XXI. Deception

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— É muito conveniente você perder sua varinha justamente naquele momento — disse Snape desconfiado.

Remus suspirou, revirando os olhos. Três dias haviam se passado e Snape parecia convencido de que Lupin deixara Sirius fugir de propósito e ainda dera sua varinha de muito boa vontade, sendo que havia deixado ela cair quando escorregou e não a encontrou mais. Não duvidava que Sirius a tivesse pego.

Terminou de beber sua poção e pousou o cálice sobre a mesa. Encarou seu colega professor e velho conhecido de escola, levantando-se da cadeira em que estava sentado, devagar, ajeitando sua roupa com uma única mão. Seu braço esquerdo estava enfaixado com um tipóia com uma contusão por causa da queda durante a perseguição.

— Sinto muito se não acredita, Severus, mas é a verdade.

— Eu não esperaria algo diferente de você e daqueles pirralhos insolentes — falou Snape em tom de desprezo. — Eles não são tão diferentes do Black.

— Você deveria superar essa velha rixa, Snape, ao invés de descontar nos garotos. Aliás, caso goste de saber, apesar de tudo, Poções ainda é a matéria preferida do Therion — retrucou Remus. — Muito obrigado pela poção. Agora, se não se incomoda, eu tenho uma aula em 15 minutos. — Ele deixou sua sala, sendo seguido por Snape.

— Dumbledore disse que…

— Um braço machucado não irá me impedir de dar uma aula, principalmente se você for me substituir. Sei bem o que tentou na última vez, embora eu agradeça por me livrar de uma aula bastante desconfortável — interrompeu a Snape e olhou-o uma última vez. — Pode dizer a Madame Pomfrey que ela poderá me dar uma bronca depois. Tenha um bom dia!

Dito isso, ele tomou caminho até a sala de aula. Um suspiro deixou seus lábios enquanto mais uma vez sua mente era inundada por pensamentos de três dias antes. Não parava de pensar nas palavras ditas por Sirius, e ter que repetir tudo o que aconteceu várias vezes não ajudava, mesmo que não mencionasse o que ele dissera.

Depois que ele desfez o feitiço petrificante lançado em Therion, ficaram ali no gramado até Dumbledore chegar com Canopus e Harry — que seguiu-os depois que passaram pela comunal da Grifinória. O garoto se jogou sobre o pai e o irmão, preocupado e assustado. Foi difícil mantê-lo calmo e convencê-lo de que sua lesão não foi obra direta de Sirius e que ir atrás dele era loucura.

Harry relatou tudo o que aconteceu no dormitório. Quando ele voltou e chegou ao seu quarto, ouviu barulhos. Escondeu-se embaixo de sua capa de invisibilidade e viu Sirius entrar no cômodo armado com uma faca e seguir para a cama de Rony.

Naquele momento, tomado pelo impulso e a raiva, enquanto o amigo gritava assustado, ele atacou Sirius com um feitiço que o acertou, mas Black conseguiu correr e escapar no momento em que Remus chegava. 

O garoto estava ainda mais irado e furioso com o assassino, decidido a encontrá-lo e matá-lo quando tivesse a chance, principalmente ao ver que seu professor favorito se machucou ao ir atrás dele e descobrir que ele havia petrificado Therion. 

— Que tipo de homem ataca o próprio filho?! — indagou naquele momento, irritado. — Desculpa, Therry, sei que não gosta de ser referido assim. 

Remus ficou na ala hospitalar por um dia inteiro sob os cuidados de Madame Pomfrey, enquanto toda vez que pregava os olhos revivia aquele momento. Não parou de pensar em Sirius durante os dias que se seguiram.

Quando voltou para seu quarto, ele se viu desabando na cama e chorando enquanto olhava para uma foto dos quatro Marotos reunidos no 5° ano, o mesmo ano em que Sirius disse aquela mesma frase pela primeira vez.

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