Capítulo 38

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Dias se tornaram semanas. Logo a lesão de Victor estava totalmente curada, sem 'desculpas' para ficar, ele foi embora. Tessa sempre lhe seria grata, por tudo que ele fez, por todas as palavras que disse, por ouvir, seu verdadeiro e melhor amigo. No início, ela tinha medo, de novamente se esconder de seus sentimentos, mas Eduardo não permitiu, ele não cedeu um só minuto.

Foi difícil conciliar trabalho e 'estudo', mas como prometido, tanto Lennister quanto Eduardo estavam ao seu lado, ensinando-lhe como gerenciar o Fundo de investimentos, nos primeiros dias, ela queria desistir, entregar tudo na mão de algum dos irmãos mais velhos, não era "sua praia" mexer com finanças, dinheiro e investimentos, não sabia nada sobre a bolsa de valores, muito menos como gerenciar todo o dinheiro da família. Mas pacientemente, eles lhe ensinavam, obviamente havia muito a aprender, mas ela sabia que podia confiar neles.

Ao longo dos dias, ela foi se adaptando a nova rotina. Todas as noites, Eduardo a fazia estudar gráficos, algumas vezes ela tentava fugir, "só hoje, por favor" ela pedia dengosa, mas ambos sabiam que um dia se tornariam dois, e assim sucessivamente, e ele não a deixava desistir. Era difícil pra ela, muita coisa pra aprender e entender, mas ele a motivava.

Costumavam tomar café da manhã e jantar juntos todos os dias. Aos poucos, se acostumaram a trocar carícias; abraços e beijos, se tornaram gestos comuns de serem vistos naquela casa. Ele sempre a levava para trabalhar, e buscava, raramente, não o fazia. Diariamente se despedia dela beijando-lhe a testa, e desejando um bom dia. Quase sempre dormiam juntos no quarto de Tessa, e se tornou comum assistirem filmes de desenho animado, até Melina já havia se acostumado aquela nova rotina em casa, aos poucos até ela se juntou a seção de filmes noturnos dos dois, apesar de as vezes tentar convencê-los a assistir algo com mais ação, o que nem sempre acontecia.

Nenhum dos dois confessou amor com palavras. Ninguém disse: "Eu te amo!" Mas era como se soubessem, mesmo sem nunca terem dito ou ouvido, um do outro.

Mas houve um dia, pouco tempo depois da morte de seu pai, quando estavam visitando o túmulo, que ela pensou que ele lhe diria, entretanto as palavras não vieram, e incrivelmente, ela não ficou decepcionada.

Naquele dia, ela retirou as flores secas, e colocou um novo buquê. Será que todos se sentiam como ela? Ela nunca se imaginou indo a um cemitério outra vez, como se tivesse todo o tempo do mundo.

- Você acha que ele iria tentar me preparar no futuro? - ela perguntou, Eduardo parado logo atrás de si. - Quer dizer, ele sabia que não tinha muito tempo, por que me escolher? Qualquer um dos meus irmãos estariam mais preparados.

- Acho que ele sabia que você daria conta de tudo. - Ele encarou as costas rígidas da esposa. - Ele tinha certeza que você conseguiria.

Ela respirou fundo encarando o nome escrito na lápide. Era tão irreal.

- Quando conversamos sobre o casamento, ele me disse que estava doente. - Eduardo sabia que era preciso concluir aquela conversa, ela precisava entender, o quanto Cuzco a amava. - Ele me pediu que não contasse a ninguém, apenas ele e Edna sabiam. Ele queria uma vida normal até o último minuto, queria que todos os filhos vivessem sem a sombra da morte dele pairando sobre suas vidas. Eu sei que parece injusto e egoísta, mas ele só queria mais tempo com vocês.

Uma lágrima escorreu pelo rosto dela até cair no chão.

- Cuzco estava preocupado que ficasse sozinha. - Eduardo tocou seu ombro, desencadeando uma cachoeira de lágrimas propositalmente guardadas, todo o auto-controle dela, estava se desfazendo. - Em parte, se casar comigo, era a forma que ele via de proteger você. Ele sabia que após sua morte, seria difícil, e temia que houvesse alguma retaliação por parte da família, ele sabia, que alguns familiares não te aceitavam. Tudo que ele queria, era que você fosse a Dravas que era para ele.

Eu NÃO Te AmoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant