Anseio

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Ainda naquele mesmo dia, o trio retornou à escola para a finalização burocrática de sempre: entrega de material apreendido, relatório e pagamento. Nada fora do comum. O que diferenciava era para onde iriam em seguida e toda a aura feliz que havia se espalhado pelos demais alunos.

Esse era um sentimento raro de se contemplar em grande escala para pessoas com a mesma carga de horrores que eles aguentavam. Felicidade. Algo fácil de se desistir em um mundo como esse, mas que de certa forma ainda conseguia manter suas ramificações presentes e desabrochar eventualmente.

O motivo era bem simples dessa vez. Foram capazes de conquistar uma brecha no conturbado período de crises do verão e os alunos se reuniram para aproveitar a ocasião em um festival de Yokohama.

Gojo, particularmente, não entendia como algo assim podia provocar uma melhora tão significativa no humor geral, mas reconhecia que ele era uma das poucas exceções que não se sobrecarregava com o trabalho duro e tinha pausas mais frequentes. Uyara e Geto eram voluntariamente arrastados para cada um de suas típicas fugas de responsabilidade e embora cada um deles sempre compensasse por todo o tempo perdido, isso não os impedia de ouvir a resposta que esse comportamento gerava nos demais.

Sempre haveriam exclamações sobre o favoritismo explícito, sobre o tratamento diferenciado e sobre como deveriam largar as próprias responsabilidades nas mãos deles para que lidassem com a merda sozinhos, já que eram tão melhores. O portador dos seis olhos não se importaria de ficar com toda a carga se fosse necessário, mas achava que dizer isso em voz alta apenas os ofenderia.

Claro que ele fez questão de falar sua opinião exatamente por isso, o que os lavava de volta ao ponto de que não eram exatamente bem vindos na reunião de confraternização. Mas eles iriam mesmo assim porque ninguém podia impedi-los! E porque Satoru não contou aos dois amigos de que, teoricamente, a maioria dos outros não queria vê-los por lá.

Não estragaria a empolgação muito explícita (no caso de Kioku) ou muito contida (no caso de Suguru) apenas por uma falha de comunicação amistosa. Ele tinha quase certeza de que Shoko não o julgava e que Kenny não possuia os critérios de valorização japoneses para se incomodar, o que levava a Utahime ser convencida a se aproximar, mesmo o detestando, por causa de seu interesse óbvio no estrangeiro.

Além disso, também poderiam contar com os primeiros anos Nanami e Habaira, que eram seus kouhais* preferidos. O primeiro era mais travado que uma porta, algo que sempre motivava suas melhores provocações, enquanto o segundo era um pedacinho do céu e se parecia com um bolinho de arroz. Não poderia ser tão ruim.

O senso de respeito a privacidade de Uyara o salvava em momentos assim, quando fazia merda e não queria que ela descobrisse. Algo raro, considerando que ela normalmente participava das merdas, mas nunca negaria o quão útil era que um poder tão absurdo houvesse se manifestado em alguém responsável o suficiente para lidar com ele mantendo níveis aceitáveis de ética e moral.

Não poderia dizer que concordava, ele aproveitaria muito melhor se estivesse no lugar dela, no entanto, não a impediria de manter aquela essência correta por todo o tempo que conseguisse aguenta-la. O mundo provavelmente seria um lugar melhor se mais pessoas assim existissem.

Para evitar qualquer encontro indesejado com arruinadores de ânimo, Gojo propôs que seria melhor se arrumarem em sua casa antes de viajarem. Até se teleportou com as vestimentas festivas de cada um para lá como forma de evitar contradições. Tudo bem que destruiu o vestido da brasileira no processo, mas ela sempre preferiu que ele tomasse a responsabilidade de escolher suas roupas, já que seus olhos e sua paciência para isso era infinitamente superiores (além de que seus fundos monetários eram muito mais gordos). Então não achava que seria um problema aparecer com algo completamente diferente do que era o esperado.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum