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Dentre todas as responsabilidades de sua vida, provavelmente, atuar como chefe do clã Gojo era a que mais tardou a assumir. Não que não estivesse ciente de como tudo funcionava nesse aspecto e não deixasse os protegidos comendo em sua mão desde bem cedo, mas mesmo assim os mais velhos ainda tendiam a vê-lo como um moleque idiota e fazia pouco tempo desde que, de fato, tomou as rédeas do controle e enturmou-se nesse ambiente insuportável da política.

Em parte, considerava divertindo ver como a maior parte daquelas pessoas tremia de medo e raiva em todas as vezes que participava de suas reuniões chatíssimas. Mas também havia muitos deles que o olhavam com um orgulho que não sabia como lidar, embora fosse apenas mais da idolatria de sempre. Os últimos citados pelo menos eram úteis, o apoiavam.

Obviamente seu próprio clã foi o primeiro lugar que fez mudanças significativas na forma com eles passariam a enxergar o mundo. Era o todo poderoso e eles lhe davam moral para fazer esse tipo de coisa, não foi muito difícil.

Os Gojos eram uma família muito antiga e poderosa demais desde que começaram a existir, portanto Satoru supunha que parte do fato da adaptação ocorrer bem, vinha do detalhe deles estarem desesperados com o quanto haviam declinado nesse aspecto nos cinquenta anos anteriores ao seu nascimento.

Cada um deles ansiavam por um líder de verdade, que os eleva-se aos patamares antigos.

Mesmo os anciões, que não gostavam de sua pessoa, não podiam negar que ele era o melhor feiticeiro do clã desde a era de ouro do jujutsu. É claro que faria um bom uso desse senso comum.

Porém as matriarcas casamenteiras ainda eram um verdadeiro incômodo. Podia-se dizer que até havia melhorado seu teleporte com o único intuito de desaparecer sempre que conseguia sentir uma delas chegando perto.

Inicialmente se ressentia delas pelo preconceito muito explicito com a nacionalidade de Uyara e por como elas reprovavam a proximidade dos dois, por sua amiga ser uma ameaça a integridade da linhagem da família. Agora se ressentia porque, com o respeito a sua opinião de chefe sobre o assunto, Kioku aparentemente se tornou a esposa ideal e tinha certeza que poderia encontrar roupinhas de bebê feitas a mão para os filhos deles em algum lugar.

Enjoava-se por esse comportamento pois sabia que a brasileira tinha pavor a ideia de gerar uma criança e, principalmente, por ser óbvio que, a partir do instante em que a ideia de como um herdeiro que misturasse os poderes dos dois poderia ser benéfico surgiu, nenhuma delas continuou a ver a mulher como uma pessoa. Apenas como uma vaca reprodutora.

A amaldiçoadora de mentes tinha essa tendência de sempre fazer mentes inferiores enxerga-la assim e gostava de explorar a expectiva alta associada a tal visão ridícula. Não era diferente agora, mesmo que não tenha sido proposital na atual circunstância.

Ele estava observando-a de longe, apoiado à porta da biblioteca, enquanto ela comandava seu batalhão de puxa-saco pelas diversas colunas de arquivos antigos em busca de algo que a orientasse em sua missão. O que teoricamente deveria ser uma tarefa dela, mas sugestões sobre a consideração de um tratamento de fertilidade logo após casamento podiam mover o mundo.

Satoru nem sabia que haveria um casamento. Entretanto, sabia que acabaria sendo arrastado para o trabalho se não houvessem outras pessoas tão ansiosas em servir sua suposta noiva, então deixou que elas imaginassem o que quisessem e não negou nada.

Começava a desconfiar que teria que antecipar o pedido pela mão da amiga se quisesse que o clã não fizesse isso antes dele.

Uyara estava sentada confortavelmente, bebendo chá enquanto treinava três pupilos e comia os doces que as cozinheiras trouxeram para agrada-la.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroWhere stories live. Discover now