capítulo 47

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ARRASTA PRA BAIXO PRA CONTINUAÇÃO‼️‼️

Me esforcei para enxergar sua feição, coberta pelo o escuro. Ele estava inexpressivo. O cheiro da maconha atravessou o quarto, invadindo minhas narinas. Dessa vez, não era apenas um cigarro.

— Por acaso você não tem modos? Responda.

— O que estou fazendo aqui? Me leve de volta para a escola.

Thomas sorriu amargamente, com o cigarro entre os lábios. Toda aquela situação parecia inacreditável demais pra mim.

— Por que estou aqui? — perguntei de novo, com os pés grudados no chão. Sem movimentos e confusa.

— Porque eu mandei. — Thomas soltou o cigarro ao lado da mesinha. Com os olhos presos em mim, pegou um copo com um líquido avermelhado e levou até a boca para beber.

— O quê?

— Isso mesmo, pêssego.

— Eu quero voltar para a escola.

De fato, eu queria. Não o via há dias, e era estranho encontrá- lo assim, tão de repente. Mas reconheço que não estou tão encrencada. Se estou aqui, com ele, significa que Thomas escolheu me poupar.

— Não irá voltar para a escola. Não agora.

— O que fez com elas? — embora tudo aquilo me deixasse confusa, ainda conseguia manter o foco do pensamento em minhas amigas.

— Nada demais. Uma noite na cadeia não faz mal para ninguém. — posicionou o copo de volta para a mesinha, descruzando as pernas. Atravessou os dedos pelos cabelos, e só então percebi que respingavam algumas gotas. Também pareciam mais pesados. Provavelmente por estarem molhados.

— Eu vou pagar.

Não sabia de onde tiraria tanto dinheiro, mas resolvi não pensar nisso no momento.

— Você acha certo tocar em algo que não é seu?

— A culpa é minha. Deixe elas voltarem pra escola.

Thomas levantou- se da cadeira, vindo até mim. Eu não me mexi, fiquei imóvel até que chegasse tão próximo ao ponto de sentir o aroma forte do seu perfume. Ele estreitou os olhos, abrindo um sorriso sem vida. Empurrou meu cabelo para atrás da orelha. Fechei os olhos, por extinto. Sentir suas mãos me tocando era avassalador. Os dedos dele deslizaram dos cabelos e foram para os pescoço. Thomas me empurrou contra a parede.

— Não. — respondeu.

— Por favor.

— Por que eu faria isso, amor?

— Você fez de propósito?

— Quem sabe.

— Eu quero volt... — cortei a mim mesma quando sem querer, acabei percebendo algo em seu rosto. Não só no rosto dele, como também na camisa branca, manchada por algo avermelhado que mais parecia sangue. Quase não dava para perceber, a claridade presente no quarto era mínima. Apertei os olhos para conseguir enxergar. Assim como a camisa, existiam algumas manchas. Minha visão percorreu até as mãos e o que vi, me arrancou um suspiro silencioso de susto. As mãos de Thomas estavam cortadas, entretanto a corrente de sangue, de acordo com a minha suposição, não foi um corte profundo. Na verdade, eu observei que mais parecia resultado de uma força brusca, como se ele tivesse esmurrado algo exercendo total força. O sangue, coagulado, me dava a pequena impressão que não foi há muito tempo. Dez ou quinze minutos.

— Não irá para a escola hoje. — afastou- se um pouco.

Eu não dei importância no que ele disse. Só conseguia manter a atenção em sua mão. A sensação dolorosa que aquilo me trazia era horripilante. Imaginei em quanta dor ele deve ter sentido.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora