Capítulo 21

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- Papai por que está zangado? - Melina perguntou no meio do jantar.

Eduardo não parava de encarar o desavergonhado do seu irmão interagindo com sua esposa. Assim que sua filha falou, ele soube que estava com uma expressão fechada, devia relaxar um pouco mais, ou então seria notável sua irritação.

Enquanto isso o sorrisinho de Victor descrevia que ele parecia gostar da situação. Era como se estivesse dizendo: "Vamos lá, diga por que está tão zangado". Eduardo não cairia nos joguinhos do seu irmão, eram adultos, nada de truques infantis.

- Não é nada querida. - Ele tentou sorrir para a filha. Mas logo a atenção da menina se desviou para o tio preferido, ela o inundava de perguntas.

Mesmo antes de terminar o jantar, ele se sentia cheio. Era como se fosse o único "sobrando" ali. Murmurando algo sobre trabalho, ele se retirou da mesa.

Depois do que Victor disse, Tessa começou a prestar mais atenção em Eduardo, ainda era muito inacreditável o fato dele estar interessado nela, ela não queria ceder àquele sonho. "E se estivesse errada?" _ a dúvida minava todos os seus pensamentos, impossibilitando-a de acreditar totalmente naquela possibilidade. Mas ela decidiu dar uma chance ao plano de Victor, já era comprovado que do jeito dela não estava dando certo.

Mesmo não tendo total certeza de sua decisão, ao menos haviam extraído alguma reação do seu marido. Ele parecia ... sensível à eles.

- Você vai ficar quieta pra sempre? - Victor debochou dela.

- O quê quer que eu diga? Ainda estou processando tudo o que me disseste. É muito para assimilar. - Ela olhava vagamente para o jardim a sua frente. - Por que estamos aqui fora? Você não devia estar descansando?

Victor sorriu de lado. Aquilo era parte do plano dele. Estarem sentados lado a lado observando o jardim sob o céu estrelado, parecia algo muito romântico a se fazer, ainda mais com o banco do qual estavam sentados estando em uma posição bem visível da janela do escritório de seu irmão. Ele daria tudo para ver Eduardo naquele exato momento.

- Nada. Apenas curtindo o momento. Por quê?

Victor era um típico trapaceiro que não dava um ponto sem nó. Ela sabia que ele estava aprontando, mas sua cabeça já estava sobrecarregada o suficiente para interpretar as ações dele.

De repente ele pousou a cabeça sobre o ombro dela. Tessa se assustou e tentou se afastar, mas ele apenas se aconchegou.

- O quê está fazendo? - a voz dela saiu de forma estridente.

- Meu irmão está na janela nos observando. - Ele garantiu.

- Como sabe se nem sequer conferiu?

- Porque se fosse eu no lugar dele, eu faria isso; e você ficaria surpresa no quanto somos parecidos. Acho que está relacionado com o DNA. - brincou.

Ela não tinha certeza, mas eles pareciam mesmo irmãos. Na verdade, todos eles eram parecidos. Os Sorelli, eram realmente um clã. Até Paola era parecida com os irmãos. Parece que o gênio forte era de família.

- E Donatella? - dessa vez foi Victor que foi pego de surpresa.

- Assim? Do nada? - ele tentou desviar o foco do assunto, mas ela continuou esperando uma resposta dele. E depois de um longo e encenado suspiro, ele respondeu: - Ela é legal.

Ela podia sentir um "porém" naquela pequena frase.

- Mas ...

- Temos uma história, meio que um episódio? - nem ele parecia ter tanta certeza assim sobre ambos. - Ela sabe que eu tinha uma queda por Carina.

- Calma aí. - Tessa riu. - "Tinha"? Detalhes! - Ela também sabia ser exigente, quando era necessário.

Victor a olhou de soslaio, podia ver a expressão esperançosa dela. É, eles eram amigos. Aquilo era legal. Contar pra alguém tudo, sem ser julgado. Ser ouvido, sem ser cobrado nada em troca.

- A gente se encontrou, e eu estava bêbado... dá para imaginar o que aconteceu depois não é ...

- Não. Não dá. Quero saber tudo.

Por alguma razão, ela parecia tremendamente satisfeita com o desconforto dele.

- Eu não me lembro de tudo. Estava bêbado. - Mas Tessa não se deu por vencida. Ele quase rolou os olhos como uma adolescente, mas ele sabia que ela não iria desistir até ele confessar. - Chamei ela pelo nome de Carina, enquanto estávamos no mesmo quarto.

Tessa empurrou a cabeça dele, ela precisava olhar nos olhos dele. A expressão chocada dela era cômica.

- Você fez o quê? Na onde?

- Não pense bobagem, ela me garantiu que só me ajudou a chegar em um quarto de hotel, vamos dizer que eu não estava nos meus melhores dias. - Todos tinham um episódio para se envergonhar, para Victor, aquele era um desses episódios.

- Você sabe que sua mãe casaria vocês se ela sequer desconfiasse disso, não é?!

- Você devia se preocupar com o pai dela. - Ele relembrou. - Ela é a filhinha obediente, ou ao menos ele acha isso, eu seria transformado em um monstro que desvirtuou a menininha dele. Provavelmente ele iria querer me matar, mas a chance de um casamento com um Sorelli lhe pareceria mais vantajoso, e ele iria fazer um alvoroço até conseguí-lo.

- Alguém já te disse que você é um convencido?

- Algumas vezes. Mas é verdade. - Ela não podia dizer que ele estava mentindo. - Assim que Carina morreu, várias moças solteiras vieram ao funeral dela, todas ansiando por ser a próxima esposa, como urubus. - Cada palavra estava carregada de amargura e desgosto. - Depois elas sempre "apareciam" nos mesmos eventos, se ofereciam para ajudá-lo com Melina. Não sei como ele suportou àquelas hienas.

- E você? Não foi perseguido.

- Eduardo era o alvo principal por ser o líder da empresa, depois elas tentaram me cercar, mas tenho muito experiência fugindo de mamãe, então foi fácil.

Tessa deu risadas. Ele realmente era um bom fugitivo.

- Até Paola teve sua cota de mercenários. Dá para acreditar? Eles nem sequer disfarçam o interesse na conta bancária dela.

- Paola é tão linda!

- Ela é, mas para alguns homens dinheiro é mais atraente.

- E Stefano? "Téf" como ela chama. - Tessa realmente achava que eles formavam um ótimo casal.

- Ele gosta dela. Ele realmente gosta dela. - Victor se lembrava do amigo olhando sua irmã de forma calorosa. - Mas ela não quer se envolver. Eu não sei, mas todos temos feridas. Acho que Paola coleciona algumas.

- Espero que ela possa se apaixonar por ele também. Stefano parece um cara legal.

Victor gargalhou de forma tão descontraída.

- Eduardo tem ciúmes dele. Ele meio que está ao redor da nossa irmãzinha.

Tessa caiu em si. E Victor continuou achando engraçado aquele comentário dela.

- E se eu me lembro bem, você meio que "babou" nele. - aquele comentário arrancou um suspiro pesado de Tessa, seguida de uma expressão de vergonha. - Meu irmãozinho vai adorar saber que torce por ele.

- Você é mesmo meu amigo?

Eu NÃO Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora