capítulo 45

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Scarllet estava mesmo envergonhada. Ela quase não me olhava nos olhos. Após ter evitado isso por um tempo, ela finalmente, apenas me encarou. Como se esperasse que eu dissesse mais alguma coisa. 

— Acho que quero arrancar mais um pouco do seu fôlego. — apoiei o corpo por cima do seu. — Minha mulher. — sussurro em seu ouvido, a deixando paralisada. Depositei beijos em seu pescoço, usufruindo daquela emanação açucarada existente em seu pescoço. Aquele maldito cheiro de pêssego docinho, que me empurrava de frente para o delírio.

— Você acha que alguém ouviu? — era interessante saber que enquanto eu me preocupava apenas em beijá- la, ela estava preocupada em saber se alguém havia ouvido.

— Pela altura dos seus gritos. — o rosto dela empalideceu.

— O quê?

— Quieta. — falei baixinho em seu ouvido, imergindo cada vez mais em seu pescoço.

— Você acha que alguém ouviu?

— Se alguém ouviu você gritando o meu nome? Provavelmente. — Scarllet processou o que eu disse, e eu contive a vontade de sorrir ao ver as lembranças correrem pela cabeça.

Um medo insignificante atravessou o seu rosto. Ela abriu os olhos, inquieta.

— Está falando sério?

— Calma.

— Mas e se... — calei sua fala, quando grudei meus lábios em sua boca. Afastei e ela finalmente silenciou- se. Naquela exata posição, fiquei encarando sua estética despida. Linda.

— Não há tantas pessoas nos dormitórios nesse horário. E se, por acaso alguém tiver ouvido, não saberão que é você. Associarão a outra garota.

— Como pode afirmar com tanta certeza? — questionou ela.

— Seria inacreditável demais.

— Por que? — encerrei o contato em seu pescoço. Inclinei o olhar para o dela.

— Porque você não sai por aí ficando com todo mundo.

Tracei os dedos naqueles lábios, que mais pareciam serem desenhados. Imaginei que ela estivesse tão perdida em seus pensamentos, que talvez assim não conseguisse perceber que eu a queria beijar. Ela pensou por bastante tempo. Quieta e silenciosa. Pela primeira vez a vi inexpressiva e vazia.

— No que está pensando, pêssego? — perguntei curioso.

— Nada.

De fato, ela pensava em algo. Algo bem distante, e deixava claro que isso envolvia nós dois, toda vez que confessava, com os olhos.

Deixei meus lábios tocarem sua testa, sua bochecha, sua boca. Duas semanas. Duas semanas torcendo para que sequer visse sua sombra.

— O que fez nessas duas semanas? — senti que apesar da sua pergunta, tentou demonstrar não soar hostil.

— Estava viajando.

— Desde quando, exatamente?

— Onde quer chegar?

— É só que... você, você foi... Qual a última vez que foi em meu quarto?

Por seus olhos brilhantes e esperançosos, constatei que ela precisava ouvir a resposta. Umedeci o lábio inferior, pensando em uma boa resposta para aquela pergunta inexorável. Uma resposta, que não a frustrasse tanto.

— Já tem um certo tempo.

— Quanto?

— Eu não me lembro. — menti.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora