Liberdade

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Eu adicionei um breve vocabulário nos capítulos anteriores, caso estejam interessados em ler. ^-^

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Uyara lhe contou que, quando voltou para o Brasil, após o pedido de casamento, ela foi recebida com uma grande festa em comemoração a sua união oficial ao clã Gojo.

Nenhum dos dois haviam contado aos respectivos polos familiares sobre estarem noivos, mas o povo dela já sabia. Simplesmente já sabia.

Como se isso fosse algo previamente descido como útil e não fosse nada surpreendente.

As vezes Satoru se esquecia que eles, ou pelo menos o líder deles, sabia de cada ponto decisivo da historia futura e que não havia nada novo para ele.

Sua amiga comentou sobre isso depois de voltar. Estava encolhida no chão, isolada, fumando um cigarro que não tinha ideia de como ela conseguiu. Parecia precisar desesperadamente da presença de Geto para se acalmar.

- Quando Suguru nos traiu e nos abandonou, eu pensei que isso significava que a sequencia de eventos do mundo havia mudado. - A mulher disse, um tanto letárgica. - Não é comum, mas é algo que pode acontecer. - Ela balançou a cabeça, rindo de uma forma triste. - Ainda estamos na mesma merda!

Kioku se sentia refém de um futuro certeiro que ela sabia que ainda aconteceria. Seu propósito, a razão de sua existência. Ele começou a entender que a amiga nunca foi alguém livre, não apenas por suas amarras de contenção, mas porque ela foi acorrentada a um fragmento de historia que seria o clímax de sua existência e não importava o que fizesse, sempre acabaria do mesmo jeito.

Ela não era como seus colegas patriotas, que existiam como um conjunto de ações para a formação de eventos coletivos que impediriam a ruína da humanidade. Não, a amaldiçoadora de mentes era a protagonista de um fenômeno apocalíptico que destruiria todo o planeta, um detalhe da historia universal que aconteceria independentemente de suas ações, mas que só através dela teria um final agradável. 

Estava nas mãos dela o poder de vencer e evitar essa extinção em massa, ela não podia falhar, a porra do mundo inteiro dependia daquele um segundo. Esse era o peso que sempre carregou, qualquer erro, qualquer chance de se libertar dessa responsabilidade, significava que a vida acabaria por seu comportamento egoísta.

Talvez fosse por isso que Uyara nunca tenha se importado que seu agora noivo ou Geto fossem mais fortes que ela. Porque se ela não era a mais forte, ou se não era a única nesse posto, significava que o fardo não precisava ser encarado solitariamente, que outras pessoas poderiam ajuda-la.

Mas também implicava que, se Satoru e Suguru eram mais fortes que ela, o sentido de terem permitido que ela desenvolvesse tanta intimidade com eles era único e especifico: conseguir passar por suas defesas e extermina-los antes que conseguissem reagir.

O deus mortal não queria pensar sobre como ela sempre considerou o controlador de maldições como um aliado querido, tanto agora como no passado. Não queria nem imaginar o que aquilo implicava.

Embora supunha que fizesse sentido. Sabia que eventualmente poderia se voltar contra a humanidade e, sinceramente, não havia melhor pessoa para impedi-lo do que a amiga de infância. O seu eu de agora estava satisfeito com isso.

Só continuava a perturba-lo o fato de que Kioku acreditava que morreria em um sacrifício heroico pelo bem do planeta Terra.   

- Vamos nos casar nos termos antigos. - Ele anunciou, de repente.

- ...o quê? - Ela lhe olhou com estranheza. - Estou falando sobre o fim do mundo. Você pode, por favor, deixar para discutirmos os detalhes do casamento depois do meu momento de angustia autodepreciativa?

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroWhere stories live. Discover now