capítulo 5

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— Por que você fez isso?

Estou incrivelmente decepcionada. Odeio que outras pessoas usem minhas coisas sem consentimento e odeio ainda mais quando se trata justamente da pessoa que mais irritante que conheço.

— Eu estava bêbada, não foi a minha intenção. Você está brava? — Posso jurar que pela sua voz, ainda está bêbada.

— Não Hilary, não estou brava, mas você poderia ter ao menos dito a ele para me devolver antes. A culpa não foi totalmente sua, mas por causa disso tudo, eu perdi oito pontos. — Explico com calma.

Tenho que falar com calma para ela, normalmente quando ela está bêbada, costuma ficar mais sensível.

Não menciono os outros dois pontos perdidos, já que estes teriam sido resultado das minhas justificativas improvisadas. Obviamente nenhuma amenizou a situação.

Tudo que fiz, foi ficar lá parada. Ouvindo o senhor Herman proferir diversas ofensas sobre mim, na frente de toda a sala. Foi um pesadelo. Algumas realmente eram espinhosas. Mas tive que me forçar a ficar calma. O que mais me deixou chocada, era a forma como ele gritava. Odeio gritos. Apenas lutava para não decair ali.

No final, fui surpreendida pela sua hipocrisia em dizer para que eu não levasse tudo que ele disse para o lado pessoal. Usando uma desculpa esfarrapada, que todo aquele sermão, não passava de um conselho, para que eu melhorasse meu desempenho como aluna.

— Mas suas notas são ótimas, oito pontos não farão falta, Scarllet. E outra, não tinha porquê ele tirar oito pontos de você, ele está abusando do poder.

Como se tirar notas boas fosse suficiente. Se as coisas continuarem nesse desandar, oito pontos (dez) poderão ser o motivo da minha vergonha. Caso continue aumentando e não decaindo.

— Eu sei, mas o que você quer que eu faça? — pergunto, ouvindo a respiração pesada dela, pelo telefone. Ela realmente estava mal.

— Vou pedir a Thomy para falar com ele, é a melhor forma de nos desculparmos com você. — Ela tenta se redimir.

— O quê? Não. Não quero nada que venha de Thomas. — Me apresso em responder.

— Ah, qual é? Você sabe que ele pode dar um jeito nisso, os professores praticamente obedecem ele.

E desde quando eu me importo com isso? Não dou a mínima se ele manda ou desmanda nos professores, diretores ou alunos. Não ligo. Por mim, ele pode fazer o que der na teia, uma vez que esteja bem longe de mim.

Thomas Collin, é filho do dono da rede de colégios do HKS, o que o faz, ser intocável. A verdade é que ele não passa de um babaca, que usa "sua" posição para fazer tudo o que quiser, sem ser repreendido. Afinal, ele vai ser dono de toda a riqueza de sua família um dia. Por aqui, as as regras se aplicam a todos os alunos, exceto, para ele e seus amiguinhos. É claro.

— Não, obrigada. Adeus, tenho coisas a fazer. — Desligo o telefone e o jogo para a cama.

Prefiro não dar tempo a ela, para sua insistência.
Essa conversa não irá recuperar os meu pontos perdidos. Além do que, já não posso fazer nada para mudar isso.

Me deito na cama, puxando o livro que estava lendo, antes de Hilary me ligar. Preciso me manter ocupada.

Nem se estivesse me vendo obrigada a implorar por sua ajuda, eu não faria isso. Depois de ontem, e hoje, o meu ódio por aquele idiota só aumenta. Prefiro ter que lidar com o senhor Herman, do que ser ajudada por ele. Não, isso é demais.

Acordo assustada com o toque do celular, abrindo os olhos com dificuldade, verifico às horas, e vejo que já são oito horas da noite. Atendo a ligação, era um número desconhecido.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora