Estou tentando me concentrar a leitura do livro que o professor havia mandando que lêssemos. Mas sou interrompida a cada segundo, toda vez que sinto as bolinhas de papel sendo arremessadas contra mim.
Eles dão gargalhadas a todo tempo. E arremessam ainda mais bolinhas em mim. O professor, parece concentrado demais para perceber,enquanto copia algo na lousa.
— Eu vou recolher alguns materiais. Você ficam aí em silêncio até o horário de saída. — ele diz antes de sair.
Por favor, não me deixe aqui sozinha com eles. Faço um apelo mental.
A sala está quase vazia. Ocupada apenas por mim e mais seis alunos.
Não demora muito para alguém ter iniciativa de vir até mim. Nicolas empurra minha mesa com os pés, fazendo os livros decolarem para o chão e a mesa bater ser atirada para a parede. Rapidamente me encolho na cadeira.
— Olha Scarllet, você derrubou seus livros no chão. — ele diz rindo da minha cara.
— Pegue. — seu olhar recaiu sobre os livros.
Um medo se aloja em meu estômago. Isso não é justo. Não podem me tratar assim. Não podem. Isso é desumano.
— Você não ouviu? Eu disse pra você pegar os livros do chão.
Prefiro ficar paralisada. Não sei como agir neste tipo de situação. E muito menos o que fazer. Sou fraca demais, e me odeio por isso. Talvez devesse obedecê-lo, mas isso não mudaria nada.
— Escuta aqui sua putinha miserável — ele aperta meu rosto com os dedos, me forçando a olhar para ele.
Luto contra as lágrimas, apesar de já estar cansada fazer isso.
Então Nicolas crava suas unhas em minha pele sensível me causando um leve desconforto.
— O que foi? Você quer chorar? — esbraveja. — Diz alguma coisa! Revide Scarllet.
Tento conter a respiração. Uma pequena gota de lágrima desce sobre meu rosto. Eu tentei. Deus como eu tentei não chorar. Mas essa merda toda vai continuar me perseguindo. Eu já não estou instável o suficiente para aguentar.
— Vai pro inferno. — murmuro.
— Então você sabe falar?
— Apenas me deixe em paz. — grito.
— Cele a boca vadia. Você ainda costuma mandar fotos íntimas como pedido de namoro?
Não o respondo. Estou elétrica. Nicolas é tremendo psicopata. Não duvido dele tentar fazer algo comigo. Mas sei que não será o bastante. O que ele poderia fazer de tão ruim com uma garota como eu? Já estou despedaçada demais. Dava pra ver isso em meu rosto.
— Tem belos lábios. Por que não usa pra algo decente? — Nicolas faz um gesto para seus amigos, que entendem o recado. Me forçando a ficar de joelhos perante ele.
— Desabotoe minha calça vadia. — ele diz com um sorriso peverso. — Vou ensiná-la a como usar essa boquinha.
Assim como gelo, eu congelo. E o que tampouco segurava minhas lágrimas, acabara de ceder. Eu dasabo em um choro diante dele. Mal sinto minhas pernas.
Ele não pode fazer isso comigo.
— Aposto que nunca fez um antes. Não prometo que irei ser cauteloso com você. — ele dizia isso com paixão e entusiasmo. — Vamos, desabotoe.
Eu encaro o chão. Cabisbaixo. Meus cabelos curtos, em pedaços, tapam a visão. Aos poucos sinto minha visão dissipando-se. Uma vez que as lágrimas preenchem meu rosto.
ESTÁ A LER
A última noite
RomancePara Scarllet, sua vida deveria ser seguida à risca, com muitas expectativas a cumprir. Ao crescer cercada por muros de colégios internos, obedecendo normas, e prestes a completar dezoito anos, pela primeira vez em sua vida, esteve presa em um mar d...