13. Cada átomo que me constitui

1.9K 108 475
                                    

- E o colar? - falou Genaddy, confuso - Vamos levá-la com ele no pescoço?

- Quando estiver morta o pegamos - respondeu Senka e senti minha espinha congelar.

Antes que eu me desse ao trabalho de processar o que estava acontecendo, aparatamos. Quando me senti livre da sufocante escuridão me vi em uma estradinha rural, as cordas arranhavam minha pele conforme eles me guiavam, de forma grosseira e nem um pouco cuidadosa.

Meus olhos levaram um instante para se ajustar e quando finalmente minha visão se tornou nítida, vi portões com grades de ferro forjado à frente do que me pareceu uma longa aleia. Senti um friozinho de alívio, pois tinha alguma estranha certeza de que Voldemort não estava ali, ainda.

Senka andou até os portões e sacudiu-os.

- Como entramos? Estão trancados, Astreas, não... - sua frase foi cortada por seu susto. Ele puxou depressa as mãos e o ferro estava se torcendo, desenrolando as curvas e caracóis e formando uma cara apavorante, que falou com uma voz metálica e sonora:

- Informe o seu objetivo!

- Estamos com Bennet! - rugiu Gennady, triunfante. - Capturamos S/n Bennet!

Os portões se abriram.

- Vamos! - disse Astreas aos homens, e fui empurrada de solavanco pelos portões e a aleia, entre altas sebes que abafavam nossos passos. Acabei tropeçando por focar minha atenção em um vulto branco no alto da Torre e fui posta de pé, com violência, por Astreas.

- Eu sei andar! - resmunguei, irritada.

Agora avançava, amarrada, mãos contra as costas, com os três me rondando. Entramos então na Mansão e fui empurrada pelo saibro. Uma luz forte nos iluminou e rapidamente olhei para os lados; Harry ainda não estava aqui. Poderia ser mentira... ele poderia não ter sido capturado...

- Que é isso? - perguntou uma fria voz feminina.

- Estamos aqui para ver Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado! - respondeu a voz forte de Astreas.

- Quem é você?

- Você me conhece! - disse Gennady. - Gennady Bennet! Capturamos S/n Bennet!

Então ele agarrou meu braço com hostilidade e virou-me de frente para a luz. Uma exclamação de espanto saiu da boca de Narcisa Malfoy.

- Traga-a para dentro.

Fui meio que arrastada meio que empurrada na subida dos largos degraus de pedra, encontrando-me logo em seguida em um hall com as paredes cobertas de retratos.

- Sigam-me - disse Narcisa, atravessando o hall. - Meu filho, Draco, está em casa passando as férias da Páscoa. Se for a verdadeira S/n Bennet, ele saberá.

- Como não poderia ser a verdadeira? - falou Senka. - A senhora não está vendo o rosto dela?

Narcisa nem se dignou a respondê-lo, seguimos ela até chegarmos a sala de visitas; não pude deixar de perceber a luxuosidade e as enormes dimensões do cômodo. Havia um lustre de cristal no teto e mais retratos nas escuras paredes roxas. Duas figuras se ergueram das poltronas junto à ornamentada lareira de mármore, quando fui empurrada, sala adentro.

- O que é isso? - a voz arrastada de Lucius Malfoy bateu em meus ouvidos. Eu comecei a entrar em pânico: não havia saída, à medida que o medo crescia, minha cabeça pensava nas mil possibilidades do que estaria para acontecer. Voldemort não demoraria muito para vir quando soubesse que estava aqui.

- Eles dizem que capturaram Bennet - informou a voz fria de Narcisa. - Draco, venha aqui.

Olhei então diretamente nos olhos de Draco: ele estava mais alto e o rosto um borrão pálido e fino sob a cabeleira louro-branco. Senka puxou meu braço, me colocando à sua frente.

𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿𝗿𝘆 𝗽𝗼𝘁𝘁𝗲𝗿Onde as histórias ganham vida. Descobre agora