Capítulo 34

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- Acabei de passar pelo quarto de Tessa, ela e Melina estavam dormindo. - Victor disse ao adentrar a cozinha. Eduardo estava sentado tomando uma xícara de café, o que não era má ideia. - Ela devia comer alguma coisa.

Eduardo serviu uma xicara para o irmão e esperou ele se sentar.

- Ela vai precisar de você. - Eduardo confessou, exausto.

- Ela precisa de você! - Victor garantiu. - Você acalmou ela nas escadas, você sabe o que fazer.

- Acho que ela vai preferir um amigo. - ele bebeu um longo gole do café. - Eu sabia.

Victor entendeu o que ele quis dizer, mas não lhe respondeu.

- Eu sabia que Cuzco estava doente, desde o início. - Ele suspirou.

- E por quê não disse para ela? - Victor só quero saber, não era uma cobrança.

- Ele me fez prometer que não contaria até ele está pronto. Ele estava bem, pensei que esse momento iria demorar a chegar. - A mandíbula dele se moveu, e ficou apertada. Toda sua expressão demonstrava seu descontentamento, sua raiva, sua culpa. - As coisas foram acontecendo, o casamento, o acidente de Melina, o acidente de vocês ... - Ele encarou o irmão. - Depois vovó nos chamou, nunca era o momento certo. Mas eu sempre soube que ele estava doente. Ela vai me odiar por esconder isso.

Victor bebericou seu café.

- Ela não vai te odiar. - ele garantiu. - Ela vai ficar chateada, talvez com raiva; mas não vai te odiar.

Eduardo ficou com os olhos perdidos por um tempo.

- Tessa não é como pensamos que era. Ela é mais frágil do que demonstra ser, ela deve estar cansada de fingir ser forte o tempo todo. - Victor tocou o ombro do irmão. - Ela precisa de alguém que pode confiar suas dores, antes que elas a sufoquem. Ela precisa de você.

Eduardo olhou para o irmão.

- Ela não vai ter mais ninguém. - Victor sorriu de forma acalentadora. - Seja o lar dela, o lugar que ela quer voltar.

Eduardo anuiu.

A mulher mais estranha que ele conheceu precisava dele. Ela iria sorrir sem perceber, algumas taças de vinho ou doses de uísque a deixariam mais ousada, corajosa; ela iria incentivar a lutar contra seus medos, mas não enfrentaria os seus próprios medos. Ela iria fugir e se esconder. Ela seria uma mistura constante de medo, vergonha, ousadia, e timidez. Uma contradição ambulante. Ele tinha uma certeza. Aquela mulher era a mulher que ele gostaria de conhecer toda manhã, desvendar todos os seus segredos. Ele queria vê-la sorrir, e tomar alguns goles de bebida para dizer seus pensamentos mais ocultos.

Ele tocou a porta do quarto e a empurrou evitando fazer qualquer barulho. Melina dormia calmamente ao lado de Tessa. Ele despertou a filha carinhosamente.

- Papai. - Ela reclamou sonolenta.

- Psiu. - Fez um gesto indicando Tessa que ainda dormia. Depois tocou na esposa, que estava mole e quente. Tocou sua testa, e fez uma careta ao notar que estava com febre. - Vá lá embaixo e diga a Maura para fazer algo para ela comer. E me traga um termômetro, está no kit de primeiros socorros.

- Tessa está doente? - a menina ficou preocupada.

- Ela está febril, mas vai melhorar. - acalmou a filha.

Um tempo depois, Maura entrou no quarto com um pouco de mingau.

- Como está a febre? - perguntou observando a cara cansada dele.

Eu NÃO Te AmoWhere stories live. Discover now