Prologue

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A Primeira Guerra Bruxa deixou cicatrizes profundas no mundo mágico.

Uma cicatriz de raio na cabeça de uma criança inocente. Uma cicatriz no coração dos bruxos por suas perdas. Uma cicatriz no mundo bruxo por todo o caos causado pelo Lorde das Trevas.

Harry Potter perdeu sua família.

Therion e Canopus Black perderam o pai.

Remus Lupin perdeu tudo o que mais amava.

Pelo menos, alguns deles puderam encontrar apoio um no outro. Nem tudo era uma causa perdida.

A dor de perder todos os seus amigos devastou Remus. Ele chorou. Gritou. Quebrou tudo em sua casa. Descontou toda sua dor em cada objeto que apareceu em sua frente. Não via mais nenhum sentido em continuar ali.

Sua vida sempre foi miserável. Sempre sentiu-se horrível. Um monstro. Seus amigos eram seu único apoio. A única coisa que o fazia sentir-se uma pessoa de verdade. Alguém que merecia ter uma vida como qualquer outra pessoa. E ele perdeu isso.

Mas ele não era o único a ficar sozinho.

Harry Potter foi levado para a única família restante, os parentes trouxas de sua mãe.

Aos gêmeos Therion e Canopus, filhos de Sirius Black, somente restou Remus, padrinho escolhido para o gêmeo mais novo. Ficar com qualquer outro Black estava fora de cogitação.

Lupin estava profundamente magoado pela traição de Sirius. Saber que ele entregou os amigos que tanto o apoiaram de bandeja para Voldemort o devastou. E ainda matou Peter. Não conseguia imaginar como ele pôde fazer isso. Ficou profundamente magoado. Ele acreditava que Sirius era uma boa pessoa, diferente do restante de sua família.

A traição de Sirius doeu em Remus mais do que qualquer um poderia imaginar. Ninguém imaginaria o quanto aquilo o machucou e quebrou seu coração em mil pedaços.

Mas aquelas pobres crianças não tinham culpa. Não sabia como cuidar de uma criança, muito menos duas. Além de tudo, era um lobisomem. Porém, se dispôs a tentar. Ele era tudo que eles tinham. Eles eram tudo que ele tinha.

Tudo que restou dos Marotos.

— Calma, calma. Tio Moony já chegou. — Remus deixou as duas mamadeiras sobre a mesa de centro da sala de estar e pegou os bebês que choravam.

Ele se sentou no chão com os dois pequenos garotos em seus braços e deu-lhes as mamadeiras. Um suspiro cansado deixou seus lábios, enquanto se escorava no sofá atrás de si. Ficou apenas observando Therion e Canopus beberem o leite quente que ele havia acabado de preparar, enquanto sentia as mãozinhas pequenas sobre as suas tentando também segurar as mamadeiras.

Fechou os olhos por alguns instantes, tomado pela exaustão. Aqueles dois bebês de quase três anos sugam toda sua energia. O lado bom de tudo é que eles ajudavam a não pensar muito na guerra, embora às vezes, quando olhava para eles, imediatamente se lembrava de Sirius.

Não sabia se era algo bom ou ruim, mas eles eram muito parecidos com o pai. Possuíam a mesma energia de Sirius na escola, sempre prontos para alguma coisa. Corriam pela casa rindo e gritando, sempre brincando até se cansarem e caírem exaustos para uma soneca antes de recomeçar tudo outra vez.

Se perguntava se Harry estaria bem. Ele nunca mais teve notícias do filho do falecido casal de amigos. Esperava que estivesse realmente bem.

— Se vocês crescerem tão arteiros quanto seu pai, estarei muito encrencado  — disse Remus, olhando para os meninos que agora estavam sentadinhos à sua frente, entre suas pernas, murmurando com as mãos na boca. Já estavam de barriguinha cheia e prontos para brincar.

— Yey! — Canopus exclamou, erguendo as mãozinhas para o alto.

Lupin sorriu imediatamente.

— O que foi, rapazinho? Você está feliz hoje, hm?

O homem começou a beijar o rostinho do bebê e fazer cócegas. Canopus riu alto. Logo o ataque partiu para seu irmão, que ria tão alto quanto.

Therion colocou suas pequenas mãos no rosto de Remus, que apenas riu e beijou o narizinho dele. Os olhos azuis cinzentos brilhavam como pequenas estrelas. Estrelas brilhantes que iluminavam a escuridão solitária que existia no lobisomem desde que tinha quatro anos de idade.

— Papa — o garotinho chamou.

— Você também sente falta dele, não é? — Remus sorriu triste, sem mostrar os dentes. — Papai está longe demais de nós agora.

— Papa! Papai! — Canopus começou a chamar, se jogando sobre Lupin.

Ele aconchegou os dois garotinhos em seus braços, imaginando o quanto deveriam sentir falta do pai. Sentia muita falta também. Sirius era um de seus melhores amigos, gostava demais dele.

Demais mesmo. Mais do que queria admitir.

Aqueles garotos eram tão pequenos e já haviam perdido tanto. Não era justo. Não foi justo Sirius não pensar neles antes de trair os Potter.

Em alguns momentos, ele sentia raiva por isso. Principalmente quando os gêmeos chamavam pelo pai. Ele amava demais aquelas crianças e não gostava de vê-las sofrer.

— Eu sempre vou estar aqui com vocês — sussurrou enquanto acariciava os cabelos dos garotos.

Remus só não percebeu que, naquele momento, não era a Sirius que os bebês chamaram, era ele.

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