capítulo 27

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Thomas bateu a porta do carro com força, e eu me assustei. Eu monitorava cada um dos seus movimentos, quando ele e Brian aparentemente começaram a "discutir" lá fora. Depois, os dois entraram no carro ao mesmo tempo.

A loucura de Thomas havia me levado mais longe do que eu normalmente ousava imaginar. Porque nunca gostei de adrenalina, e entrar dentro de um carro, avante a uma corrida, sempre esteve fora de cogitação para mim.

Chequei o cinto de segurança, quando vi que ele estava prestes a sair. Olhei para Brandon e ele não hesitou em demonstrar seu incômodo. A mim restava apenas ficar quieta.

Já estávamos na linha de partida, quando inclinei o olhar para o carro de Lian. Antony estava lá, no banco do passageiro. Ele olhou para mim com desprezo. Passei os dedos nos cílios para ter certeza do que estava vendo. Não havia razão para que ele estivesse feliz comigo. Porque agora, para ele, tudo que importa é Lian.

— Pare de olhar para ele. — Thomas disparou e o vidro da janela fechou- se.

Ele falou como se já soubesse do que Antony disse. Mas isso seria impossível. É claro que ele não sabe. Suspirei pelo nariz, e me preparei. Em uma fração de segundos, o carro acelerou. Só pude perceber quando senti o vento espesso que atravessava a janela do lado de Thomas, balançarem meus cabelos violentamente.

Thomas estava na frente, assim como na última corrida. Mas isso não era o bastante. Eu ainda tinha medo. Um calafrio percorreu minha coluna quando pensei nisso. Seja lá o que Lian está pensando, ele não irá tocar um dedo sequer em Thomas. Não ligo se não tenho nem metade da força dele. Mas eu também sei jogar, e posso fazer ele e Antony se arrependerem de serem sujos.

O carro estava indo a setenta por hora, e só aumentava cada vez mais. Aumentou para oitenta, noventa, cem. Senti aquele frio na barriga. Mas não era uma sensação acolhedora, na verdade, eu estava com medo.

O tecido leve do vestido estava levitando, e eu pesei as mãos sobre ele. Olhei para Thomas, ele não fazia nada, a não ser pisar fundo. Ele estava lindo enquanto fazia isso. Mas afastei isso da minha cabeça, não era nisso que deveria pensar no momento.

E quando fizemos a primeira curva, carreguei a certeza de que iríamos bater no concreto, de que o carro não seria rápido o suficiente para desviar. Fechei os olhos por um instante, e só abri quando vi que nada iria acontecer.

Era impressionante. Impressionante mesmo. Ele havia feito uma curva perfeita. E sua agilidade, fez com que Lian ficasse para trás.

— Está vendo isso? Filho da puta. — berrou Brian no banco de trás discretamente. Está se referindo a Lian.
— Dessa vez, não se desconcentre e comemore antes da vitória. Lian é um merda de sorte. Qualquer descuido vindo da sua parte, pode fazer com que ele ganhe. — aconselhou ele para Thomas.

— Lian está sobre efeito de energéticos. — o rosto de Thomas contraiu, mas ele permaneceu focado.

— Foda- se, que ele morra. — Brian rebateu impaciente. — Traidor inútil. Quando isso acabar, eu mesmo darei uma bela surra nele. Não há um segundo que eu não me arrependa de ter te impedido de matar aquele desgraçado.

— O que merda ele faz com aquele cara?

— Não sei.

O vento uivante, fazia com que meus cabelos embolassem em pequenos nós. Mas no momento, irei esquecer isso. Tudo que importa agora, é que este carro atravesse a linha de chegada primeiro. Fizemos mais uma curva, e dessa vez ouvi o emitir dos gritos. Barulho desnecessário.

— Você sabe, pêssego? — Thomas perguntou sem olhar para mim.

— O que? — ciciei.

— Nos diga Scarllet, o que Lian está fazendo com aquele cara? Acredito que você saiba. — Brian perguntou em um tom seguro. Como se, já soubesse a resposta...

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora