Capítulo 28

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Eduardo estava animado na manhã seguinte. Todos pareciam satisfeitos, o café da manhã parecia realmente uma refeição em família. Melina conversava alegremente com Victor e Tessa. Aquilo o deixava tranquilo. Mas não era comum se dizer que dias tranquilos anunciavam a tempestade?

Maura interrompeu o breve momento em família com um convite. Para Tessa. Ele conhecia aquele tipo de papel, e aquele símbolo. Carlotta Sorelli. A matriarca da família. Sua avó.

Tessa abriu o envelope com cuidado, e por algum tempo ficou encarando o papel, ele sentia que ela estava desconfortável. Como se aquilo fosse uma bomba, e não um convite qualquer.

- O que está escrito? - a voz de Eduardo o traiu, demonstrando sua inquietação.

- É um convite. - Ela parecia apreensiva. - Ah... fomos convidados para visitar sua avó.

- Vamos visitar a bisavó? - Melina ficou surpresa.

- Na verdade, ela direcionou o convite a mim e ao seu pai. - Tessa explicou à garota.

- Graças a Deus. - Victor suspirou. - Ainda me lembro da última vez. Ela é durona.

Tessa sabia que ele queria dizer que ela era difícil. Todos sabiam. Ela já havia escutado as fofocas de como a mulher mais velha da família era muito respeitada, e o quanto era firme em seus princípios e determinada. Mesmo em seu casamento a senhora não apareceu, raramente ia a eventos grandiosos, só sabia que uma vez ao ano todos iam visitá-la em sua casa no campo. Ela já havia completado seus 90 anos, e permanecia sendo o pilar da família.

- Não se preocupe. - Victor garantiu. - Ela sempre "convida" algumas pessoas no decorrer do ano para visitá-la. Pode ser uma senhorinha bem difícil as vezes, mas no geral, quando gosta de alguém, ela é amorosa e gentil. - Ele tentou tranquilizar um pouco a amiga, que parecia um pouco apreensiva.

- Papai me disse que você é o neto favorito dela, tio Victor - Melina confessou.

- O que posso fazer? É o meu charme! - Ele gracejou.

Mas não foi suficiente, Tessa terminou seu café da manhã totalmente ansiosa. Ela nem percebeu quando todos saíram a deixando sozinha com seu marido.

- Você está preocupada - Eduardo a tirou de seus devaneios. - Carlotta Sorelli não é tão assustadora assim, e eu estarei com você.

- Isso não é um teste? - Ele perguntou. As mãos cruzadas sobre o colo enquanto seu olhar estava distante. - Ela não vai me julgar e avaliar? Me comparar a Carina? Eu só... - suspirou. - Não sei como agir, ou o que vou falar.

- Basta ser você. - Eduardo tocou-lhe o ombro suavemente. - Vovó é direta e sincera, mas também costuma observar muito antes de julgar alguém. Victor não mentiu ao dizer que ela é difícil, mas eu não me lembro de conhecer uma garota que fizesse todos se sentirem tão à vontade quanto você. Vai dar tudo certo!

Ela o encarou.

O convite antes esquecido sobre a mesa foi lido por Eduardo.

- Vou fazer os preparativos, vamos ter que sair hoje se quisermos aproveitar o café da manhã com ela, e teremos que sair mais cedo todas as manhãs para que você não se atrase para o trabalho. - Ele ponderou.

- Eu posso dirigir ...

- Não. - Ele a cortou. - Você não conhece bem as estradas, prefiro eu mesmo garantir sua segurança. E podemos passar mais tempo juntos assim.

Tessa sorriu sem querer. Seu corpo traiçoeiro ficava sem defesas perto dele. As vezes se sentia uma tola irremediável, não conseguia deixar de gostar dele, outras vezes sentia que nunca conseguiria eliminar aquele sentimento. Ela tinha medo, medo de amá-lo tão profundamente, tinha medo que aquele amor fosse seu veneno.

Eu NÃO Te AmoWhere stories live. Discover now