Capítulo 16

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Nina

- Oi, Lucas! - ignoro o revirar de olhos do idiota ao lado.

- Oi, Nina! Eu estava pensando em ir na sua casa hoje... se você não estiver ocupada, claro. - prenso os lábios.

- Ah, na verdade... - sou interrompida quando o Diabo começa a cantar uma música qualquer.

- Tem alguém com você? Pensei que seus pais estavam trabalhando. - Lucas pergunta com confusão na voz.

Olho irritada para Arthur e coloco o meu indicador na minha boca o pedindo silenciosamente para ele calar a boca. Ele para de cantar me olhando arrependido e mexe os lábios dizendo um "desculpe" sem som. Semicerrro os olhos desconfiada, mas acabo por dar de ombros.

- Meus pais estão sim trabalhando. Pode vir a... - Arthur começa a assobiar e eu paro de falar.

Ele me olha – quando percebe o meu silêncio – e tenta evitar o sorriso. Arthur passa a mão na boca como se estivesse fechando-a com um zíper e sorri ladino.

- Nina? Quem está com você? - Lucas pergunta rindo um pouco.

- Uma pessoa extremamente chata e irritante! - falo encarando os olhos escuros de Arthur.

Ele leva a mão no peito como se tivesse sido atingido por uma bala e faz um biquinho triste. Por que eu estou achando isso fofo?

- Assim você me ofende, baixinha! - ele diz forçando uma voz triste.

- Essa não é a voz do Arthur? - a voz de Lucas soa em meu ouvido.

- Infelizmente sim. - falo levantando dois dedos – da mão que não segurava  o celular – e empurrando a testa dele para trás.

Ele segura meu pulso e acaba puxando-o com força fazendo-me ficar mais próxima do mesmo.

Ele umidece os lábios com a língua e eu pisco lentamente sentindo uma onda de calor estranha. Pela segunda vez hoje, senti um mar de sensações – que nunca, nunquinha, senti antes – intensas e estranhas. Eu não escutava mais nada, só conseguia ouvir nossas respirações descompassadas por causa dessa pequena aproximação.

Entreabri a boca quando encarei os seus olhos tão escuros como a noite. Percebi um brilho diferente que me lembravam constelações. Novamente, senti aquela bolha estranha se formar em nossa volta.

Eu deveria voltar a me sentar onde eu estava? Sim!

Mas é – estranhamente – impossível, parece que eu fiquei imóvel. Eu não conseguia nem ter forças suficientes para quebrar o contato visual que mantínhamos por um tempo que eu não fazia a mínima ideia! Não sabia se passaram segundos ou minutos.

Olhando para as íris pretas eu desejei – com todas as minhas forças – saber o que ele estava pensando. Se ele estava sentindo o mesmo que eu. E lá no fundo, beeeem no fundo eu queria que ele estivesse pensando o mesmo que eu. Queria que estivesse tão afetado como eu.

Queria que ele estivesse com o coração acelerado e sem forças para mover um único músculo. Queria que meus olhos fossem um imã para ele, assim como os dele são para mim. Queria que ele se sentisse hipnotizado por cada detalhe meu, assim como eu estou.

Em meio a todo o silêncio uma voz distante me fez piscar lentamente fazendo-me voltar para a realidade. Engulo seco quando seus dedos soltam meu pulso lentamente como se não quisesse fazer isso, sento-me novamente onde eu estava antes e involuntariamente aperto o celular.

- Nina? Ainda está aí?

- Ahn... - respiro fundo tentando parar minha respiração ofegante - Estou sim... - falo baixinho.

Arthur ainda me encarava, sinto minhas bochechas esquentaram e abaixo a cabeça tentando fugir do seu olhar intenso.

Fecho os olhos e suspiro.

(...)

No dia seguinte...

Sorrio pequeno sentindo a brisa gélida fazer contato com meu corpo.

Manhãs de domingo sempre eram as minhas preferidas. Sempre estava de bom humor e nada nem ninguém estragava aquela manhã sagrada.

Nem mesmo fiquei desapontada quando não vi o sol brilhar no céu azulzinho. Na realidade o que eu vi foram nuvens escuras cobrindo todo o céu. O que é estranho já que ontem estava bem calor.

Algo que também fazia as manhãs de domingo serem especiais era que – raramente – meus pais ficavam de folga, eu podia passar o dia inteirinho com eles. Às vezes, Harry se arriscava na cozinha e praticamente nos obrigava a ir almoçar na casa dele e de Isa. Na maioria das vezes, metade do almoço saia queimado, ou pouco cru, ou sem sal, ou com um gosto doce. Isso acontecia quando ele se confudia o sal com o açúcar. Lembro da primeira vez que esse pequeno acidente ocorreu, foi um dia hilário.

Ando um pouco chegando perto de uma árvore. Eu estou no parque perto de casa. Eu venho aqui desde bebê – pelo o que minha irmã me contou – e ele tem um valor sentimental para mim. Foi aqui nesse exato parque, á oito anos atrás que eu vi Harry e Isa pela primeira vez.

Lembro-me perfeitamente deste dia. Arthur tinha se esbarrado em mim – até hoje eu tenho certeza que foi de propósito – e consequentemente derrubou o meu picolé de morango no chão. Eu fiquei muito irritada é claro. E sem nenhuma novidade discutimos, não conseguindo ouvir mais a sua voz dei as costas e comecei a andar enquanto resmungava.

Sem perceber esbarrei em Harry, Isa estava rindo ao seu lado e confesso que fiquei com um pouquinho de medo quando ele me olhou, porém a risada mais alta de Isa me acalmou e nós começamos a rir juntas.

Depois de Arthur vir me desculpas sendo obrigado pela mãe, eu volto para perto de Aurora que estava conversando com Henrique por mensagens.

Sorrio de lado quando escuto um trovão, mas meu sorriso desaparece quando sinto alguém me observar. Eu sentia minhas costas queimando com aquele olha intenso, e, querendo ou não eu sabia quem era que estava me olhando.

Viro meu rosto lentamente para trás e arregalo minimamente os olhos vendo Arthur á exatamente dois passos distante de mim.

Assim que meus olhos focam nos seus os flashbacks invadem minha mente com força. E pelo seu olhar, eu tenho certeza de que ele se lembrou do mesmo.

Engulo seco virando meu rosto para frente e me faço de sonsa quando começo a andar para qualquer direção fingindo que não o vi.

Porém, o meu plano de evitá-lo vai por água a baixo quando sinto sua voz soar perto dos meus ouvidos.

- Não finja que não me viu, baixinha.

Mordo o lábio inferior quando me arrepio e paro de andar. O encaro e abro um sorriso falso.

- Oh! Arthur! Que coincidência encontrá-lo aqui. - falo forçando entusiasmo.

Ele revira os olhos e abro outro sorriso, verdadeiro dessa vez.

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No próximo capítulo vai acontecer algo muito, muito, muito bom.

Eu estou tããão animadaaa!

O Melhor De MimWhere stories live. Discover now