Paz artificial

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(Esse capítulo contém conteúdo sexual +18)

Alguém deveria ter avisado-o que crianças eram confusas de lidar.

Estava fazendo um bom trabalho, na medida do possível, mas não podia deixar de pensar que deveria ter planejado essa situação de uma melhor forma antes de chegar a esse ponto.

Não que estivesse presente o suficiente para ter falhado em muita coisa, estava no quarto ano da escola jujutsu e sua agenda continuava horrivelmente lotada. Tanto quanto o ano anterior ou até mesmo em um patamar pior.

O alto escalão o culpava por Geto ainda estar vivo e estava desenvolvendo dificuldades em não mata-los por isso. Seu autocontrole era testado todos os dias e haviam poucas coisas que o mantinham domesticado, na linha.

As crianças eram uma boa distração quando conseguia voltar para casa. Importunar o garoto Megumi aquecia seu coração e sua irmã não era alguém ruim, embora fosse completamente desinteressante.

Agir como tutor era divertido, de certa forma. Porém não sabia o que estava fazendo na maior parte do tempo e detestava não estar no controle das circunstâncias.

As vezes ele pensava que seus melhores amigos teriam lidado melhor com isso. Eles saberiam como conviver com os pirralhos e tornar a existência deles algo útil.

Mas Suguru agora era um genocida procurado e Uyara estava ocupada demais com as coisas de adulta dela para o ajudar.

Sinceramente se ressentia da brasileira por sua distância. Sabia que ela estava viva, que sua transgressão ocorreu bem, porém, fora isso, a mulher mal encontrava tempo para conversarem, mesmo meses após ter retornado ao convívio social.

Em parte sabia que estavam com a mente fodida por causa de Suguru. Não duvidava que ela também estivesse com o coração ferido e que não sabia o que fazer com isso, como ele.

Não seria surpresa se os superiores dela também cobrassem que perseguisse seu amor e garantisse que não houvesse mais vida em seu corpo. Essas pessoas estavam fora demais do mundo de entendimento mútuo que possuíam para chegarem perto de adivinharem como se sentiam.

Provavelmente ninguém entendia que não consideravam o ato de Geto como uma iniciativa completamente condenável, apenas achavam sua ambição estranha, burra e distorcida. Algo que sabiam que falharia considerando sua forma de execução.

Não que não odiassem a ideia de matar inocentes, esse era o tópico que os impedia de apoiarem a loucura do controlador de maldições, apenas concordavam que o amigo se perdeu muito com relação a real solução para os problemas da sociedade de merda em que vivem.

Os dois possuíam uma falta de humanidade característica das posições de poder que nasceram para possuir, podiam ser frios ao ponto de contemplarem ideias sem se importarem com o peso das vidas que os planos custariam. A diferença é que escolheram não fazer isso.

O que os lavava ao ponto atual, duas das maiores forças da humanidade perdidas em seus próprios mundos como se o eixo de suas vidas houvesse mudado e não fossem capazes de endireita-lo novamente.

Patético.

A sensação de solidão e abandono que apertava seu coração era simplesmente ridícula, mas ainda era real e ainda estava o sufocando mais do que podia conter.

Se pelo menos Uyara estivesse ali...

Talvez as coisas fossem mais suportáveis e não parecesse que também haviam rompido o vínculo que os unia. Talvez o vazio de sua própria existência não fosse tão assustador.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora