Capítulo 40

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Ela odiava aquela fonte. Observou o marinheiro e a sereia. "Será que sabiam que o romance entre eles seria difícil?" Haviam inúmeros motivos para dar errado. Mas essa não era a justificativa para o ódio dela, aquela fonte presenciou as duas vezes que seu coração se quebrou. Ficar parada, encarando-a, só a tornava mais patética.

Tessa observou a água refletindo o céu estampado de estrelas brilhantes. "Por que aquela noite tinha que ser tão linda?" Ela suspirou entristecida.

Assim que Eduardo saiu daquela sala, deixando Victor para trás, procurou desesperadamente por Tessa, caminhava apressado pelos corredores, até que à viu por uma das sacadas, parada em frente a fonte do jardim. Ele nunca imaginou vê-la ali. Aquele lugar, pelo menos, estava fora das vistas dos convidados, poderiam conversar despreocupadamente.

Ele se aproximou devagar, e então percebeu que ela estava distante, como que perdida em seus próprios pensamentos. Mas ele sabia que não eram bons pensamentos, a expressão dela entregava tudo. Estava triste, profundamente triste.

- Tessa! - Chamou-lhe, tirando-a do transe que estava.

Ela se virou calmamente.

- Tessa, aconteceu alguma coisa? - Ele tentou se aproximar, mas ela deu um passo para trás, se afastando. - O que houve? Você pode me dizer.

Ela olhou para longe, e se abraçou.

- Eu ouvi, ouvi você e Victor - Ela tomou coragem, e voltou a olhá-lo.

Eduardo ficou preocupado. "Se ela ouviu, por que estava triste?" Devia estar feliz, ele disse que a amava. Então um pensamento passou por sua cabeça. "Será que ela gostava mesmo de Victor?" Em um dado momento, imaginou que talvez eles se gostassem, mas depois, Victor fez parecer que eram apenas amigos. "Será que ela havia se apaixonado por seu irmão?" Pensar aquilo, o machucava.

- Você ouviu tudo?

- Você me acha uma bagunça, não é? - A voz dela parecia fria e distante, mas seus olhos, diziam que ela estava a ponto de chorar. - Eu sei que sou complicada, nunca te pedi que tentasse resolver!

Ele entendeu. Ela ouviu apenas uma parte da conversa, e sentiu alívio. Não era sobre Victor.

- Então você não está apaixonada por Victor? - Um amplo sorriso tomou conta de seu rosto, mas vê-lo sorrir só a deixou mais ofendida.

- O quê?! Está louco? - Ela indignou-se. - Agora está tentando achar uma desculpa para tudo isso. - Suspirou frustrada.

- Eu pensei que você gostasse dele. - Confessou, ainda sorrindo. - Que bom que você não gosta dele!

- Você está louco?

- Porque eu gosto de você! - ele tentou se aproximar dela novamente, porém ela se afastou outra vez. - Tessa! - Chamou, ainda confuso.

- Estou de saco cheio de você, não preciso de você, e dessa droga de casamento. Eu não vou continuar sendo a complicação da sua vida. Está livre - Ela dizia cada palavra com escárnio. - Pode voltar para seu amor, pode continuar amando Carina!

"Como aquilo se tornou aquela confusão?"

- Tessa. - Ele segurou o braço dela, agitada ela tentava se livrar daquele toque. - Tessa! - Ele gritou nervoso.

Ela ficou paralisada, assustada. Eduardo nunca havia levantado a voz daquele jeito com ela desde que se casaram.

- Me escute! - Ela o encarou, mais calma, porém ainda tentava afastar a mão dele do seu braço. - Antes de qualquer coisa, me escute, por favor. - ele pediu com voz branda. - Eu amo você!

- Eu não te amo! - ela respondeu raivosa.

- Tessa ... - Ele implorou.

- Eu não te amo! Não te amo, entendeu. - O encarou desaforadamente. - EU ... NÃO ... TE ... AMO!

Toda aquela fúria fez com que ele a libertasse de seu aperto, cada palavra doeu. Ele sabia que era a raiva dela falando, mas mesmo assim, machucou. Ela aproveitou o momentâneo choque dele, para se afastar. Mal deu alguns passos ele a abraçou pelas costas, prendendo-a entre seus braços.

- Eu te amo. - murmurou ao lado do seu ouvido. - E você é a pessoa mais complicada que conheço, eu não sei o que fazer quando você se fecha no seu mundo, não sei o que dizer quando se guarda em seu silêncio, não sei como derrubar suas defesas, não sei como te consolar, mas eu quero te consolar. Quero te ver sorrir, quero fazer você sorrir. Me sinto mal quando você está triste, quero curar todas as feridas do seu coração. Quero te proteger de tudo que pode te machucar.

Ela tentou se afastar, e ele a abraçou com mais força.

- Eu te amo!

- Você não precisa dizer isso. Não precisa mentir. - ela murmurou, se dando por vencida, não tinha forças para sair daquele abraço. Mas de repente ele a soltou.

- Que droga! - Resmungou se sentindo um incapaz. - O que eu preciso fazer? O que preciso fazer para que acredite em mim?

Ela se virou.

Eduardo havia tirado os sapatos, as meias foram arrancadas com raiva, logo após, os botões nos pulsos foram abertos, e em seguida, começou a abrir todos os botões da camisa. Só então ela percebeu, ele estava tirando a roupa, semelhante ao que ela fez, anos atrás naquela mesma fonte. Tessa o impediu de abrir os últimos botões, e segurou a camisa com força, evitando que o tronco dele ficasse exposto.

- Está maluco? Pirou de vez? - Ela brigou, olhou para os lados, preocupada com a possibilidade de que alguém estivesse vendo aquilo. - Você tem noção de que alguém pode te ver?

- E você se preocupa? Você já fez isso antes. - Ele disse frustrado.

- Por isso sei que é uma burrice!

- Eu só pensei, que se eu fizesse o mesmo, você acreditaria. Eu realmente amo você. Pode perguntar para Victor, se tivesse ouvido toda a conversa saberia que estou apaixonado por você - Ele parecia desesperado. - Acredite em mim. Eu amo você!

- E por que agora? Por que dizer agora?

- Eu mesmo percebi a pouco tempo, e depois não parecia certo me confessar enquanto você estava sofrendo. Eu queria que você me amasse, sem que houvesse alguma confusão emocional envolvida.

- Idiota! - Ela evitou encará-lo. - Eu amo você. - Revelou cabisbaixa, a voz quase inaudível.

Mas ele lhe ouviu, tomou-lhe o rosto entre suas mãos, forçando ela a encará-lo. O primeiro beijo foi na testa, o segundo em uma bochecha, depois a outra; por fim, um beijo leve nos lábios, mas ela queria muito mais, podia sentir o calor emanando do corpo dele, suas mãos largaram a camisa e tocaram a pele bronzeada, ficando espalmadas nas costas dele, enquanto lhe roubava outro beijo. Ela aproveitou o máximo daquela proximidade, deixando as mãos percorrerem as costas dele livremente, e quando o beijo se aprofundou, as unhas se afundaram na sua carne, e ele começou a trilhar beijos pelo seu pescoço, até que ela se perdeu em murmúrios.

- Se continuarmos, precisaremos de um quarto. - Ele revelou com a respiração entrecortada. Tessa também estava ofegante.

- Eu não quero parar. - Ela confidenciou.

Eduardo riu satisfeito.

- Vou me mudar para seu quarto hoje. - Ele garantiu. - Permanentemente.

Ela não respondeu, apenas sorriu.

A festa parecia interminável para quem tinha os nervos à flor da pele. As vezes trocavam olhares comprometedores e sorrisos travessos, enquanto os convidados não desconfiavam do desejo impaciente de ambos em terminar a comemoração. Eles tinham um encontro marcado, assim que fossem para casa.

Eu NÃO Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora