Capítulo 19

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"Que merda havia acontecido?!" _ Tessa estava confusa com a forma que Eduardo a tratava. _ "Por que ele agiria daquela forma?" _ seu coração estúpido já começava a fantasiar contos de fadas; ela não podia esquecer quem era, e como chegou ali.

Ainda consciente de que aquilo era provavelmente uma bobagem, nada demais, ela fugiu. Correr parecia muito atraente, mas pouco adulto; então, só inventou uma desculpa e se escondeu na segurança do seu quarto.

"Como ela poderia competir com alguém que nem viva mais estava? Era tão frustrante!" _ ela pensava.

Só de olhar para ela era possível notar que não era nem um pouco parecida Carina, apesar de não querer ser parecida com ela, aquilo parecia um requisito para ganhar o coração dele, não que ela quisesse. Longe disso. Era o que se convencia. Carina era um fantasma para ela também. Todas as vezes que alguém se lembrava do passado, fazia questão de lembrá-la de como ela era apaixonada por Eduardo.

"Foi por isso que nunca se apaixonou por outra pessoa?" _ uma "luz" se ligou na sua mente. Como se finalmente ela entendesse o que aconteceu. Como um segredo revelado.

Na verdade, ela apenas resolveu aceitar. Não conseguiu superar Eduardo. Não conseguiu ir em frente, ela ainda estava presa naquele momento que ele rejeitou ela. Era como se o seu mundo tivesse parado naquela cena, quando Eduardo a rejeitou, quando Victor a encontrou. Ela nunca superou a humilhação. Se fazer de forte, parecia ser a resposta, mas ela não era forte.

Ela devia ter ido em frente. Devia ter superado. "Por que não conseguia superar?"

"Por que ainda estava acorrentada à aquele amor não correspondido?"

"Quem ele pensava que era?"

"Quem Eduardo era? Ele nem era tudo isso!" _ então seu subconsciente pareceu debochar dela, tudo bem, estava mentindo para si mesma, ele era tudo isso, era bonito, simpático, inteligente e tinha sucesso. Logicamente, ele era um bom partido, e ela devia admitir que adoraria ser amada por um homem com a mesma força e lealdade que Carina foi.

Apenas não aconteceu. Suspirou.

Olhar para o teto do quarto não parecia aplacar seu coração.

"Onde estava a garota decidida a seguir em frente? Aonde estava a garota que disse pra ele que podia ser qualquer um, que ela realmente não se importava se estava casando com ele ou não? Aonde estava?"

Tessa se levantou. Tomaria as rédeas da situação.

Eduardo achou estranho alguém bater na sua porta tão tarde. Mas estranho ainda foi encontrar Tessa parada no corredor. Mesmo sendo estranho, foi... bom.

"Talvez não fosse uma boa ideia" _ Ela repensou.

- Tessa? - Eduardo chamou. - Precisa de alguma coisa?

- Ham... eu... é...

"O que vou dizer?" _ seu cérebro parecia em branco. _ "Diga alguma coisa! Qualquer coisa!" _ o cérebro mandava mas a boca, não obedecia.

Eduardo sorriu ao notar a briga mental dela, "ela sempre foi tão fácil de ler?" _ ele pensou. Ficou encostado na parede, iria esperar ela dizer o que queria.

- Eu ...

- Você ...

Tessa encarou ele.

- Pode me dizer o que quer. Qualquer coisa. Pode me dizer.

- Pare! - o tom de voz firme dela sobressaltou ele.

- O quê?! - ele não a entendeu.

- Pare. - Ela pediu de forma mais branda. - Pare de me confundir! Não haja como se importasse, melhor, não se importe; não vá atrás de mim; não se preocupe; não me ajude! Não faça nada! - suas palavras eram rápidas e diretas.

- O quê?! Por quê?

- Quando você faz essas coisas, você me confunde! - ela tentou retomar mais coragem, respirou fundo, e continuou. - Se não me ama, não me faça te amar. Isso é cruel, e ... desrespeitoso.

- Eu ...

Tessa levantou a mão, como se pedisse para ele se calar.

- Talvez seja sem querer, eu não sei. Meu coração não sabe. Quero superar você! Talvez eu não tenha te superado como pensei, porque por alguma razão estúpida, eu nunca consegui gostar de mais ninguém, eu não consegui seguir em frente. Olhe que patético. - Ela fazia gestos bruscos, a maioria indicando a si mesma. - Eu não quero continuar gostando de você. Eu cansei. Você pode continuar gostando de Carina, mas eu... - Ela parecia prestes a desabar. - Eu não quero mais gostar de você!

Eduardo ficou surpreso com tudo o que ela falava. Ele não sabia o que dizer, ou o que fazer.

- O quê você quer que eu faça? Ou não faça? - ele não queria mais ferir ela.

- Não faça nada. - Foi a única coisa que ela disse antes de voltar a se esconder no quarto, afinal, depois de um surto temporário de coragem e talvez loucura, a coisa mais sábia a se fazer era ir embora antes que voltasse ao seu normal.

Eduardo continuou encarando o corredor vazio. Engraçado como as coisas eram. Ele tinha decidido fazer melhor, ser um marido melhor. Ele tinha decidido abrir a porta para ela, mas surpreendentemente ela que quis voltar a fechar a porta. Mas se aquilo a magoava, se a machucava, devia parar.

Foi uma noite infernal. Tanto Tessa quanto Eduardo ficaram acordados.

E na manhã seguinte, ele fez o que ela pediu. Não fez nada. Ficou no escritório, longe dela.

- Papai! - Melina entrou correndo sorridente. - O tio Victor chegou.

- Victor?

A menina afirmou alegremente.

Eduardo se aproximou da janela. No exato momento que Victor e Tessa se abraçavam. "Desde quando eram amigos?". Eles pareciam muito à vontade na presença um do outro. Victor começou a rir de alguma coisa, e Tessa também. Então ela ajudou ele a se apoiar. Mas Victor olhou para cima, e seu olhar se encontrou com Eduardo, tentou se afastar dela, mas Tessa disse alguma coisa, e ele cedeu. Ela serviu de apoio até que ele finalmente entrou dentro de casa.

Eduardo desceu acompanhado de Melina.

- Tio Victor! - a menina correu até o tio, e o abraçou com força.

Tessa parecia desconfortável na presença de Eduardo.

- Adivinha? - Victor perguntou. - Vou ficar com vocês.

- É sério? Que legal! - Melina ficou entusiasmada.

Eduardo ficou um pouco mais sério.

- Mamãe sabe da sua fuga do hospital? - Eduardo perguntou.

- Na verdade ela foi me buscar. - Victor sorriu para o irmão. - Não consegui ficar um dia em casa, mamãe fica sempre ao meu redor, até Donatella foi intimada a ir lá em casa. Posso me esconder aqui?

- Pode papai? - Melina pediu.

Parecia que ele estava perdido, todas as goratas caiam no charme de Victor. Sua filha foi a primeira, e agora até Tessa estava hipnotizada por ele.

- Parece que não posso dizer não. - ele respondeu apenas.

Victor sorriu. E cochichou no ouvido de Tessa.

- Vim te ajudar.

Ela olhou pra ele sem entender nada, e depois encarou a carranca de seu marido. Mas Victor parecia estar apenas se divertindo com a situação.

Eu NÃO Te AmoWhere stories live. Discover now