador a filha e beijou-lhe a face. Depois sussurrou em seu ouvido. — Por mais que ele esteja errado, pegue leve.

Tessa mordeu os lábios apreensiva enquanto Cuzco a “abandonava”. Eduardo se sentou na cadeira anteriormente ocupada por seu pai.

— Me perdoe! — Eduardo acariciou sua mão. — Eu fui estúpido. Não devia ter te dito aquelas palavras. Estava cego por minha preocupação. Sei que não é desculpa, mas quero te compensar. Pode me dar outra chance?

Tessa se sentia estranha, não estava esperando um pedido de desculpas. Estava acostumada a não se importar com essas coisas, mas ouvir aquelas palavras saindo da boca dele, a desestabilizava. Ela só conseguiu afastar sua mão.

— Victor está bem?

Eduardo sorriu fracamente.

— Está em observação, mas o médico garantiu que ele parece bem, apenas fraturou a perna.

Tessa ficou aliviada.

— Não imaginei que vocês ficariam preocupados um com o outro. — O tom de voz dele parecia ciúmes. — Assim que despertou ele perguntou por você.

— É normal, afinal sofremos o acidente juntos. — Tessa tentava não olhar para Eduardo, mas sentia ele olhando diretamente para ela.

— Fiquei com medo.

Um longo silêncio se seguiu. Tessa direcionava olhares furtivos para Eduardo, ainda sem coragem de encará-lo. Todas as reações dele eram diferentes das que ela imaginou.

— Fiquei com medo de perder você e Victor. — Ele insistiu. — Eu não sei o que faria se perdesse algum de vocês.

— Foi um acidente, acontece. — Tessa se sentia inquieta com aquela conversa.

— Não Tessa. Eu fui culpado por fazê-la ir embora, estava sendo egoísta, não pensei em você. Eu te prometi ser seu amigo, que tipo de amigo magoa o outro? — Ele tocou a bochecha dela. — Prometi para Cuzco que faria o meu melhor por você, mas na primeira oportunidade te feri. Estive tão preocupado com você durante esse tempo que você sumiu. Torci para que estivesse bem.

Por algum motivo, ele estava diferente. Era como se ele fosse outra pessoa.

— Você está estranho. — Ela encarou ele com uma careta. — Aconteceu alguma coisa? Victor está mesmo bem?

Eduardo sorriu a contragosto.

— Victor está bem. Juro! — Ele se recostou na cadeira, demonstrando toda sua fadiga. — Eu só, não sei. — Suspirou. — Ficar em casa, sozinho, sem você. Pareceu tão estranho. Melina me perguntava frequentemente onde estava, e eu menti; não queria que ela se preocupasse também. Eu me senti tão frustrado.

Tessa continuava sem entender, e Eduardo percebeu por sua expressão.

— Sinceramente, odeio falhar. E falhei com você. — tentou explicar. — Eu devia ter ido te buscar, me arrependi de ter dito tudo aquilo, assim que me acalmei. Eu não estava com raiva de você, estava com raiva de mim. É meu dever cuidar bem de Melina, e quando ela se feriu, me condenei.

— Não foi sua culpa. Apenas aconteceu. Você não pode colocá-la sobre uma redoma e impedir o mundo de feri-la.

— Eu sei. Mas é difícil aceitar isso. Melina é tudo para mim.

Tessa sabia que era.

— Mas não é desculpa para descontar minha infelicidade sobre você. — Ele voltou a suspirar. — Acho que sermos amigos não vai funcionar.

Aquilo explicava tudo. Ele não queria ter um relacionamento com ela, muito menos tentar. Tessa entendia. Provavelmente, ele iria dizer que não podiam seguir em frente, foi o que ela imaginou.

— Não somos amigos. Somos um casal, meio diferente do tradicional, mas somos. — Ele continuou. — Tenho que aprender a dividir minha vida com você. Você é minha parceira e não inimiga.

— Como assim? — Desconfiou dele.

— Vamos começar de novo. — anunciou. — Antes não tentamos de verdade. Agora eu vou me esforçar.

Tessa ficou surpresa.

— Por quê?

— Porque já estamos casados, agora devemos fazer o nosso melhor. — Eduardo encarou a própria aliança em seu dedo anelar. — Eu podia ter negado a oferta de Cuzco, podia ter continuado solteiro. Mas eu precisava por um fim na minha história com Carina, eu precisava desvendar seu acidente, para seguir em frente; seu pai me deu essa chance. Foi minha escolha. Eu escolhi me casar com você!

— Por que tudo isso agora? — todos os sentidos de Tessa ficaram alertas.

— Cuzco me contou sobre seu casamento com Edna. Ele aprendeu a amá-la com o tempo.

— Eu não sou Edna, e você não é Cuzco!

— Não, não somos eles. Seu pai precisou quase perder Edna para valorizá-la, eu não vou perder você, para te valorizar. — Eduardo segurou ambas as mãos de Tessa entre as suas. — Eu não vou mentir, dizendo que já sinto algo por você, mas a partir de agora, quero cultivar sentimentos por você. Eu me fechei para o amor assim que perdi Carina, e minha vida se tornou um ciclo vicioso de trabalhar e ficar em casa.

Tessa não conseguia acreditar nele.

— Deve ser difícil para você acreditar, mas eu realmente quero lutar por nosso casamento.

Ela fingiu um pigarro, e mudou de assunto.

— Quando poderei ver Victor?

— Depois que ele descansar.

Eu NÃO Te AmoWhere stories live. Discover now