capítulo 3

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Ao longo do caminho, Hilary vem falando sem parar sobre como estava ansiosa para conhecer os novos alunos.

— Você acha que eles são bonitos, como os garotos daqui? — Ela pergunta otimista enquanto caminhamos.

— Eles quem? — Respondo sua pergunta em um tom tedioso e desinteressante, por não estar prestando atenção no que havia sido dito.

— Os bolsistas. Você estava prestando atenção no que eu disse? — Faz careta.

— Ah, eu não sei. Provavelmente.

Prosseguimos, caminhando na imensidão do extenso campus, enquanto tento desviar a atenção das palavras de Hilary, sobre como eu deveria prestar mais atenção no que é me dito. O caminho era iluminado por uma pequena quantidade de luz. Muito pouca mesmo. Somente alguns postes iluminavam.

Era bem comum que encontrássemos diversos novos alunos, a maioria carregando muitas malas. Confusos, e perdidos. Lembro-me do meu primeiro dia aqui. É engraçado.

Paramos, próximo a algumas pessoas, que conversavam e riam de suas próprias piadas.

Hilary, apoia suas mãos, firmes em meu pulso, me arrastando junto a ela, para perto daquelas pessoas. Ao vê- los de perto, mesmo com a pouca iluminação, reconheço alguns deles. Olívia Bennet, Hanna Astrid, Dawin Walker, Eric Schmid e mais dois garotos. Por mais que os conhecesse, um deles estava sentado sobre as pedras e o outro dava atenção ao celular.

Olívia se encontra assentada sobre a fonte que jorrava água e Dawin está com a cabeça em suas pernas, enquanto Olívia deposita carícias em seu cabelo.

Me afasto, abraçando- me com as mãos. Por que Hilary tinha que parar para cumprimenta- lós? Droga.

A forma em que eles se cumprimentam, com longos abraços e beijos, me faz pensar que não se viam há anos.

— Hilary, você trouxe a sua amiga estra- — Olívia se interrompe, e percebo sua feição em choque, por se dar conta do que iria dizer no final de sua frase. Ela aparenta estar sem jeito, e inclina seu rosto para o lado, evitando contato.

— Eu e Scarllet estamos dando uma volta pelo campus. — Hilary responde.

Deveríamos ir embora... Rapidamente me sinto irritada por Hilary contar o que realmente vamos fazer, e não ter inventado uma mentira, isso poderia nos impedir, de ter que ficar por aqui.

— Por que você não fica aqui, com a gente? — Hanna faz a pergunta que já imaginava que seria dita, uma hora ou outra, por um deles.

Diga não... Por favor.

— Eu gostaria, mas tenho algo importante para fazer.

Como se caminhar um longo percurso só para olhar garotos fosse algo de suma importância. Mas não ligo. Prefiro olhar garotos do que estar perto dessas pessoas. Um suspiro de alívio escapa de meus lábios.

— O que acha de irmos para o quarto do Thomas, vamos dar uma festa de boas vindas, mais tarde. — Hanna sorri enquanto encara Hilary com um olhar um tanto específico. O que me faz chegar à conclusão de que já está na hora de eu e Hilary, nos retirarmos desse ambiente, antes de sermos arrastadas para mais uma festa.

— Acho que já está na hora de irmos. — Digo fazendo um gesto de negação discreto para Hilary, e torço para que ela entenda.

— Qual é Milles, pra quê essa pressa? — Dawin debocha.

— Por acaso você possui alguma fobia de pessoas? — Hanna arqueia às sobrancelhas, exibindo um falso e forçado sorriso. E todos ali dão risada.

Não gosto nem um pouco da forma que ela aborda a situação. Uma vontade colossal se aloja em mim, de deixar todas as coisas que me veem à cabeça saírem, mas sei que isso não acabaria bem. Respiro fundo, e forço um sorriso.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora