Retaliação

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Essa deveria ser uma noite tranquila, sem mais perturbações e maldições enchendo o saco. Mas não, alguém tinha que liberar um espírito vingativo em uma área muito habitada para atrapalhar a sua vida. Sua fala garantindo que não teria problemas em ficar com toda as responsabilidade era uma mentira enorme agora, ele não queria essa merda, não quando havia finalmente conseguido iniciar uma etapa muito mais interessante de sua vida amorosa. 

Gojo não julgava Utahime por sua escolha de ajuda, não muito e nem em voz alta pelo menos, não havia de fato pessoas mais qualificadas e disponíveis para lidar com isso nesse instante. Ninguém que pudesse ajudar teria chegado até lá tão rápido quanto eles fizeram, o que com certeza garantiria que um número menor da população fosse afetada.

Geto foi buscar por Shoko, enquanto ele e Uyara ficaram com o contra-ataque imediato. O controlador de maldições demoraria apenas alguns minutos para chegar na fonte do caos com a curandeira e definitivamente não teria a possibilidade de destrui-la na viagem de ida.

Sua expressão ao levantar a amiga de infância em seu colo como uma noiva, pronto para teleportar, ainda estava gravada em sua mente mais desperta. Suguru parecia ser capaz de amaldiçoa-lo naquele instante, pela ideia estúpida de expor a mulher a esse risco quando nem mesmo conseguia garantir a segurança de transporte para roupas.  

Era de sua crença, assim como tinha certeza que também fazia parte da de Kioku, que o rapaz deveria aprender a lidar com o fato de que ela era quase tão forte quanto os dois e que nada de ruim poderia lhe acontecer enquanto estivesse com pelo menos um deles. Ela também pode sobreviver normalmente com a ausência de alguns braços e pernas na pior das hipóteses, mas isso não vem ao caso, porque nem fodendo que Satoru deixaria ela se machucar.

Para provar seu ponto, ele desapareceu antes que algum deles decidisse questionar a sua capacidade. Reaparecendo logo em seguida a poucos metros de uma cortina erguida as pressas, de onde já podia ouvir o pandemônio que se passava lá dentro.

O peso conhecido da brasileira ainda estava em seus braços e apenas para manter a consistência tranquila, seus olhos se moveram por aquele belo corpo para confirmar se não tinha deixado nada para trás. Sapatos, pernas (Gojo não queria pensar em onde exatamente sua mão estava segurando naquelas extensões de carne, porque o dever deveria vir antes dos hormônios e ele já estava a um passo de ignorar isso), vestido, barriga, braços, busto. É, tudo em ordem... Tudo bem, aquele sangue não deveria estar ali.

Onde estava sua cabeça?

O grito que saiu de sua boca não tinha nada de agradável dessa vez e sua primeira reação foi atirar aquele corpo para longe, voltar e dar algum jeito de grudar a cabeça de novo antes que suas conexões a abandonassem e... sua memória lhe garante com quase certeza que cadáveres recém decapitados não conseguem rir.

- Nossa eu imaginei que você designaria mais respeito aos mortos. - A desgraça de sua existência falou, levantando-se do chão onde seu desespero a jogou. Ela estava meio torta pelo impacto, mas inegavelmente bem e inteira.

- Uyara eu juro que vou ter um ataque cardíaco qualquer dia desses e você vai ter que lidar com o fato de que causou a minha morte com uma dessas merdas! - Seus dedos apertaram o ponto de seu nariz entre os seus olhos, alguém disse um dia que isso servia para diminuir o estresse, mas não funcionava muito bem aparentemente.

- Você voltaria como espírito vingativo para me atormentar depois, não sei com o que está se preocupando.

Tudo o que ele já refletiu em parágrafos passados sobre o quão legal era alguém assim ter esse tipo de dom foi retirado agora.

- Eu me arrependo de ter estragado a menina doce que veio roubar a minha paz quando era criança. - Seu resmungo veio acompanhado de um olhar feroz, que a avaliava secretamente para saber se realmente estava tudo bem.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroWhere stories live. Discover now