Capítulo 3

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Nina

Eu já devia estar em casa. Sabia disso, mas eu estava na grande e vazia biblioteca da escola. Ninguém, absolutamente ninguém ia na biblioteca. O que eu amava, confesso. Posso ficar sozinha sem nenhuma pessoa me perturbar.

A aula acabou à meia hora atrás, mas eu precisava devolver um livro e pegar outro. Como ninguém vem aqui (exceto eu) a bibliotecária nem estava no local. Então, pacientemente vou andando e procurando um novo livro.

A biblioteca era bem grande, e afastada do pátio, para chegar aqui teria que passar por um longo e escuro corredor.

Ouço uns passos e olho para a porta esperando a bibliotecária aparecer, mas não foi ela que entrou.

Franzo o cenho quando vejo Arthur entrar com olhando para trás um pouco desesperado. Ele suspira aliviado, joga a mochila em qualquer canto e coloca as mãos na cintura olhando ao redor. Pela sua expressão parecia ser a primeira vez que ele veio aqui.

Nossos olhares se encontram e ele abre um meio sorriso. Paro de encara-lo e volto minha atenção às inúmeras prateleiras de madeira.

Sinto que ele está se aproximando, mas não me mexo, apenas ignoro. Sorrio feliz assim que encontro um livro com um título e uma sinopse interessante e ando calmamente até umas mesinhas e cadeiras de madeira que tem aqui.

Sento, abro o livro e começo a lê-lo.

- Hum, gosta de um romance? - ele pergunta e levanto o olhar.

Ele estava apoiado em uma prateleira com os braços cruzados e o abtual sorriso.

Levanto uma sobrancelha e volto a ler o livro sem o responder.

- Sabia que é falta de educação ignorar as pessoas?

Olho para ele e abro um sorriso falso, ele revira os olhos e eu volto a ler.

Arthur olhou para os lados e começou a assobiar.

- Será que você poderia parar de assobiar? - pergunto ainda lendo.

- Por que?

- Por que o que?

- Por que eu teria que parar de assobiar? - o encaro.

- Estamos em uma biblioteca. - ele aperta a boca em uma linha reta.

- Só tem nós dois aqui. - ele fala obviamente.

- Só que eu estou tentando ler e você está me atrapalhado. - falo entre dentes.

Arthur fica calado e só me encara, satisfeita com o silêncio, folheio as páginas. Mas eu deveria saber que a paz duraria por pouco tempo.

Do nada, Arthur começa a entrar em desespero. Esse menino é maluco, só pode!

- Está escutando? - ele  pergunta baixo.

- Escutando o que?

- Ah, merda! - ele sussurra olhando para a porta.

Sigo o seu olhar e fico confusa quando não vejo nada.

Pode ser que ele veja fantasmas.

Sorrio internamente com o pensamento idiota.

Ele arregala os olhos e vem em minha direção correndo.

- O que você está fazendo? - pergunto quando ele se agacha.

- Estou indo para de baixo da mesa. - ele fala empurrando minhas pernas.

- Eu estou vendo, idiota! Pra que você está fazendo isso?

Arthur coloca o indicador em seus lábios indicando para eu ficar calada e sussurra a seguir.

- Se alguém chegar, fala que você não me viu.

Ele estava em uma posição nada confortável, a mesa é pequena e ele é enorme.

- Pare de me olhar, disfarça! - ele fala sério.

Reviro os olhos e olho para a porta, ninguém apareceu. Dou de ombros e minha atenção volta para a leitura. Sem perceber eu começo a balançar as pernas, e dando leves chutes no Arthur.

- Ei! Pare com isso! - ele reclama e eu fico parada.

Depois de longos minutos ainda estávamos só nós dois, ninguém chegou.

- Já pode sair, ninguém apareceu. - Eu falo o encarando.

Ele se mexe para sair, mas eu escuto barulhos.

- Espera! Eu tô ouvindo alguma coisa.

Arthur volta para de baixo da mesa e eu olho para a porta, não demora muito para uma menina aparecer, a mesma não parece me ver e eu chuto Arthur, dessa vez de propósito.

Ele resmunga e eu dou um sorriso divertido, a menina morena olha me volta e assim que me vê abre um sorriso tímido.

- Oi...

- Oi. - faço uma careta quando sinto Arthur beliscar a minha perna.

Chuto mais forte e ele dá um gemido de dor, a menina me olha confusa.

- Tudo bem? - assinto e ela fica quieta por pouco segundos - Você viu um menino alto e moreno passar aqui?

- Me dê mais detalhes dele. - peço.

- Ele é bem alto, o cabelo dele é preto e ondulado... - ela fala as características de Arthur.

Ele balança minha perna e eu o olho, Arthur pede silenciosamente para eu ficar quieta e eu tombo a cabeça para o lado. Ele fala algumas coisas que eu não entendo e eu olho para a menina novamente.

- Por que você está procurando esse menino?

Ela chega mais perto de mim e se ela desse mais um pequeno passo iria ver Arthur.

- A diretora está uma fera! Aparentemente a Alana levou uma bolada na cara e afirma que foi ele que jogou a bola propositalmente.

Alana era a menina que se achava dona da escola, tipo aquela dos filmes adolescentes. A menina rica que acha que pode mandar em tudo. A diretora é tia dela, não esperaria reação contrária.

Resumindo, Arthur está muito, muito, muito encrencado.

A diretora é bem rígida, ainda mais quando fazem alguma coisa com Alana.

- Você não o viu?

- Ah, não.

Eu poderia falar que ele estava de baixo da mesa, mas mesmo o odiando eu tenho um coração bom. Ele está ferrado, totalmente ferrado.

- Se você o ver, me avise por favor. - Eu assinto e ela sai da biblioteca.

Arthur sai sorrindo e suspira aliviado.

- Eu nunca pensei que falaria isso, mas... obrigado, baixinha.

Dou de ombros e ele anda até a porta de biblioteca.

- Calma aí, você não esperaria que isso fosse de graça, né? - sorrio vitoriosa.

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Vocês estão gostando? Me falem por favor.

O Melhor De MimWhere stories live. Discover now