O Melhor De Mim

Capítulo 28

Nina

Uma semana havia se passado desde a festa do Léo. E nessa semana eu fiz o possível — e o impossível, também — para evitar o Arthur.

Acho que evitá-lo é o melhor jeito dele sair da minha mente.

Depois do nosso quase beijo — o qual eu tive forças o suficiente para evitar —, eu só o vi uma vez na festa, ele estava falando com Léo animadamente.

Hoje eu quase não o vi, a única pessoa que eu vi melhor foi Léo e ele estava com uma cara nada boa. Parecia muito triste.

Hoje não estava sendo um dia muito bom. Por que? Porque está chovendo muito lá fora, e eu odeio chuva.

- Já vai embora? - pergunto vendo Lucas ir em direção da saída da escola.

- Sim. - ele fala sorrindo de lado - Não vejo a hora de chegar em casa logo e me afundar na minha cama.

Sorrio e nos despedimos. Apesar de eu também querer ficar na minha cama o resto do dia e não fazer nada, estou sentindo uma estranha vontade de ir na biblioteca. Sigo o caminho que eu conheço como a palma da minha mão, assim que chego avisto Arthur sentado no chão da biblioteca. Fico confusa de primeira, mas logo meu peito se aperta um pouco ao ver seu semblante triste.

Ele percebe minha presença e lança um olhar rápido para mim antes de desvia-lo para o chão. Deixo minha mochila no canto perto da porta e mordo o interior da bochecha. Vou andando até ele lentamente, sento ao seu lado apoiando minhas costas na parede gelada.

E o meu plano de evitá-lo vai por água abaixo.

Eu não consegui não ir até ele. Assim que ele olhou para mim — mesmo que foi um momento muito curto — senti meu coração despedaçar-se em milhares de pedacinhos.

- Tudo bem? - pergunto em sussurro, mas logo me xingo mentalmente. É claro que ele não está bem!

- Na verdade, não muito. - sussurra de volta sem me olhar.

Engulo em seco antes de respirar fundo.

- Ahn... - pisco algumas vezes. Ficou muito mais difícil falar com ele sem ficar nervosa. Parece que perdi o dom da fala - Você... quer, não sei, desabafar?

E então pela segunda vez ele direciona seu olhar para mim. Arthur sorri tristonho antes de apoiar a cabeça na parede, olha para as estantes e suspira.

- Hoje faz dezessete anos que meu pai faleceu em um acidente de carro... - por um momento esqueço de como respirar, eu não sabia disso - Ele se foi a muito tempo, mas mesmo assim até hoje eu sinto a mesma irritante dor da saudade. - ele fecha os olhos - Eu não o conheci direito e as vezes acho que foi melhor assim, penso que se ele tivesse falecido quando eu já tivesse uns sete anos, eu teria me apegado a ele ainda mais, e a dor seria muito maior do que já é hoje.

- Eu... eu sinto muito. - foi tudo que consegui falar.

- Sabe, ele fez e faz muita falta na minha vida. Quando ele faleceu, minha mãe estava desempregada e não havíamos dinheiro suficiente para nos sustentar. Era muito difícil para minha mãe trabalhar enquanto tinha que cuidar de um filho de três meses de vida. - ele abre os olhos e percebo que eles estão cheios de água - Mas minha tia foi a nossa salvação, ela cuidava de mim enquanto minha mãe trabalhava, nos dava comida e ajudava em tudo que precisávamos. Porém mesmo com toda a sua ajuda, eu ainda sentia falta do meu pai.

Meu peito se aperta mais quando uma lágrima solitária escorre em seu rosto. Eu não sabia como agir, nunca havia o visto assim. Então, eu o abraço, com força. Me dói muito vê-lo assim e mesmo que o meu abraço não cure sua dor acho que pelo menos irá ajudar um pouco.

Eu não fazia ideia que ele havia perdido o pai.

As pessoas têm alguns problemas em suas vidas que até mesmos os mais próximos não sabem.

Ele retribui o abraço descansando a cabeça em meu ombro, fecho os olhos com força quando escuto ele chorar baixinho.

- Eu sinto tanta falta dele... - o aperto ainda mais.

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😭😭😭😭😭

Para todos que perderam alguém importante na vida (assim como eu q perdi meu avô ano passado) saibam que eles estão em um lugar muito melhor agora e que eles te amam muito.

Capítulo mais curto pq eu não gosto de coisa triste.