1. Um garoto quase comum.

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"Tudo estava totalmente congelado, parecia o polo sul, mas era uma cidade cheia de prédios e automóveis pelas ruas. Quando surge outra explosão deixando tudo cheio de ramos e raízes. Os dois elementos naturais secundários se encontram e travam um grande conflito..."

Tudo isso era um sonho que se repetia todas as noites desde que Carlos acabara de completar quatorze anos. E ao acordar o garoto sempre se perguntava o porquê de aquilo estar acontecendo com ele. Será que este sonho esquisito tem algum significado?

Carlos é um jovem muito criativo e inteligente, mas nem todo mundo via suas ideias dessa forma. Alguns o chamavam de louco, pois uma vez, aos oito anos, ele disse que conseguia conversar com seu reflexo na água. Quem veria isso como uma coisa normal? Somente sua mãe, Dra. Jenny que dizia ver isso como um lado criativo da criança. Isso foi a muito tempo, hoje o garoto não contava suas "experiências" fantasiosas a mais ninguém, além de seu amigo Augusto. Então ele deveria guardar este sonho esquisito somente para ele e seu amigo de escola.

Hoje é o primeiro final de semana do mês de março, nestes dias, Carlos, sua mãe e seu irmão de doze anos Deniel, passam o tempo na casa de sua avó materna. Era sempre um motivo para os garotos se sentirem animados, pois sua avó sempre fazia a receita secreta de família, torta de abacaxi com leite. Entre outros fatores como: o grande lago que fica no quintal, arvores altas para subir e grandes moitas para caçarem insetos. Essa era a melhor época do ano para Carlos e Deniel. Neste ano, Augusto foi convidado para ir também.

Arrumando as malas para fazerem essa viagem, Jenny manda seu filho mais velho ir ao mercado comprar alguns salgadinhos e doces para comerem na estrada. Augusto se oferece para ir junto, mas o pedido é recusado pelo amigo. Carlos pega um boné e vai ao mercado da esquina de sua casa. Ao chegar lá, o garoto se depara com o brutamontes de sua escola, conhecido por Montanha. Este que já havia feito diversas crueldades com os outros meninos de sua escola.

Carlos, evita o contato visual com Montanha, mas o monstro percebeu a oportunidade de "encher o saco" do garoto. Era realmente necessária essa atitude? Carlos se perguntava.

-Como vai, perturbado? - Disse o Montanha.

-O que você quer comigo? Cara, não tenho tempo para ser seu alvo de "bullying" hoje. Pode ser outro dia?

-Tua mãe nunca te ensinou a ter bons modos não, moleque? - O brutamontes põe a mão no ombro de Carlos, fazendo os nervos do garoto chegarem ao limite. - Então deixa que eu te ensino.

O Montanha puxa o garoto pelo braço dando um forte soco em sua cara. Atitude essa que faz Carlos ficar inconsciente.

Alguns minutos depois, Carlos abre os olhos e ver que o clima havia mudado, desta vez estava escuro, com nuvens de chuva. O garoto se levanta e lembra de que deveria voltar para casa, pois sua mãe o espera.

Chegando em casa, o garoto é surpreendido por Jenny que nota seu olho roxo e inchado.

-O que foi isso? Quem te machucou?

-Não foi nada, mamãe. Acho que bati em um poste enquanto ia no mercado.

- Carlos, eu sou medica, filho. Lembra?

-Eu já disse que não foi nada, mãe! - Diz o garoto em alto tom.

Carlos sobe a escada que liga a sala ao seu quarto. Chegando ao quarto, o garoto senta no chão próximo a sua cama e cai nos pensamentos de "alto-decepção". "Como eu pude ser tão fraco? Se eu ao menos soubesse me defender..."

-Filho, abre a porta, vamos conversar.

Carlos levanta e abre a porta, mas deixa a mesma expressão de decepção no rosto.

-Eu sei que alguém fez isso, Carlos, mas você precisa me dizer quem foi. Se não fizermos nada, isso pode voltar a acontecer com você ou com outra pessoa. Confie na sua mãe. - Jenny pega na mão do garoto e o abraça.

O único exemplo de coragem que Carlos tinha era sua mãe, o que o fez perceber que mesmo em momentos constrangedores, ele deveria contar a verdade e confiar em Jenny.

-Foi um garoto da minha escola. Chamam ele de Montanha, o cara mais alto e assustador da escola inteira, por isso não lhe contei nada, pois sei que não vai adiantar nada.

-Então devo ir à escola? Ou devo ligar para a polícia?

-Nenhuma das opções, mãe. Deixa isso para lá! Vamos para a casa da vovó ou não? - Carlos sorri e abraça sua mãe. - Por favor, mãe, não precisa se preocupar com isso.

Dito isso, Jenny leva as malas para o carro e agora sim podem ir tranquilos para a casa da avó.

O caminho foi uma feliz viagem de oito horas, muito comum para a família fazer viagens longas. Todos os anos era muito divertido, pois eram feitas brincadeiras de viagens, como a "aponte para o carro vermelho", cantavam muitas músicas e relembravam histórias. Ah, como é bom uma viagem em família.

No momento de abastecer o carro, na rodovia, Carlos espera no carro com seu irmão Deniel e seu amigo Augusto, este que já era visto como membro da família.

Carlos desce e vai a conveniência do Posto de gasolina, compra umas balas e mais salgadinhos para o restante da viagem. O garoto para em frente ao refrigerador onde estavam os refrigerantes e o encara. Demorando alguns segundos, o garoto ver seu reflexo no vidro, chegando cada vez mais perto do vidro, Carlos percebe que era possível ouvir um ruído, parecia vir de dentro do refrigerador, mas o que poderia ser? Será essa mais uma de suas fantasias? Então o garoto bate no próprio rosto dando uns tapas, vai que isso funciona, não é mesmo? Mas não funcionou, ainda era possível ouvir ruídos. Carlos cria coragem e chega ainda mais perto do refrigerador, cada vez que chegara mais perto, mais alto ficavam os ruídos.

-Anda, Carlos. Precisamos continuar a viagem.

Esse foi o gatilho para o Garoto sair do transe.

-Certo, mãe. Vamos.

A mente de Carlos ainda estava sendo levada por aquele momento, ele se perguntava "será que minha mãe também ouviu aqueles ruídos? " Mas o garoto já estava muito assustado para perguntar.

Agora aquela família já estava chegando no seu destino da viagem. Carlos só conseguia pensar na deliciosa torta de abacaxi com leite de sua avó.

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