— Ah é? A lua mandou que ela morresse para assim dar fim ao seu sofrimento?
Faço gestos negativos com a cabeça. Não acredito que ele esteja levando tudo isso ao pé da letra.
— Você ouviu o que eu disse? — pergunto a ele, que faz uma cara feia.
— Você disse que ela morreu. Aonde ela está agora? Em um cemitério em decomposição? — estreito os olhos após ouvir. Embora sua pergunta seja um pouco mórbida.
— Não Collin. Ela está lá. — aponto o dedo para uma das estrelas. Mas especificamente para a que está próximo a lua.
Ele arregala os olhos. Parece ter finalmente entendido.
— Então ela agora é uma estrela?
— Sim.
Ele pensa por alguns segundos, antes de dizer:
— Você não acredita nessa fantasia de criança, não é?
Sem querer, acabo me ofendendo com sua pergunta. O que quis dizer com isso?
— Acredito em muitas coisas. — confesso.
Não sei ao certo se vou me arrepender de ter contado essa história a ele. Mas no momento presente, prefiro não pensar muito. Além do que, eu estou com frio, e nenhum dos tecidos que estou enrolada me protegem disso.
— Isso não passa de uma história que a sua irmã inventou de última hora para você dormir.
Sua frase me irritou profundamente. Parece que agora sim estou arrependida de ter contado.
— Ela leu essa história para mim em um livro. — corrijo-o. — Todo mundo acredita em alguma coisa irreal. Hilary por exemplo, acredita em fadas. — deixo um sorriso nascer ao me lembrar desse pensamento bobo que ela carrega.
— Hilary diz que acredita em muitas coisas quando está bêbada. — sua insistência em me fazer parar de acreditar no que gosto me deixa irritada.
Chega a ser cabuloso como Thomas consegue ser calmo em alguns momentos, e irritante em outros.
— Não estou pedindo para você acreditar no que digo Thomas. Acredite se quiser. Como eu disse, é só uma história. — acaricio as folhas da grama.
Então ele levanta- se de onde estava.
— Bom, tenho que ir. Fique aí e morra de hipotermia.
Então sai.
Não o respondo e muito menos olho para ele. Pela primeira vez ficamos por um "longo" período juntos, sem que discutíssemos. Isso foi um grande avanço.
No dia seguinte, é sábado. Acordo pelas fortes batidas em minha porta, e quando abro, me deparo com Hilary. Suas pernas cambaleiam e estão perto de ceder. Por um momento seu corpo tomba para frente. Está obviamente bêbada.
— A minha cabeça vai explodir. — diz antes de entrar em meu quarto, deitando- se em minha cama.
Ela faz um gesto para vomitar, e sua boca enche- se de líquido.
— Hilary, aqui não. — seguro em seu pulso a puxando na direção do banheiro. Ela se ajoelha próximo ao vaso e começa a vomitar sem parar.
Quando acho que está prestes a acabar, ela continua. Aquele processo se repete durante algum tempo. Seguro seus cabelos ruivos até ela vomitar pela última vez, e encostar sob o vaso.
Ela engatinha até a pia e lava a sua boca com água. Me pergunto o que ingeriu ao ponto de estar nesse estado. Hilary caminha de volta para minha cama, deitando- se nela e rapidamente pagando no sono, enquanto se aconchega em meus cobertores.
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A última noite
RomancePara Scarllet, sua vida deveria ser seguida à risca, com muitas expectativas a cumprir. Ao crescer cercada por muros de colégios internos, obedecendo normas, e prestes a completar dezoito anos, pela primeira vez em sua vida, esteve presa em um mar d...