XXX. Broken in Ruins

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Remus acordou sentindo-se bastante revigorado naquela manhã, como não acontecia há um tempo. Bocejou e alongou os braços após sentar-se sobre o colchão, observando os raios de sol adentrando a janela pela fresta da cortina.

A luz refletia no piso amadeirado e chegava até a cama, iluminando os cabelos loiro-escuros de Lupin com um brilho de dourado. Os fios estavam emaranhados numa grande bagunça, com pontas em várias direções.

Ele passou as mãos por seu rosto, espantando todo o sono que ainda restava. Sentia como se houvesse dormido um dia inteiro de tão exausto que estava quando deitou-se na noite anterior, sequer percebeu quando pregou os olhos. Fora um dia cansativo em uma falha procura por um novo emprego.

Já estava no aguardo de muito mais dias como aquele até conseguir. Parecia ainda mais difícil.

Um pequeno sorriso espontâneo surgiu por entre os lábios de Remus ao ver o enorme cachorro sentado ao lado da cama deitar a cabeça em seu colo. Olhou rapidamente para a porta, encontrando-a entreaberta.

— Bom dia, Padfoot — falou.

Sirius tomou sua forma humana e sorriu fraco para Remus, que encarou seus olhos fixamente.

— Bom dia, Moony.

— Há quanto tempo está aqui?

— Um tempinho, mas decidi te deixar dormir — Sirius respondeu, sentando-se ao lado do Lupin. — Dormiu bem?

Remus assentiu, sem desviar os olhos dos de Black. Tê-lo ali todas as manhãs era ao mesmo tempo estranho — pelo tempo que ficaram longe — e reconfortante.

Parecia que havia usado um vira-tempo e voltado para 1980, quando ele e Sirius acordavam um ao outro com o café da manhã pronto depois de um deles ficar de plantão para verificar os gêmeos durante a noite. Sempre sentiu falta daquela época, mas nunca se deixou admitir; era demasiado doloroso pensar nisso tendo em vista que Black fora condenado depois de trair os amigos e matar várias pessoas inocentes.

Pensava nisso todas as vezes que acordou no meio da noite com Canopus chorando sentindo falta de Sirius, ou Therion chamando-o com medo de uma tempestade.

Era bom saber que tudo foi um grande mal entendido e uma armação de Pettigrew, e podia reduzir a imensa culpa que sentiu nos últimos 12 anos por amar alguém que não merecia esse sentimento.

Embora, ainda achasse que deveria continuar a sufocar aquilo no fundo de seu peito, não importa o quão bem ele e Sirius estivessem antes de tudo e que a situação começasse a se resolver.

— Que horas são? — perguntou, a voz ainda rouca pelo sono.

— Dez e meia, eu acho — respondeu Sirius, e Remus arregalou os olhos. Ele deteve-o antes que se levantasse depressa, mantendo-o ali.

— Deveria ter me acordado antes, está tarde!

— Você estava exausto, precisava descansar. Por isso não te acordei.

Lupin suspirou. Ele não costumava dormir tanto, exceto depois da lua cheia.

— Não ouse estragar minha rotina, Sirius. Tenho muito o que fazer.

— É domingo, Moony! Você passou o dia inteiro procurando emprego ontem. Pode se dar ao luxo de descansar um pouco hoje, hm? — disse Sirius, segurando o rosto do outro entre suas mãos.

— Não quando tenho duas crianças para cuidar.

— Pode sim. Os meninos estão bem, não precisa se preocupar tanto.

Remus respirou fundo, segurando as mãos de Sirius que estavam em seu rosto. Analisou-o melhor, percebendo que ainda havia muitas olheiras sob os olhos cinzentos. Conhecia bem aquilo.

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