Capítulo 17

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Nina

Desvio o olhar de seu rosto e começo a andar calmamente, ele me segue em silêncio. Um vento frio vem de encontro ao meu corpo. Cruzo os bracos com frio e Arthur me olha.

- Que foi? - pergunto.

Ele coloca as mãos no bolso do moletom e umedece os lábios.

- Você está com frio, não é? - olho para o meu corpo.

Eu estava com uma blusa branca e em short. Volto a encara-lo e dou de ombros.

- Sim. - chuto uma pedrinha que tinha no meio do caminho.

Por um momento pensei que ele iria me dar o seu moletom, como aquelas cenas clichês, sabe?

Esse pensamento me faz rir internamente. Ele nunca faria isso.

Arthur para de andar ficando a uns passos distante de mim e eu o olho por cima do ombro. Fico surpresa quando o vejo tirando o moletom, ficando só com a blusa preta. Ele me olha e percebe o meu olhar surpreso.

- O que foi? - ele pergunta e me estende o moletom.

Olho para a peça de roupa e vou traçando meu olhar pelo seu braço, até chegar em seu rosto. Hesitante, minha mão se move lentamente e seguro o moletom. Ele o solta e eu coloco em meu corpo.

Sinto seu cheiro gostoso se impregnando em meu corpo e suspiro arrumando o cabelo. O moletom quentinho parece me abraçar.

- Obrigada. - digo baixinho quase inaudível.

Arthur abre um mínimo sorriso, visualizo um raio distante e não demora muito para um barulho de trovão soar fazendo-nos olhar para o céu.

O parque já se esvasiava, pessoas voltavam para suas casas ou iam para algum lugar que tinha cobertura, todos saiam do grande parque menos nós dois.

Respiro fundo quando o silêncio cortante se instala. Vasculhava a minha mente em busca de desculpas para poder — pelo menos — ter algum assunto para conversar. Porém, o meu esforço não foi preciso, pois Arthur cortou nosso silêncio.

- Lembra de quando eu derrubei o seu sorvete?

Sorrio nostálgica e assinto.

- Você sabe que foi de propósito, não sabe? - ele diz e sorri.

- Eu sempre soube. - semicerro os olhos.

- Algumas coisas nunca mudam. - ele suspira e eu o encaro - Principalmente, sua altura. - sorri zombeteiro - Continua baixinha. - ri baixo.

Finjo uma risada.

- Muito engraçado, você devia ser humorista. - falo revirando os olhos.

- É o que todos dizem. - seu indicador toca a ponta do meu nariz.

O olho com tédio. Sinto uma gota de água cair sobre minha cabeça e olho para cima. Em pouquíssimos segundos várias gotas de água começam a cair sobre nós. A chuva não estava muito forte, o que era bom.

- Acho que devemos ir para casa... - falo com as mãos atrás do corpo.

Arthur sorri e morde o lábio inferior, começamos a correr quando a chuva ficou mais forte. Era difícil correr enquanto chovia, pois, a grama ficava escorregadia e tinha umas áreas com lamas. E isso resultou em nós dois se desequilibrando toda a hora, mas, por sorte sem nenhuma queda.

Seguro seu braço quando quase caio de bunda no chão lamacento. Ele foi pego desprevinido e por pouco caímos, mas Arthur conseguiu se equilibrar a tempo.

Nos encaramos e começamos a rir pelo susto.

Continuamos correndo, porém dessa vez rindo a cada quase queda um do outro.

Me toco que é a primeira vez — em todos esses anos — que ficamos minutos sem discutir por alguma coisa sem sentido. Mesmo eu estando rindo horrores com ele, não significa que eu não o odeio mais como antes. Acho que esse sentimento horrível que tenho sobre ele nunca vai acabar. Eu acho.

Como o parque era perto do meu apartamento, não demora muito para estarmos em frente ao enorme prédio branco.

O sorriso contente ainda repousava em nossos lábios e a chuva também não tinha acabado.

- Obrigada pelas risadas. - falo sorrindo.

Ele me observa e passa a mão no cabelo tirando-o do rosto. Olho para o prédio e depois volto meu olhar para seus olhos.

Eu sabia que tinha que entrar, mas algo me fazia ficar aqui, parada, no meio da chuva enquanto o encarava.

- Acho que estamos loucos. - ele diz - Ficamos mais de cinco minutos sem brigar, acho que batemos nosso recorde.

- Qual era o antigo mesmo? - finjo pensar - Cinco segundos?

Ele assente rindo baixo, passo a língua nos lábios e olho para os meus pés.

- Eu acho... que estou mesmo louco. - Ele diz baixinho, levanto meu olhar.

Arthur me encarava de um jeito... hm... diferente. Um diferente intenso. Aperto a barra do seu moletom úmido e mordo o lábio inferior antes de perguntar.

- Por que acha isso?

Ele observa todos os detalhes do meu rosto, parecendo hipnotizado. Se aproxima um pouco, segura o meu queixo delicadamente e fala olhando nos meus olhos.

- Porque eu estou com uma enorme vontade de te beijar.

Prendo a respiração assim que ele termina de falar. Eu tenho certeza que qualquer um que passar por aqui pode ver minha alma saindo do corpo.

Ele... ele quer me beijar.
Oh meu Deus!
Arthur quer me beijar. Aqui. Agora.

Oh, céus! Eu não consigo nem descrever o que eu sinto! Eu estou em pânico.

A pergunta é, eu quero o beijar? E a resposta é sim. Eu estou com essa vontade estranha desde que fomos para a diretoria e ela foi aumentando ao decorrer dos dias.

Ele passa o polegar no meu lábio inferior e olha nos meus olhos, me pedindo permissão, silenciosamente, e sem dizer uma palavra apenas assinto minimamente.

Arthur se aproxima lentamente e meu coração se acelera. Fecho os olhos quando sinto seus lábios macios encostarem nos meus.

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UHULLL! SE BEIJARAMMM!!

Planejei esse primeiro beijo lá no primeiro capítulo, vocês não tem a mínima noção de como eu estava ansiosa.

Enfim, hoje, quando acordei eu vi que "O meu clichê" bateu 10k de visualizações. Mano, eu to-------
Eu não acreditando.

O Melhor De MimWhere stories live. Discover now