Capítulo 26

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Tessa interrompeu o beijo, ela precisava respirar. Tanto ela quanto Eduardo estavam atordoados. Ela encarou ele, a procura de alguma reação que indicasse o que ele estava pensando, mas só conseguia olhar os lábios dele, e como seu batom havia marcado ele, e ela gostava daquilo.

Ele se afastou um pouco, tentando clarear seus pensamentos enquanto tentava parecer mais apresentável. Então tocou a própria boca, ainda sentia o gosto do beijo dela. Tessa o surpreendeu. Definitavemente ele não esperava pela ousadia dela.

Como se a adrenalina não houvesse acabado ela se aproximou dele e com o polegar limpou os vestígios do próprio batom, e ele ficou hiponitazado. Quando ela sorriu, ele conseguiu recobrar os sentidos, e se afastou tentando se limpar sozinho. Enquanto isso ela levou as mãos aos cabelos, tentando organizar os fios que ele havia bagunçado há poucos minutos.

- Devíamos voltar a festa. - Ela falou como se nada houvesse acontecido, e prosseguiu para o salão, deixando-o na varanda.

Ele encarou o caminhar tranquilo dela. O que havia acontecido? Tessa lhe roubou um beijo, e ele não pensou em mais nada a não ser retribuí-lo, uma pontada de culpa o assolou quando ele percebeu que nem sequer pensou em Carina, na verdade ele havia passado os últimos dias pensando em Tessa, desde que Victor se mudou para sua casa, foram pouquíssimos os momentos que Carina apareceu na mente dele. Ele começou a retornar ao salão e percebeu Tessa conversando com Victor e Melina, ela agia como se não tivessem acabado de se beijar. O primeiro beijo deles. E ela tomou a iniciativa, e foi incrível.

Ele decidiu agir como ela, se ela podia fingir que nada aconteceu, ele também faria o mesmo. Prosseguiu de encontro ao irmão e a esposa, ambos conversavam sobre a festa, alguma amenidade. Melina começou a pedir uma dança com o pai, mesmo ele estando mais inclinado a dançar com sua esposa não negou o pedido da menina. Logo Tessa se juntou aos demais casais na pista, acompanhada do pai. Aquela música foi extremamente longa, parecia sem fim, e enquanto ela tocava ele dividia sua atenção em dançar com a filha e observar sua esposa e sogro dançando. Ela ria enquanto Cuzco a rodopiava, ele não se lembrava de vê-la sorrir tão alegremente antes.

Depois de satisfeita Melina decidiu que o avô seria seu próximo par, sua filha estava decidida a dançar com todos os homens da família. A menina dele tinha um gênio forte, e era extremamente persistente e decidida, as vezes ele se surpreendia com a garra dela. E mesmo livre, a parceira com quem ele queria dançar parecia ocupada dançando com pai.

Se aproximou de Victor e aproveitou para beber algo, aceitou a primeira bebida que um garçom ofereceu e se pôs a olhar para a pista como o irmão fazia.

- Não vai tirar Donatella para dançar? - puxou assunto, mas sabia que o irmão encarava na mesma direção que ele. Tessa e Cuzco na pista.

- Acho que não serei um bom acompanhante com a perna engessada. - Ele respondeu. - Ela parece legal. Acha que deveria ouvir a mamãe e cortejá-la?

- O que você quer fazer? - Eduardo perguntou. - Você gosta dela?

- Não. Aprecio algumas características dela, mas não tenho nenhum sentimento especial. Só estava pensando que talvez eu tenha a mesma sorte que você. - Ele sorriu para Eduardo. - Vocês estavam bem "próximos" olhando o luar. - Ele tinha uma expressão zombeteira.

E então Eduardo percebeu que ele havia visto os dois.

- Melina também viu seu show. - Victor quase não controlava a vontade de gargalhar da expressão do irmão. - Ela foi te chamar para dançar no exato momento que estava "ocupado", mas eu a trouxe de volta para a festa, imaginei que gostaria de privacidade. - Ele ergueu a taça ao irmão, como se dissesse: "você me deve". - Parece que estava tão concentrado que nem percebeu nossa presença.

Eduardo limpou a garganta e tomou um longo gole da bebida em seu copo.

- E então, como foi? - Victor perguntou de repente, e Eduardo quase engasgou com a própria bebida. - Acha que pode amá-la? Eu acho que vocês tem química.

- É um assunto pessoal! - Murmurou entre os dentes.

- Você ficou com ciúmes de nós dois. - Victor ignorou todos os sinais que seu irmão dava de não querer falar sobre o assunto. - Foi de propósito. Eu gosto da Tessa, ela é divertida, doce e companheira. Não devia perdê-la. - Eduardo encarou o irmão sem entender direito o que ele queria dizer, e esperou por uma resposta mais conclusiva. - Eu sabia que você iria ser devagar, então resolvi ir pra sua casa, queria te fazer sentir ciúmes dela, e deu certo! - Victor riu. - Você precisava de uma ajudinha. E Tessa não é mais aquela garota imprudente, ela pensa muito antes de agir, e por isso as vezes, acaba desistindo de tomar a atitude, mas estou orgulhoso dela resolver iniciar o relacionamento de vocês.

- Vocês armaram isso. - Eduardo riu contrariado. - Quis esganar você algumas vezes nesses últimos dias.

- Eu sei. - Victor saboreou sua bebida. - Pelo menos serviu para vocês se aproximarem. Mas se quiser uma compensação posso ir para casa de mamãe com Melina, e você terá a noite inteira com Tessa, sozinhos em casa.

Eduardo queria brigar com irmão, mas sabia que a intenção dele era boa, apesar de ser intrometida.

- Não me olhe assim, vocês deviam já ter consumido o casamento, na verdade eu já devia ter um sobrinho à caminho. - Victor falou sério, mas sua máscara de seriedade caiu assim que Eduardo lhe encarou de forma repreensiva, e ele gargalhou.

- Vá arranjar uma esposa, e deixe que eu cuide da minha.

Victor levantou as mãos em sinal de rendição, e Eduardo lhe entregou seu copo.

- Vou tirar minha esposa para dançar.

Era uma trabalho cansativo ser cupido daqueles dois, mas ele gostava. Observou o irmão se aproximar de Cuzco, e falar alguma coisa, logo ele e Tessa dançavam uma música lenta, enquanto o pai dela se afastava. Nenhum deles iniciou uma conversa, apenas se olhavam, e ele podia perceber que havia um clima no ar. Talvez, finalmente, Carina estivesse deixando de ocupar o coração do irmão.

A noite havia sido proveitosa e divertida. Mas Melina estava com sono e Victor apesar de não reclamar já demonstrava precisar descansar a perna. Então todos decidiram ir embora mais cedo. Eduardo precisou se afastar do grupo para cumprimentar alguns companheiros de negócios presentes na festa, antes de ir embora.

Após se despedirem da família Sorelli, Tessa, Victor e Melina foram se despedir de Cuzco e seus familiares. Ali em meio aos parentes, tentando soar educada e distante Tessa aguardava o marido. Ansiosa, ela aguardava a chegada de Eduardo.

- Você está muito bonita hoje irmã. - Maria elogiou sinceramente a meia-irmã.

- Acho tão linda a amizade de vocês, sendo meia-irmãs, mesmo assim são bem próximas. - Elvira fingiu elogiar, mas Tessa sabia que seu objetivo era mostrá-la seu lugar. - Sempre achei interessante o fato de vocês duas serem como irmãs de verdade, mesmo Tessa não sendo uma Dravas.

- Não diga bobagens Elvira, Tessa é uma Dravas! - Cuzco disse em tom de reprimenda.

- Na verdade Tessa não é uma Dravas, Cuzco. Elvira está certa. - Eduardo chegou no exato momento que ouviu o comentário maldoso de Elvira e a resposta do sogro. - Tessa é uma Sorelli! Ela é minha esposa. - possesivamente ele segurou a cintura da esposa e a aproximou de si. - Já é tarde, estamos indo embora. Foi um prazer revê-los. - Eduardo sorriu educadamente.

Para eles, aquela festa já tinha acabado.

Eu NÃO Te AmoWhere stories live. Discover now