Capítulo 18

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Arthur

Assim que minha boca colou-se na sua, senti algo inexplicável.

Céus, eu precisava beija-lá. Era um desejo que instalou-se no meu peito, e sei que se não a beijasse nesse momento eu iria enlouquecer. Só espero que esse sentimento estranho passe logo.

Sua boca se entreabre e eu aproveito a oportunidade para aprofundar o beijo. Seus lábios macios moviam-se lentamente contra os meus. Minha mão segurava sua nuca e a chuva tinha se intensificado mais, parecia que estávamos gravando uma ridícula cena clichê de um filme romântico.

Pergunto-me internamente se ela estava sentindo o mesmo que eu, e eu queria que ela sentisse.

A falta de ar se fez presente e nos separamos, Nina me encarava ofegante, com as bochechas rosadas, seus olhos estavam brilhantes, e sua expressão dizia: "isso realmente aconteceu?".

Sim, aconteceu. Deus, não sei se me arrependi. Um lado meu dizia que eu estava louco, tão louco ao ponto de beijar a garota que eu mais odeio em todos esses anos. Mas um outro lado dizia totalmente ao contrário, me repreendendo por estar concordando com o segundo lado.

- E-eu preciso entrar. - ela fala.

Assinto levemente. Um trovão soa assim que ela entra no portão preto e me olha pela última vez antes de virar as costas e sumir da minha vista.

Começo a andar para a minha casa enquanto meus pensamentos ainda estavam no beijo. Sorri de lado quando lembro do rosto dela após o beijo, brigo comigo mesmo por acha-lá tão atraente.

Em pouco tempo já estou em frente da minha casa, entro e jogo a chave em qualquer canto e vou para o banheiro, porém escuto um barulho estranho no meu quarto, passo a mão no rosto já imaginando o que seja e vou para o meu quarto.

Eu morava praticamente sozinho. O trabalho da minha mãe exigia que ela fizesse muitas viagens, meu pai... bem, eu nem conheci meu pai. Minha mãe me contou que quando eu tinha três meses de idade, meu pai sofreu um acidente de carro e acabou não resistindo. Sempre quando me lembro disso me entristeço, eu queria muito ter conhecido ele, minha mãe me contava como eles se amavam e o quanto ele era uma boa pessoa.

Como minha mãe passa dias fora de casa, minha tia — que mora na casa ao lado — vem aqui em casa todos os dias para saber como estou. Ela ajudou bastante quando meu pai faleceu.

Ela é muito legal, eu amo suas visitas. Mas a única coisa ruim é o seu filho.

Guilherme, meu primo, que nasceu no mesmo que dia que eu, no mesmo hospital. Nascemos quase na mesma hora, mas ele veio ao mundo uma hora antes que eu — e sempre se vanglavoriava por isso —. Guilherme me irritava ao extremo, e sempre aparecia aqui em casa do nada — com o privilégio de ter a chave de casa, por conta se sua mãe — para falar bobagens.

Nunca gostei tanto dele, claro que ás vezes ele era legal e tals, mas na grande maioria do tempo ele é totalmente ao contrário.

Tipo agora.

Entro no meu quarto dando de cara com o folgado deitado na minha cama enquanto mexia no celular.

- O que está fazendo aqui? - ele me olha com um sorriso de canto que logo se desaparece quando vê o meu estado.

- Uou... - se senta na cama e eu cruzo os braços - Priminho você está encharcado. - reviro os olhos.

- Você jura? Eu nem tinha percebido. - falo ironicamente. - Você não respondeu minha pergunta.

- Eu vim te ver, ué! - diz como se fosse óbvio.

- Já me viu, pode ir embora.

- Nossa, mas você me ama tanto... - ele se joga novamente na cama.

Respiro fundo sabendo o sufoco que passarei no resto do dia.

Nina

Ok.

Está tudo bem.

Não, não está.
Mas fingirei que está. Ótimo.

Assim que cheguei fui direto para um banho quente e tentei falhamente esquecer o que tinha acontecido. Ok, por que eu deixei ele me beijar? Que ódio! Eu não estava pensando direito.

Passei o resto do dia com os meus pais, o que me ajudou a mão pensar muito no ocorrido. Porém, vez ou outra, eu me pegava pensando sobre aquilo.

Eu beijei o Arthur. Eu beijei ele. Eu tive o meu primeiro beijo com ele. O Arthur, a pessoa que eu mais odeio na face da terra.

É, meu primeiro beijo foi com ele. Que sorte a minha, não?

Eu pensava que meu primeiro beijo seria com alguém que eu gostasse, mas foi totalmente ao contrário. Tá, eu não vou falar que foi ruim beijar ele, porque se falasse seria uma mentira, na verdade foi muito bom.

Mas quando nos beijamos eu senti algo tão... tão... estranho. O coração acelerado, as pernas bambas, a respiração ofegante...
Nunca senti isso na minha vida inteirinha.
E isso me assustava e muito.

Porém isso nunca mais iria se repetir. Nunca mais!

Eu não vou deixar que isso aconteça novamente e tenho certeza que Arthur também não vai.

Pisco três vezes quando batidas na minha porta soam e percebo que eu estava encarando o nada esse tempo todo.

Coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e deixo quem quer que seja entrar.

A porta se abre bruscamente, me assusto de primeira mas abro um sorriso quando vejo Aurora, Júlia e Isabela me encarando com sorrisos enormes.

Semicerro os olhos quando percebo os pijamas de cada uma. Minha irmã estava com um pijama todo lilás com várias nuvens espalhadas pela calça e blusa. Júlia estava com um amarelo repleto de melancias e Isa com um rosa cheio de florzinhas. Estavam bem fofas.

- Uau, eu amei os pijamas!

- Hoje você vai na melhor festa do pijama que você já foi na vida! - Júlia fala animada, sorrio mais uma vez.

A animação delas me contagiou quase que imediatamente. Talvez essa festa tire o beijo da minha cabeça. Não penso duas vezes quando me levanto em um pulo da cama, e nem ligo quando lembro que amanhã cedo eu tenho aula.

Eu só pensava em quanto eu iria me divertir na presença delas.

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Fiquei sem internet o dia inteirinho, quase não postava esse capítulo no "sabádo". é meia-noite e pouco, mas pra mim ainda é sábado.

O Melhor De MimWhere stories live. Discover now