capítulo 16

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Eu não sabia para aonde estamos indo. Sei que estamos saindo do campus. Thomas e Brandon, ambos permanecem em silêncio. O carro saiu de vagar, mas logo acelerou. Tudo lá fora não passava de um mero borrão. O ar está ligado. Um frio lancinante invade. Fazendo meu corpo tremer.

Gostaria de pedir para que Thomas desligue, mas não quero dizer nada. Prefiro ficar em silêncio. O celular dele, que pelo o que parece está no bolso, vibra sem parar. Então ele retira e o joga no banco de trás.

Ele está focado na estrada. A essa altura, eu já nem imaginava aonde poderíamos estar. Está tudo escuro lá fora. A única coisa que traz luz, é o farol do carro a nossa frente. A escuridão acenava a diante. Eu a observo. A lua não estava no céu. Não consigo vê- la. Nem mesmo as estrelas. Ao invés disso, posso ver muitas nuvens escuras. Algumas estrilam com os relâmpagos.

Sinto a mão de Thomas atravessarem próximas as minhas coxas. Ele está tentando abrir a pequena "gaveta" que está à frente de mim, mas está com dificuldade para alcançar e dirigir ao mesmo tempo.

Em um gesto generoso, abro- a. Então ele retira de lá uma pequena caixinha branca. Puxa um maço de cigarro, põe em sua boca e logo depois com o auxílio de um isqueiro, ascende. Não deixo de notar meu espanto. Não sabia que Thomas fumava.

— Collin, solte isso. Não ligo se você gosta de sentir a euforia da maconha, mas essa não é uma boa hora para você fumar. — Brandon o alerta.

Seus movimentos com o maço de cigarro, eram ágeis. Ele lançava a fumaça no ar. Tinha um cheiro estranho. Um cheiro que nunca pude sentir antes. Mas não gosto disso.

— Então me deixe dirigir. — ele diz ao notar que ele não irá parar de traçar aquilo.

Ele continua a ignorar Brandon. Apenas encara a estrada à medida que joga a fumaça contra o ar. Ao inalar, protejo meu nariz. O cheiro é insuportável para mim. Não gosto.

— Estou falando sério. Se não faz isso por mim ou você, faça pela Scarllet.

Thomas lançou um olhar imprudente. Posso sentir que ele não gostou do que ouviu. Mas não diz nada. Abre o vidro do carro, e arremessa o baseado para fora. Numa rapidez nada habitual.

— Não sabia que você fumava... — comento.

— Ele é viciado. — Brando responde.

A janela traz uma forte brisa gélida. Meu corpo se arrepia por inteiro. Então me abraço, para tentar controlar o frio. Odeio sentir mais frio que o resto da pessoas. Queria poder ter ao menos um casaco. Eu não saio sem um. Mas hoje tive que sair.

Esfrego as mãos, na falsa ilusão de esquentá- las. Mas não acrescenta em muita coisa. Então assopro-as com meu hálito, que está quente. No entanto, também não adianta.

— Ei, pegue meu casaco. — Brandon estende.

— Não precisa. — não posso aceitar. Está fazendo um frio horrível. Ele não precisa ficar sem seu casaco só porque eu estou sem o meu.

— Não se preocupe, eu não estou sentindo tanto frio assim. Você precisa mais que eu. — oferece ainda estendendo- o para mim.

Meu sangue gelou. Ou você aceita, ou você morre de frio. A voz da minha cabeça alertou. Sem pensar, apanho de sua mão. Cubro- me. Posso sentir a mudança de temperatura. Ainda estou com frio, mas me sinto melhor.

— Obrigada Brandon. — agradeço, sentindo minhas bochechas queimarem.

— Você está vermelha como um tomate. — ele ri. — Olhe para suas mãos.

Então meu olhar recai sobre elas. O sangue parece não estar circulando, ou está circulando apenas nas palmas das minhas mãos. Nós dois rimos um pouco por alguns segundos. Percebo que Thomas fez cara feia.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora